Realiza-se nos dias 5 e 6 de agosto, no Paço da Comenda em Tomar, o Comendatio Music Fest. Este ano, após alguns cancelamentos, têm como headliners os The Ocean e os Caligula’s Horse, dois nomes muito fortes do panorama prog atual.
No dia 5 os cabeça de cartaz são os The Ocean que trazem na bagagem o mais recente Holocene.
A banda que tem feito da paleontologia música, descreve este disco como mais uma mudança sónica no seu percurso. Este disco encerra a tetralogia composta por Precambrian, Phanerozoic I: Palaeozoic e Phanerozoic II: Mesozoic | Cenozoic.

Ao longo dos discos dos The Ocean, estas épocas ou profundidades abissais servem para criar um ambiente para as canções que compõem, neste mais recente, indicam que “é um álbum sobre angústia, alienação, perda do pensamento crítico”. Temas também abordados em outros discos da banda germânica.
Após a passagem por um grande concerto em 31 de maio de 2022 no RCA será, certamente, uma banda que vai levar muitos dos fãs que têm em Portugal até Tomar.
A acrescentar ao line up encontramos os I Built The Sky, ALLT, Altesia e os Portugueses
Qwentin e Z.U.L.
Dia 6 de agosto os cabeça de cartaz são os Caligula’s Horse. A banda australiana com provas mais que dadas da sua qualidade, conta com cinco discos de originais, todos aclamados pela crítica e pelo público.
Já estiveram em Portugal, a apresentar o In Contact no RCA em 2018, onde trouxeram os I Built The Sky e os Circles. Foi um excelente concerto para apresentar um magistral disco. Volvidos cinco anos temos Rise Radiant para ver ao vivo.
A completar o cartaz recebemos os Unprocessed, Playgrounded, Corrosive e os portugueses Apotheus e Twin Seeds.

Como se adivinham dois dias intensos de prog em Tomar, o CH Magazine esteve à conversa com um dos organizadores, Daniel Cardoso, músico e produtor, que fez parte dos Anathema.
CH Magazine – O que vos motivou a criar o Comendatio e se têm alguma missão particular como desígnio?
Daniel Cardoso – O Comendatio foi criado pelo nosso colega José Narciso, inicialmente como Comendatio Metal Fest. Conforme a equipa foi expandido começámos a definir a identidade do festival em termos de estilo ou até mesmo de nome, com a transição para Music Fest em vez de Metal Fest. Não temos propriamente uma missão, acima de tudo temos uma paixão por música, mas gostávamos obviamente de ver o festival crescer e tornar-se num festival de referência dentro do estilo.
CH Magazine – Têm algum apoio institucional do Estado ou Câmara? Acham que deveria haver mais mecanismos de incentivo cultural?
Daniel Cardoso – Temos contado com apoios locais, nomeadamente da Câmara Municipal de Tomar e da Junta de Freguesia do Paço da Comenda. Estamos gratos por esse apoio embora ainda fique aquém das reais necessidades financeiras do festival. De qualquer forma é uma ajuda e como tal, só temos a agradecer.
CH Magazine – Este ano o Comendatio coincide temporalmente, em algumas datas, com o Vagos. Foi propositado? Poderá vir a ser um problema?
Daniel Cardoso – Não foi de todo propositado. Este ano tivemos uma dificuldade acrescida em conseguir as bandas para o cartaz, estivemos presos a uma banda bastante grande durante muito tempo e iríamos delinear o resto do cartaz à volta da confirmação dessa banda. Infelizmente as coisas acabaram por não se concretizar já um bocado em cima da hora e vimo-nos a escassos meses do Verão sem bandas para o festival.
Depois de muita luta, e já quando estávamos a ponderar simplesmente não fazer Comendatio este ano e começar a programar 2024, um agente propôs-nos dois headliners para estas datas, 5 e 6 de Agosto. Portanto, ou fazíamos nestas datas ou não fazíamos de todo. Quando a decisão foi tomada não sabíamos as datas do Vagos e infelizmente depois acabaram por coincidir. Da nossa parte, podemos pedir desculpa ao Vagos, embora não tenhamos tido propriamente culpa. Do lado deles julgo que não ficaram contentes porque resolveram marcar uma banda “Comendatio” mesmo na data que coincide com a nossa, mas nós não nos importamos. Desejamos o melhor para o Vagos como para qualquer festival que tenha a coragem de se dedicar a sub-culturas e géneros menos populares.
