A Magia Do Douro No Douro E Porto Wine Festival

Reportagem de Rosa Margarida (Texto) e Paulo Soares (Fotos)

A edição do novo Douro e Porto Wine Festival acolheu os produtores e quintas de vinhos da região, animação musical alinhada com o espírito do local e do festival e um cooking stage, com provas comentadas e o melhor da gastronomia nacional.

A Cápsula do Tempo

No dia 17 de setembro, primeiro dia do festival, o Douro & Porto Stage foi inaugurado por Rui Pregal da Cunha, com um live DJ Set, às 18h00. O antigo vocalista dos Heróis do Mar apresentou-se fardado de marinheiro e acolheu, ao som de alguns temas intemporais, os primeiros festivaleiros.

Sérgio Praia e a banda do filme Variações seguiram-se no alinhamento, já a noite se tinha instalado no recinto e a iluminação de mil e uma lâmpadas dava ao local um toque mágico. O ator encarna como ninguém o cantor de Amares e, ainda que muitos dos festivaleiros não tenham tido oportunidade de ver atuações do António Variações, a personificação perfeita do Sérgio consegue facilmente transportar os presentes para os primeiros anos da década de 80. O concerto contou com os temas que todos sabem de cor: “O Corpo é que Paga”, “Anjo da Guarda”, “É P’ra Amanhã” e “A Canção do Engate”, entre outras preciosidades que marcam uma era da música nacional. A magnífica interpretação de Sérgio Praia, do figurino aos acessórios, com o requebrar e a excentricidade tão identitários de Variações foi, de facto, exímia, numa noite que se vestia de perfeição. O tema “Maria Albertina”, que o próprio nunca interpretou em palco, cantado em uníssono, preparava os festivaleiros para o que estava para vir.

Fafá de Belém sobe ao palco às 21h30, num recinto já mais composto, e «entra com tudo» ao som de um dos seus grandes êxitos, “Vermelho”. O público sabe cada palavra e os incentivos da cantora luso-brasileira não são em vão. A indumentária rubra a contrastar com os longos cabelos brancos é fascinante e Fafá sabe, como poucos, encher um palco de garra e graça. Num concerto marcado por alguns notáveis monólogos com os festivaleiros, seguem-se temas como “Memórias”, “Coração do Agreste” e “Foi Assim”. A cantora trouxe ao palco do festival uma sonoridade amazónica, com o brega do Pará e falou, sem pudor nem tabus, da vida depois dos cinquenta. Um dos momentos altos do concerto estava reservado para a atuação de Fafá e a sua filha Mariana de Belém, ao som de “Jardins Proibidos”, de Paulo Gonzo. O momento de partilha, com Fafá a relembrar a par e passo as suas origens portuguesas, haveria de culminar com a interpretação do tema, que a avó da cantora não se cansava de cantar, “Uma casa portuguesa”. A fechar os temas “Abandonada” e “Toda a Forma de Amor” são reveladores do quão querida a cantora é em Portugal e do muito que o público ali presente a estima, numa comunhão perfeita de música, paisagem e vinho.

Os Gipsy Kings by Diego Baliardo encerraram o primeiro dia do festival, já quase um novo dia despontava, ao som único e inconfundível do flamengo, da salsa e do pop gitano, com os inolvidáveis temas de sucesso, como “Volare (Nel Blu di Pinto di Blu)”, “Bamboleo” e “Djobi, Djoba”.

A Viagem Ainda Agora Começou

No segundo dia do festival, marcado também ele pelos shows cookings e provas de vinho comentadas, que o “Cooking Stage” acolheu ao longo do evento, contou com as presenças de Irma, Tiago Bettencourt, The Stranglers e Pedro Abrunhosa.

O recinto construído à volta das wine village, com a presença dos produtores de vinho da região, e ladeado pelas food trucks e bares, tinha ainda uma área “privilege”, com uma tenda de animação e degustação, oferecidas entre concertos.

No domingo, coube a Irma inaugurar o palco. Os ponteiros marcavam 18h30 e o sol continuava abrasador. A refrescante presença da cantora foi um bálsamo para os primeiros festivaleiros, ao som de temas como “Da mesma pele”, uma dos mais conhecidos do público, e “Subi, subi”, da colaboração com Bateu Matou.

Tiago Bettencourt tomou conta do festival ao som de temas bem conhecidos do público. No line-up “Partimos a Pedra”, do álbum A Procura, de 2017; “Trégua” e “Dança”, de 2019 Rumo ao Eclipse. O concerto fica aliás marcado pela apresentação deste último álbum do cantor, lançado em 2020. Num estilo próprio e inconfundível, Tiago Bettencourt entremeia os seus temas de maior sucesso com músicas menos conhecidas, mas mantém sempre um ambiente descontraído e leve. Entre a guitarra e o piano, o cantautor, que confessa ter passado muitos verões no Douro, em casa do avô, brinda os festivaleiros com os temas “O Jogo”, “se me deixasses ser”, “Viagem” e “Morena”, num concerto onde o público voltou a ontem e, pela segunda vez, no mesmo palco, haveria de ouvir-se a “Canção do Engate”, de António Variações, desta feita, com a interpretação única de Tiago Bettencourt.

O punk rock dos The Stranglers inundou o festival, para um concerto de mais de uma hora e meia, da banda britânica. Jean-Jacques Burnel, único membro fundador da banda e Baz Warne, o vocalista atual, sabem bem como entreter o público. É certo que as interações com os festivaleiros rarearam, mas os temas de maior sucesso da banda, como “Always the Sun”, “Golden Brown”, “No More Heroes” e “Skin Deep” voltaram a levar os presentes para os anos 80.

A chave de ouro estava reservada a Pedro Abrunhosa. O cantor, defensor de causas e porta-voz da paz, palavra que haveria de ouvir-se ao longo do espetáculo, sobe ao palco ao som de “Fazer o que ainda não foi feito”. Seguem-se os temas “Não Posso Mais” e “O Rei do Bairro alto”, este último marcado pela chamada dos fotógrafos ao palco.

Pedro Abrunhosa vai desfiando, um a um, os temas que todos sabem de cor e fazem questão de entoar em uníssono com o cantor que, afinal, estava em casa. Momentos marcantes para a atuação do compositor ao piano do seu mais recente tema “Que O Amor Te Salve Nesta Noite Escura” e do intemporal “Hallelujah”, de Leonard Cohen, num concerto a vaguear entre os Bandemónio e Comité Caviar, mas sempre com a energia contagiante e a interpretação eletrizante do músico que faz de cada espetáculo um momento único de entretenimento e memórias.

O Festival regressa a Lamego, em 2023, nos dias 15 e 16 de setembro para a segunda edição.

Artigo anteriorMichael Bublé Atua Na Altice Arena A 27 De Janeiro
Próximo artigoPlumas, Sedução E Muita Diversão No Cartaz Do Maxime Restaurante

Deixe uma Resposta

Por favor digite seu comentário!
Insira o seu nome