A Comuna Teatro Pesquisa celebra 50 anos de existência, e para assinalar a data preparou uma programação especial, que arranca hoje, com a estreia de A Casa da Bernarda Alba de Federico Garcia Lorca.
Numa encenação original de Hugo Franco, esta produção tem como particularidade apresentar um elenco composto apenas por homens: Carlos Paulo, João Mota, João Grosso, Francisco Pereira de Almeida, Gonçalo Botelho, Luís Garcia, Miguel Sermão e Rogério Vale.
“Imaginando que a Bernarda Alba, quando foi escrita em 1936, simbolizava uma sociedade patriarca, machista, repressiva onde a mulher da família só poderia exercer o seu poder depois da morte marido, ora quando ela finalmente pode exercer esse poder, ela fá-lo sob os mesmos padrões masculinos, machistas e repressivos… isto é complexo.
Até que ponto é que o poder de uma mulher é exercido como ressonância do poder masculino instituído pela sociedade daquela altura?”, diz-nos o encenador.
Com a morte do segundo marido, Bernarda Alba decreta um luto de oito anos em sua casa, de acordo com a tradição da sua família.
As suas cinco filhas adultas, infelizes e amargas, vivem prisioneiras da implacável inflexibilidade da matriarca e pela vigia constante de La Pôncia, a criada.
Angústias, Madalena, Martírio, Amélia e Adela, impedidas de mostrar os seus sentimentos e sexualmente reprimidas, digladiam-se dia após dia, numa tensão crescente que inevitavelmente conduzirá à tragédia.
