Caixa Alfama Com Esses Fadistas De Fama Que Sabem Cantar O Fado

Reportagem de Madalena Travisco (Texto) e Joice Fernandes (Fotos)

Caixa Alfama
Caixa Alfama 2024 - dia 27

No primeiro dia, a 27 de setembro, do pôr do sol até de madrugada, o Caixa Alfama voltou a entrelaçar as vozes, trinar guitarras e soltar poesia pelos becos, escadinhas, igrejas e outros palcos, num total de doze dedicados ao Festival. Tantos e diversos concertos, numa edição dedicada a homenagear Fernando Maurício, o rei sem coroa do fado castiço.

Com o fado mauriciano adaptado:

Não há pincéis que descrevam
Aquele soberbo quadro
Destas noites bem passadas

Assim foi mais uma edição do Festival Caixa Alfama.

No Palco Ermelinda de Freitas, no rooftop do Terminal de cruzeiros, houve recordatório de Fernando Maurício por novas talentosas gerações: Miguel Moura, Rodrigo Lourenço e Francisco Moreira. Alfama foi entardecendo com a “Igreja de Santo Estevão”, “Carta a Minha Mãe”, “Rua da Amendoeira”, “Moreninha da Travessa”, e “Escrevi teu Nome no Vento”, só para citar alguns dos fados que Fernando Maurício imortalizou.

Jorge Fernando foi o grande curador do concerto de homenagem (com convidados) no Palco Caixa, no terminal de cruzeiros, antes da abertura por Buba Espinho e do encerramento da primeira noite com Camané.

Buba Espinho inaugurou o palco Caixa, na sua 5º participação neste festival, sempre em merecido crescendo. Honrou o seu Alentejo com as modinhas e o cante, partilhados com a plateia. Mesmo que não cante fado tradicional, o fado está-lhe no coração. Num repertório cheio de canções do disco homónimo, incluiu o “Enigma” e terminou com vontade de apertar as bochechas a todos.

Na vez do grande concerto de homenagem, com o palco cheio de convidados, Jorge Fernando, Vítor Miranda, Pedro Galveias, Jaime Dias, Luís Matos, Cátia Miranda e Ana Maurício (sobrinha) desfilaram temas cantados por Fernando Maurício, a começar pelo “Boa noite, Solidão”. As palavras de Jorge Fernando resumem o mote:

 “Boa noite, obrigado por estarem aqui, não só para homenagear este grande festival, que é esta beleza que todos conhecemos, (..) mas também para homenagear aquele que é, com certeza, o fadista português que mais seguidores tem”. Terminaram com uma mostra de como se “desgarravam” na casa Ferreiras – a última casa em que Fernando Maurício cantou (e que já não existe).

Ali perto, no palco do Museu do Fado, Lenita Gentil desafiou o vento e encantou as gentes com fados, canções e estórias muito bem-dispostas. Por ela, ficaria ali a noite toda, mas a marcha “Lisboa cidade sol” de Arlindo de Carvalho, dividida com a plateia, fechou o concerto. Antes de Lenita Gentil, o espaço foi preenchido com a atuação de António Vasco Morais. No espaço em frente, no palco de Santa Maria Maior, no Largo de Chafariz de Dentro, Rui Costa representou a Mouraria.

Quando todos os caminhos vão dar ao palco principal, o Palco Amália (no Abreu Advogados) estreava Ana Rita Prada numa apresentação muito intimista. A concentração dirigida ao terminal de cruzeiro procurava Camané que fechou a primeira noite. Com José Manuel Neto na Guitarra portuguesa, Carlos Manuel Proença na viola e Paulo Paz no contrabaixo, o concerto de encerramento teve um alinhamento misto e a jovem Beatriz Felício como convidada para dois temas.

(…)

Numa viagem primariamente mauriciana, pode dizer-se que o Santo Estêvão, padroeiro /Desse recanto de Alfama | fez um milagre sagrado, fez voltar ao seu cruzeiro, estes fadistas de fama que sabem cantar o fado.

O festival do fado continua este sábado, pelas ruas de Alfama com Marina Mota, Ricardo Ribeiro, Marco Rodrigues, Carminho, António Zambujo, entre muitos outros.

Artigo anteriorFestival Caixa Alfama Arranca Hoje
Próximo artigoCaixa Alfama Com Soberbo Quadro Destas [Duas] Noites Bem Passadas

Deixe uma Resposta

Por favor digite seu comentário!
Insira o seu nome