Pedro Abrunhosa atuou ontem, dia 7 de novembro, na Super Bock Arena do Porto, naquela que foi a primeira de quatro noites de concertos, que celebram os 30 anos do álbum Viagens e da sua carreira. Os restantes concertos decorrem nos dias 8, 9 e 10 de novembro, sendo que o músico vai estar em Lisboa, no Meo Arena, dia 23 de novembro.
O espetáculo Viagens 3.0 trouxe ao Porto a junção do passado, presente e futuro, num concerto que visitou os êxitos do artista, atravessando temas conhecidos por todos e, ainda, projetando o som que este promete continuar a trazer para a música nacional. Quem veio apenas pelo álbum Viagens, levou com temas ainda por lançar, convidados especiais e um ambiente que fez tremer a arena.
A primeira noite arrancou com o tema que dá nome ao álbum, com os membros da banda vestidos de branco e Abrunhosa de blazer azul e com os clássicos óculos de sol escuros. Seguiu-se “Lua”, “Estrada” e “Fantasia”, momento em que chamou Cláudia Pascoal para partilhar o palco e, juntos, cheios de química e cumplicidade, percorreram o palco ao som da música e das vozes que se iam aquecendo no público.
“Não tenho mão em mim” deu protagonismo ao terceto de sopros – saxofone, trompete e trombone – mostrando que não é só Pedro que brilha neste concerto.
As novidades começaram a aparecer cedo e o músico apresenta um novo tema – “Glória aos vencidos por amor”. Naturalmente, o entusiasmo na plateia não foi o mesmo, devido à novidade. No entanto, notou-se a atenção e o respeito pelo artista e pela vulnerabilidade que existe ao apresentar um tema que ainda não foi lançado.
“Fazer o que ainda não foi feito” foi o primeiro momento de êxtase do concerto. Surgiu no ecrã a palavra “PAZ” e Abrunhosa afirmou que esta é “a palavra que nos salvará”, pedindo ao público para a gritar ao ritmo da música.
Com a plateia já quente, o artista, num tom ironicamente chateado e intrigado, questiona “como é possível dizer que se vai dar o salto com o rabinho sentado na cadeira?”. A plateia levanta-se e ouve-se “Rei do Bairro Alto”, um tema com um charme muito característico do cantor.
O tom do espetáculo volta a ficar sério quando o músico conversa com o público acerca da difícil situação geopolítica vivida atualmente. “O meu apoio à causa israelita é grande, mas o meu apoio à causa palestiniana é maior”, explica Pedro antes de cantar “Talvez Foder”.
Logo de seguida, foi a vez de se ouvir “Se Fosse Um Dia o Teu Olhar”, uma das melhores letras e músicas portuguesas. A plateia parecia tímida na voz, mas viam-se abraços e algumas lágrimas quando, ao piano e sozinho, Pedro cantou pela última vez o refrão da música.
Entre dois temas, “Será” e “É preciso ter calma”, o músico cantou “Não te Ausentes de Mim”, um tema novo, seguindo-se “Balada da Gisberta”, num momento em homenagem à mulher transgénero que morreu espancada no Porto, interpretado por Paulo Praça na voz e guitarra.
A mais de metade do concerto, Abrunhosa apresentou mais duas canções, “É Sempre Escuro Antes” e “Leva-me para casa”, tema cantado e tocado pelo artista e por Patrícia Antunes e Patrícia Silveira, as suas vozes secundárias, responsáveis por elevar, arrepiar e emocionar aqueles os mais emotivos. A guerra foi novamente trampolim para mais uma canção, “Que o Amor te Salve” e, enquanto se ouvia a voz e o poema de Pedro Abrunhosa, imagens da destruição e sofrimento surgiam no ecrã.
O concerto aproximava-se do fim e foi a vez de serem apresentados mais dois convidados: Mário Barreiros e Leonardo Barreiros, pai e filho, respetivamente. Tendo sido Mário o produtor do álbum Viagens, este esteve em palco, a tocar guitarra, temas como “Mais Perto do Céu” e “Não Posso Mais”.
Surgiu a vontade de dançar em “Acima & Abaixo” vendo-se um público participativo, com as mãos no ar e a bater palmas. Este ambiente manteve-se em “Socorro” e espalhou-se tanto pela plateia como pelo palco.
Perto do fim, Pedro agradeceu a presença de todos e expressou “A honra que é estar aqui”. Foi a vez de se ouvir, e ver, “Ilumina-me”. As luzes dos telemóveis e as palavras “enquanto não há amanhã, ilumina-me” que ecoavam por toda a arena, serviram de mote para a saída do músico.
O concerto estava dado por terminado e vários espectadores evacuavam a arena, mas os restantes aplausos e gritos eram de tal forma chamativos que Pedro voltou para o palco. Não podia ir embora sem interpretar três das suas músicas mais adoradas.
De blazer, às manchas pretas e brancas, cantou “Eu não sei quem te perdeu” e “Braços da Minha Mãe”, ouvindo-se o maior coro do concerto. De modo a encerrar a primeira noite, trouxe novamente Claúdia Pascoal para “Tudo o Que Eu te Dou”, marcando a melhor forma de terminar o concerto.
Pedro Abrunhosa é artista, músico, poeta. Que venham mais 30 anos para celebrar este senhor da música portuguesa.



















