
Em tempos não tão bons como os que vivemos, entre guerras, conflitos e incêndios devastadores, rir torna-se cada vez mais fundamental, e uma comédia (teatral) o motivo ideal para sairmos de casa, e fazermos uma pausa nas notícias difíceis que temos vindo a ver e a ouvir. Cheque-Mate é esse motivo, uma peça bem disposta e atual, que toca em algumas questões como as relações humanas, profissionais, familiares, sociais, ao mesmo tempo que aborda questões éticas e morais, enquanto nos faz rir.
A estória começa como tantas outras, rapaz conhece rapariga, rapariga conhece rapaz, envolvem-se e namoram, até aqui nada de extraordinário, excepto que… a rapariga é assistente do presidente do banco, onde o pai do rapaz trabalha, e também … sua amante.
No meio destas confusões, surgem outras, como uma “pequena” questão de 10 milhões de euros (não declarados), depositados na conta errada, e o despedimento de cerca de 460 funcionários – por causa do homebanking.
No meio de algumas trapalhadas, algumas questões morais vão surgindo, num retrato sempre atual do mundo financeiro (e não só), especialmente da Banca. Mas no final a questão fundamental impõe-se … “Afinal, de quem é o dinheiro, e o que fazer com ele?”.
Escrita pelo brasileiro Juca Oliveira e inspirada na realidade brasileira (de então), a peça, agora apresentada pela Plano6 em conjunto com a UAU, conta com uma adaptação brilhante e muitíssimo atual à realidade portuguesa, de Henrique Dias (que já nos tinha conquistado em Pôr do Sol (entre outros trabalhos). Disso são exemplos várias referências a situações e personalidades da nossa vida política e financeira, como Ricardo Salgado, Joe Berardo, Mariana Mortágua, André Ventura, entre outros, e até mesmo uma Noémia Costa (que se encontrava na plateia na noite de estreia) não escapou à nomeação.
A dar vida ao texto está um elenco de luxo, encabeçado pelo irrepreensível José Raposo – Rogério (gerente do banco Ibérico), a fantástica Carla Andrino – Hélia (a mulher), uma exemplar Sara Barradas – Helena (a assistente e namorada), um surpreendente Ivo Lucas – André (o filho), um divertido Rui Unas – Vicente (o assessor), e um brilhante Marcos Caruso – o presidente do banco Dr. Luís Henrique, que com o seu “sotaque açúcarado” nos faz rir a bandeiras despregadas cada vez que tenta falar com sotaque de Portugal. A encenação esteve a cargo de Carlos Artur Thiré e Clívia Cohen.
E mais não contamos para não estragar a surpresa. Uma peça bem conseguida a todos os níveis, com excelentes interpretações, para rir da primeira à última cena. A não perder!
Cheque-Mate vai estar em cena de 21 de setembro de 2024 a 2 de março de 2025, no Auditório dos Oceanos do Casino, em Lisboa, com sessões de quarta-feira a sábado às 21h00 e domingo às 17h00. Seguindo depois para o Porto, onde vai estar em cena a partir de 6 de março de 2025, no Teatro Sá da Bandeira, com sessões de quinta-feira a sábado, às 21h00 e domingo às 17h00.
Os bilhetes estão à venda online e no local, e custam entre 22 e 24 euros.
Nos dia 25 de setembro e 2 de outubro, terão lugar sessões de Bilheteira Solidária, com os bilhetes a 12 euros, e cuja receita vai reverter na íntegra para a Liga dos Bombeiros Portugueses e para o Núcleo de Intervenção e Resgate Animal (IRA).














