Coliseu repleto para o Fado é amor de Carlos do Carmo

Carlos do CarmoReportagem de Madalena Travisco e Joice Fernandes

Depois de todas as salas lotadas por ocasião dos concertos de comemoração dos 50 anos de carreira, Carlos do Carmo voltou a lotar, desta vez, do Coliseu de Lisboa com o concerto Fado é amor na noite de 5 de abril.

Fado é amor é um disco de duetos lançado também no ano em que Carlos do Carmo perfez 50 anos de carreira e em que partilhou temas com intérpretes da nova geração do fado – as minhas meninas e os meus meninos, como Carlos os viria a apresentar neste concerto. Com exceção de dois intérpretes que não puderam participar neste concerto por motivos profissionais, os restantes apresentaram oito esplêndidos duetos e mais oito temas do repertório de Carlos do Carmo cantados a solo.

Os aplausos romperam logo com os acordes do “Lisboa menina e moça” e o público respondeu prontamente ao apelo de acompanhar as palavras do refrão. “Estranha forma de vida” foi a canção que se seguiu antes das primeiras palavras:

“Muito Boa Noite Coliseu. Boa noite Lisboa! Eu começo a ter dificuldade em dizer o que sinto (…) Não tenho outra palavra que não seja obrigado, muito obrigado (…)”.

Gentil, abraça-se naquele jeito próprio e faz pequenas vénias ao mar de aplausos.

Numa viagem com imagens de Lisboa e outros registos da vida e do percurso da carreira, pelo palco passou o fantástico elenco de jovens valores, a quem o Mestre inspirou. Sobre os temas que escolheu para cada um dos “seus meninos” interpretar a solo, Carlos do Carmo não deixou de sublinhar as “voltas” que eles são capazes de dar aos fados, como sinal de apreço à forma como contribuem para a renovação do fado.

Carlos do Carmo “Nasceu assim, cresceu assim” foi o primeiro dueto com Mafalda Arnaulth. O “Fado do 112”, cantado em dueto com Marco Rodrigues, foi um momento especial uma vez que Julio Pomar estava presente na sala e o filme mostrava os apontamentos e as artes do letrista. Aldina Duarte encantou no dueto “Vou contigo coração”. Com Raquel Tavares, o dueto “O que sobrou de um queixume” deixava no ar que o fado é amor. Com Ricardo Ribeiro “Pontas soltas” recordou que beleza causa inveja. “Lisboa Oxalá” foi o dueto com Carminho. Com dança e tudo, ainda que curta, Mariza e Carlos do Carmo dividiram o “Júlia Florista”. E os duetos ficaram completos com o “Por morrer uma andorinha” cantado com Camané.

Fado é (mesmo) amor e os sentimentos de cumplicidade e carinho foram sentidos durante todo espetáculo. Foi uma noite muito especial, não faltando a alusão a Paco de Lucia – que pôs o flamenco no mapa do mundo, a quem Carlos do Carmo pediu licença para oferecer este concerto. Uma dedicatória pessoal também à madrinha de casamento, presente na sala, que estava tão bonita como há 49 anos quando casou com Maria Judite!

O espírito de tranquilidade elevou os temas que não podiam faltar num concerto de Carlos do Carmo: “Bairro Alto”, “Os putos” e “Canoas do Tejo”, este último anunciado como um tema inédito que nunca ninguém tinha ouvido, mas cujo refrão foi entoado por toda a plateia.

No primeiro encore, uma homenagem à Mãe, com um registo de Lucília do Carmo no fado “Loucura” complementado com a voz do filho.

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O melhor, se pudesse haver escolhas, esteve mesmo guardado para o fim. Carlos do Carmo desce do palco e caminha pelo corredor central no meio do público, surpreendendo a plateia. Depois do entusiasmo inicial, as respirações suspendem-se para escutar o “Fado Cravo” à capela.

Carlos do Carmo, com a sala do Coliseu repleta, partilhou o fado e o amor. Fê-lo simplemente com a sua presença e voz. Há gente que fica na história da história da gente…
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