CH Magazine – Tinham sido anunciados os Volumes e os Car Bomb. Mas foram substituídos pelos The Ocean e os I Built the Sky. Qual o motivo desta substituição?
Daniel Cardoso – A substituição aconteceu porque as bandas em questão cancelaram os seus concertos. Quanto ao cancelamento em si não nos foi dado propriamente um motivo. Os Volumes contactaram-nos diretamente e disseram-nos que “due to unforeseen circumstances” não iriam poder fazer a data no festival. Já quanto aos Car Bomb tivemos a notícia através do agente da banda que nos disse que a banda tinha cancelado vários concertos fora dos USA, também sem motivo aparente.
Felizmente os The Ocean e os I Built the Sky estavam disponíveis para entrar em cena.
CH Magazine – Estas situações são comuns em festivais, têm estratégias para as evitar?
Daniel Cardoso – Quando o cancelamento parte unicamente do lado das bandas não há como evitar, principalmente em tempos de crise, que ainda são os tempos em que vivemos tendo em conta a situação financeira na Europa, a guerra às portas da Europa, o rescaldo da Covid, etc. O melhor a fazer perante uma situação de cancelamento é “meter mãos à obra” e tentar arranjar substitutos à altura o mais rapidamente possível. Há quem diga que conseguimos substitutos melhores do que as bandas que cancelaram e, se realmente for esse o caso, ainda bem.
CH Magazine – Portugal, este ano, tem recebido grandes nomes de prog. Já tivemos o Devin, Leprous, Haken. Consideram que está a ficar um país virado para o Prog Metal?
Daniel Cardoso – Esperamos que sim, e gostamos de imaginar que em parte somos responsáveis pelo crescimento do estilo prog em Portugal.
Continuamos, no entanto, aquém de outros países em termos de ouvintes de prog per capita e isso nota-se nos concertos e festivais do nosso país.
CH Magazine – Têm Apotheus, Qwentin, ZUL e Twin Seeds no cartaz desta edição. Acham que o prog nacional está a crescer?
Daniel Cardoso – Sentimos que sim, temos em Portugal algumas bandas da nova vaga de prog que já consideramos “bandas Comendatio” como os Needle, os Allamedah, bandas em que apostámos nas primeiras edições e que temos visto crescer. Esperamos que aconteça o mesmo com os ZUL e os Twin Seeds porque gostamos de apostar neste novo sangue. Quanto aos Apotheus e aos Qwentin, já são bandas não tanto dentro do estilo prog, mas também gostamos de piscar o olho a outros estilos, desde que musicalmente sejam interessantes e cativantes.
CH Magazine – Quais as expectativas para o futuro do festival? Que bandas gostariam de receber? Há intenção de prolongar por mais dias? Que acham da possibilidade de criar workshops com músicos como atividades paralelas?
Daniel Cardoso – O grande objetivo é continuar a crescer de forma a conseguir trazer ao nosso palco a vasta lista de bandas que temos em mente. Podemos considerar aumentar o número de dias quando nos for financeiramente viável, para já não é. Em relação aos workshops, tivemos essa ideia em 2022, mas acabámos por não a levar avante por limitações logísticas. A verdade é que ainda somos um festival pequeno, com tudo o que isso tem de bom e de menos bom.
O Comendatio Music Fest é um festival de prog que já trouxe grandes nomes a Portugal como os Tesseract, Leprous, Plini e a estreia em Portugal dos Haken. Realiza-se nos dias 5 e 6 de agosto, no Paço da Comenda em Tomar.
Os bilhetes estão à venda online. Os passes custam 60 euros e os bilhetes diários 40 euros.





















