Echo And The Bunnymen: A Festa Dos 40 Anos Sem Magia

Reportagem Tânia Fernandes e António Silva

Echo And The Bunnymen

Assistir a um concerto de uma banda, quase 30 anos depois de começar a ouvir as músicas, resulta num acumular grande de expectativas.

Tivémos tempo de colar memórias de ouro às canções. O que faz com que, na iminência de as poder ouvir ao vivo se sinta, aquela emoção, um nervoso de expectativa. Só que, no caso do concerto dos Echo And The Bunnymen, esta quarta-feira, na Aula Magna, a decepção foi grande.

A banda – da formação original restam Ian McCulloch e Will Sergeant – voltou à estrada com a digressão “Celebrating 40 Years of Magical Songs”. É ao álbum Ocean Rain, que prometiam voltar. Um dos seus legados mais interessantes. Têm músicas intemporais, que sobreviveram ao passar dos anos. Mas a forma como as apresentaram esta semana, foi quase uma piada de mau gosto.

A pose anti-vedeta tão popular nos anos 80 mantém-se e Ian McCulloch sem nunca tirar os óculos de sol, ficou entre a penumbra e as ondas de fumo.

O pouco que disse foi praticamente imperceptível. Ao vincado sotaque de Liverpool juntava-se uma falta de clareza no discurso. Escassa sobriedade? Nunca perdeu de vista um cálice que por várias vezes levou à boca.

“Going Up” com um som muito down abriu a noite. Seguiu-se logo um dos fortes da época “Rescue”. Mas perdido, sem alma.

Continuámos a acreditar que era apenas o início do concerto e que ia melhorar. A emoção toca lá bem em cima ao reconhecer “Bring on the Dancing Horses”. O público aplaude com entusiasmo , mas do palco falta entrega. O vocalista chega a pedir para as pessoas se levantarem, mas a resposta espelhou a sua imobilidade.

A meio do concerto temos a sensação de que queríamos muito ter gostado de ali estar. Mas os Echo And The Bunnymen conseguiram fazer o mais difícil, que foi arruinar uma missão que estava à partida ganha. Há tantas bandas a viver destes concertos da nostalgia. O público até fecha os olhos quando as figuras físicas já não correspondem ao “antigamente’. Basta colocar o timbre no devido lugar e mostrar empenho.

Esta noite, vislumbramos o timbre entre os ecos e poucos foram os que se levantaram das cadeiras para dançar.

Depois de “Seven Seas”, trazem um banco alto ao vocalista, para o apoiar nos temas seguintes. “Nothing lasts forever” atravessa-se em “Walk on the Wild Side…Lisbon”. A Aula Magna é uma sala que, pelas suas características, amplia a proximidade entre público e artistas. Mas nada parece ter funcionado, esta noite. Só mesmo as boas memórias de músicas que recordamos do vinil.

“Bed bugs and Ballyhood”, “Never Stop”, “The Killing Moon” e “The Cutter” trouxeram os acordes, mas o entusiasmo de Ian McCulloch ficou-se pelos mínimos exigidos. E o público merecia tanto mais.

Voltaram ainda para um tema. O mais azedo “Lips like Sugar” de que há memória.

Para os presentes, foi uma celebração penosa…

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