A Eletrónica Marcou O Primeiro Dia De Festival Kalorama

Reportagem de Tânia Fernandes

Meo Kalorama
Templo do Som,, por Aka Corleone

Apresenta-se como o último festival de verão de 2022 e abriu portas esta quinta feira, para o primeiro de três dias de musica. A eletrónica, nas suas diferentes vertentes, dominou o cartaz do Kalorama nesta primeira data. The Chemical Brothers foi o grande sucesso da noite. 2 Many DJs com Tiga entra a concurso para o concerto mais pequeno do mundo.

A dupla de DJs era um nomes fortes deste primeiro dia, a iniciar a atuação no palco principal, em simultâneo com os outros dois palcos do evento. Entraram sem grande alarde, quase sem se conseguir perceber se era uma atuação ou música de fundo na transição de palcos. Poucos minutos depois, interromperam a atuação e mesmo com os protestos do público, não voltaram a subir ao palco. De acordo com a organização do evento: “Devido a conflitos de som entre os palcos MEO e Colina, fomos obrigados a interromper a atuação dos 2manydjs b2b Tiga.” Às desculpas pelo inconveniente juntam a promessa de os trazer na próxima edição.

Quem não interrompeu a atuação foram os Kraftwerk que, num ambiente quase espacial, conduziram a multidão numa viagem musical tridimensional. Muniram o público de óculos especiais, que assim puderam dançar e juntar à batida eletrónica as imagens 3D projetadas no ecrã de fundo. O grupo criado em Düsseldorf, em 1970 tem vindo a fazer um trajeto original neste estilo musical, que chegou a tocar o rock, influenciando muitos outros nomes da música. Neste festival, alinharam os seus elementos em palcos, junto a consolas e quase acreditámos nas palavras que passavam no ecrã “We Are Robots”. Parcos em movimentos, mantiveram o foco na musica. Não conseguiram grande adesão do público, talvez pelo início de atuação algo monótono. Os admiradores que ficaram, aplaudiram com entusiasmo cada um dos membros, que foram saindo de forma isolada de palco, na reta final da atuação.

Com os horários alinhados com o previsto, todo o público desceu ao palco principal para vibrar com a atuação dos The Chemical Brothers. A dupla de música eletrónica do Reino Unido, composta por Tom Rowlands e Ed Simons, é bem conhecida do público português. Como é habitual, combinaram a música com a luz e o vídeo. Um concerto libertador, em que o público dançou à vontade, no grande parque da Bela Vista.

Meo Kalorama
Meo Kalorama

O espaço que já é bem conhecido do público nacional, foi reduzido à área central. Despiu-se das áreas de entretenimento que caracterizam outros eventos e conta com três palcos: Principal, Colina e Futura. Com os horários desfasados, ao início da tarde, circulava-se de copo na mão. A falta de relva que já se sentia no último evento, há dois meses, é agora mais evidente. As pessoas procuram os curtos tapetes de relva para usufruir do espaço.
Milhares de pessoas preencheram o recinto que, longe de estar lotado, ganhava em conforto.

Fred foi o maestro, ao abrir o palco Futura. O baterista e produtor Fred Ferreira, dos Orelha Negra e da Banda do Mar, entre tantos outros, explora o seu próprio caminho, a partir da bateria e com a contribuição de um conjunto de músicos. Não há protagonistas. Estão todos alinhados em semi-círculo e tecem ambientes musicais como quem cria uma tapeçaria. Fred conduz a sessão e abre espaço a outros, para que brilhem “dá-lhe Carlos” e as pessoas balançam ao som das teclas de Karlos Rotsen. As palavras quando surgem é só para isso, identificar outras estrelas da música. Um pouco menos coordenados do que na sessão de apresentação do novo trabalho, a que assistimos na Casa da Cerca, mas a promover um bom início de maratona no Kalorama.

Palco Colina - Meo Kalorama
Palco Colina – Meo Kalorama

Um grande momento de dança promoveu Xinobi, à mesma hora, no palco Colina. Com um novo trabalho editado este ano, trouxe Balsame para o recinto do festival e público agradeceu a energia. Quando no final, desligou o botão, o público pedia “só mais uma”. Respondeu Bruno Cardoso, a pessoa que veste a personagem de Xinobi, só para dizer que não ia mesmo dar para continuar e para dedicar “este concerto a todos vocês e também a uma pessoa que nasceu anteontem que é o meu filho.” Depois de manifestações de alegria, da parte do público, acrescentou ainda que o ia “tentar educar para fazer do mundo uma cena mais fixe do que é!”.

Não sei se pela hora em questão, que coincidiu com paragens nos outros palcos, mas James Blake foi o concerto que teve mais power neste festival Kalorama. Sentia-se no corpo todas as batidas assim como a voz excecional do cantor, músico e compositor inglês. Com um alinhamento muito dançável, começou com “Life Round Here”, seguiu com “Before” e trouxe uma versão generosa do tema de Feist “The Limit to Your Love”.
Parou para agradecer a todos a presença e o apoio. “Não tenho palavras. Vamos tentar compensar este tempo que estivemos afastados.” Pediu depois ajuda só para cantar uma linha da música e ensaiou primeiro “Say What You Will”. Encostou aqui a eletrónica ao canto e o momento tornou-se melancólico, quase de introspeção.
Para alegria de uma admiradora, retribuiu a dedicação com que esta se apresentou com um cartaz com a setlist do dia. Pisca o olho à geração mais nova, com “Mile High” e depois de deixar todos a dançar com “Retrograde” e despediu-se com “Godspeed”.

zona VIP

Years & Years foi o concerto mais provocador da noite, com a combinação de performances de bailarinos em palco, coordenadas com videos. As imagens nos ecrãs eram complementares à atuação da banda do cantor Olly Alexander.
A eletropop do britânico agarrou o público do festival, neste início de noite e abriu a pista de dança para as atuações seguintes.
Movimentos sensuais na barra de dança, amassos em casas de banho públicas, ou mesmo devaneios numa king size bed, montada na vertical de forma a ser vista por todos, completou o cenário. “Desire” foi um dos momentos altos do concerto, assim como uma versão, de “It’s a Sin” dos Pet Shop Boys, tão a condizer com o ambiente.
“Estivemos em Portugal há cinco anos. Estamos muito felizes de estar de volta.” Para a despedida deste breve encontro ficaram “If You’re Over Me” e “King”, num concerto para adultos, que gostam de diversão.

O Meo Kalorama volta a abrir porta esta sexta-feira, dia 2 de setembro. Atuam os seguintes artistas:
Palco Meo: 17h00 The Lathums; 19h00 The Legendary Tigerman; 20h45 Blossoms; 23h00 Arctic Monkeys
Palco Colina: 16h00 Lewis CZM e Danny The Dawg; 18h00 Golden Slumbers; 20h00 Jessie Ware; 21h45 Róisín Murphy; 00h45 Bonobo
Palco Futura: 18h00 Crawlers; 20h00 Alice Phoebe Lou; 22h00 You Can’t Win Charlie Brown; 01h00 Bruno Pernadas

O bilhetes podem ser adquiridos nos locais habituais e custam 65,27 euros.

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