7ª EDIÇÃO BESPhoto 2011 patente ao público em Belém

Reportagem de Clara Inácio (texto e fotos)

Está patente ao público desde hoje, a exposição BESphoto2011, que vai já na sua 7ª edição, no 2º piso do Museu Colecção Berardo, no Centro Cultural de Belém. A edição deste ano conta com a marca da internacionalização, com a inclusão dos países lusófonos.

A exposição estará patente ao público até ao dia 13 de Junho. Depois segue para o Brasil – para a Pinacoteca do Estado de São Paulo, onde é inaugurada a 20 de Agosto e ficará patente até 23 de Outubro.

Na antevisão, que teve lugar ontem, marcaram presença cinco artistas representados: Kiluanji Kia Henda (Angola), Carlos Lobo (Portugal), Mário Macilau (Moçambique), Manuela Marques (Portugal) e Mauro Restiffe (Brasil).

As fotografias de Carlos Lobo foram tiradas na viagem que o artista fez entre 5 e 14 de Janeiro deste ano, a Beirute, no Líbano. A 12 de Janeiro o governo líbio caíu e os militares assumiram um posição de força. Foram instituídas barreiras de controlo, os chamados “check points” e a captação de imagens tornou-se mais difícil e perigosa.

Carlos Lobo é um fotográfo urbano – gosta de fotografar cidades, tenta captar a cidade sem pessoas, daí aparecerem relativamente poucas pessoas nas imagens.

Em declarações ao Canela & Hortelã disse que o seu próximo trabalho é ir fotografar ao Japão, para o qual já conseguiu patrocínios. E em seguida deverá ir fotografar na Coreia do Sul, para terminar a trilogia iniciada com as imagens da China.

Mário Macilau conta que o seu projecto é a tentativa de contar a história da realidade Moçambicana. A primeira sala é composta por fotografias a cores que retratam práticas/rituais religiosos. Os moçambicanos acreditam na cura de qualquer doença pelos meios naturais, têm uma forte espiritualidade. O ponto em comum em todas as imagens é a praia. A segunda sala é constituída por uma série de fotografias a preto e branco que contam a história dos habitantes de um bairro em Lagos, na Nigéria. Bairro este, que foi construído em cima de um lago (“pois a aquisição de terra na Nigéria equivale ao preço de uma casa em Lisboa”, afirmou o artista). A matéria-prima de subsistência é a madeira – é essencial para a construção das casas, para a locomoção e para cozinhar.

Manuela Marques dá-nos duas perspectivas da mesma realidade, de uma forma indirecta, utilizando e “abusando” do Close-Up. O seu trabalho está apresentado numa instalação vídeo e em duas salas. A instalação capta três meninas e dois meninos de rua, que estão parados num cruzamento, fazendo habilidades para subsistirem. As imagens são apresentadas aleatoriamente, através de um programa de computador. O som é manual, não é electrónico.

O trabalho apresentado na primeira sala apresenta fotografias tiradas numa zona de tráfico de crack. A artista mostra esta realidade de uma forma indirecta, utilizando o meio ambiente para camuflar a realidade. São captadas imagens de gente da rua e da forma como a utilizam – as árvores – são os frigoríficos e roupeiros desta gente. Por outro lado surgem retratos oblíquos de indivíduos com dinheiro, alunos de uma escola de teatro.
A artista tenta demonstrar o parelismo entre quem “faz habilidades” para subsistir e os outros que pagam para “aprender a fazer habilidades”.

Por seu turno, Kiluanji Kia Henda faz um trabalho à escala global, tentando encontrar pontos em comum em diferentes partes do globo. A maioria das suas fotos são encenadas, contêm adereços, que normalmente não estão lá. O seu trabalho é de construção da imagem, na busca de novas técnicas e fronteiras.

Já para Mauro Restiffe a fotografia é a oportunidade de captar os momentos significativos da História, do Poder e do Tempo. Fotografa sempre a preto e branco e sempre pelo método analógico e não digital.
As suas imagens de Acapulco têm uma referência cinematográfica, fazendo recordar os filmes dos anos 50 e 60, utilizando o plano e contraplano, onde existe uma grande exposição de cinzento.

A entrada é gratuita e o museu está aberto todos os dias, das 10h00 às 19h00, e ao sábado até às 22h00.

Texto de Clara Inácio
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