Vila Nova de Gaia estremeceu no último dia de Marés Vivas com a atuação mais aguardada dos três dias: o rei do funk Pedro Sampaio. Nenny abriu o palco principal com uma energia contagiante, Calema aqueceram os corpos e as vozes de toda a plateia e Ozuna trouxe o ritmo latino e fogoso. Com um recorde de cerca de 120 mil pessoas, o Marés Vivas despediu-se em grande e com uma das edições mais impactantes de sempre.
No Palco Moche, foi Zarko que deu o apito inicial, com uma confiança de quem parece veterano. A começar a carreira, o artista foi apresentando os seus temas, para uma plateia que se ia preenchendo e que sabia algumas músicas.
“Ouvi dizer que a energia aqui no Norte é melhor”, gritou Nenny vezes sem conta durante todo o concerto. Encarregue de estrear o palco este domingo, a artista de 22 anos foi apresentando novos temas, em momentos onde o público correspondeu assíduo, bem como temas mais antigos, vividos com mais intensidade. “Sushi”, “Dona Maria”, “Tequila” e “Bússola” entraram a matar e deram o perfeito mote para aquela que seria uma noite imparável.
O sol ia se pondo e o antigo Parque de Campismo da Madalena brilhava ansioso por Calema. O palco era um íman e os festivaleiros iam-se colando às grades para não perder um único momento do concerto. De vermelho e com bailarinos, os irmãos António e Fradique Mendes Ferreira invadiram o palco e o coração do público com “Te Amo”. “A Nossa Vez”, “Vai”, “Respirar” e a “Nossa Dança”. A devoção, o entusiasmo, os gritos de cada fã, foram a representação do amor pelos irmãos que, nunca deixando ninguém parar de dançar, construíram um espetáculo digno de festival. “Maria Joana” e “Onde Anda” marcavam o fim e, terminando da mesma forma que começaram, os Calema trouxeram “Te Amo”, o que deixou o público ao rubro e completamente preparado para o que aí vinha.
O reggaeton de Ozuna rebentou nas colunas do palco principal e, num piscar de olhos, todos viajamos para Porto Rico. Com uma produção repleta de visuais e uma grande estrutura em formato de urso montada no palco, o artista banhou o público com temas adorados por várias gerações. “Del Mar”, “Dile Que Tu Me Quiere”, “Se Preparó”, “Escápate Conmigo”, “Vaina Loca” e “Caramelo” foram algumas das canções que puseram os festivaleiros a dançar, como só o reggaeton sabe fazer. Ouviu-se, ainda, “Me Niego”, “Criminal”, “Caramelo” e “Baila Baila Baila”, mas foi com “Te Boté” e “Taki Taki” que os fãs deliraram: eram as últimas músicas do concerto, mas olhando para o cenário do festival, era como se fossem as primeiras.
Os ânimos acalmaram e, no Palco Moche, os curiosos foram espreitar o hip hop de Lhast, um artista que começou a carreira como produtor, lançando-se agora com um álbum, “Violeta”. Este palco tem este propósito: lançar e estrear novos artistas, colocando o Marés Vivas como um festival que valoriza a música cantada em português.
“PE-DRO SAM-PA-IO VAI!” saiu disparado das gargantas dos fãs eufóricos quando o DJ pisou o palco. De vermelho, com uma grande equipa de bailarinos e uma produção visual estrondosa, Pedro Sampaio foi o fenómeno da terceira noite, e de todo o festival. As danças do TikTok, o twerk, as palmas e os gritos de êxtase romperam logo nos primeiros momentos do concerto, que contou com temas como “POCPOC”, “NO CHÃO NOVINHA” e “GALOPA”. “Isto aqui é que é um treino”, diz fã enquanto dançava. A verdade é que, num espetáculo de Pedro Sampaio, a idade não é mesmo um problema e toda a família sabe as coreografias. E se não sabe, rapidamente consegue aprender.
O carinho a Portugal ficou bem claro e o artista repetiu, vezes sem conta: “vocês deixam-me emocionado”, o que deixou o público orgulhoso, e ainda mais animado. Aumentaram as interações entre o Dj e os fãs, com subidas ao palco e, num dos pontos mais altos da noite, Pedro desceu para a multidão, com a bandeira de Portugal, para dançar ao som de “CAVALINHO”, o seu êxito mais atual. O recinto virou uma autêntica pista de dança, onde o público balançava da direita para a esquerda, ao ritmo da música e de braço no ar.
“Foi o último dia de festival, mas foi o primeiro a esgotar”, enalteceu, com a certeza de que fez um bom trabalho, e de que toda a gente saiu do festival com este concerto na memória.
O Marés Vivas regressa em 2026, no terceiro fim-de-semana de julho: a 17, 18 e 19 de julho, como habitualmente, no antigo Parque de Campismo da Madalena, em Gaia.



















