O segundo dia de Evil Live Festival, que encheu o Altice Arena, foi quase todo dedicado ao nu metal com Slipknot. Mas teve duas exceções honrosas: Meshuggah e os portugueses Voynich Code.
No fim da noite podemos dizer, como no primeiro dia, que valeu muito a pena este festival.
Apesar do mau som do pavilhão que prejudicou algumas bandas, todas sem exceção, quiseram dar um bom espetáculo e todo o público soube participar na festa.
Depois da banda portuguesa seguiram-se Blind Channel e Fever 333, estes últimos foram uma das surpresas da noite.
A banda americana deu um set cheio de poder e energia, com todos os elementos da banda a puxar pelo público, em particular a baixista April Kae e o vocalista Jason Aalon Butler.
Um concerto com um estilo rap metal bem conseguido, mas com a energia, o mosh e uma entrega de um concerto death metal old school.
Fizeram um cover da “Song 2” dos Blur, que foi uma excelente maneira de deixar o pessoal a mexer ainda mais, aproveitaram o balanço e tiveram um concerto demolidor.
A dada altura até o baterista andou a arrastar pelo palco, puxado por Jason, como que sem saber o que havia de fazer com a energia toda.
Acabou o concerto em crowd surfing, a continuar a cantar enquanto pairava sobre um circle pit. Podemos apreciar ou não as canções, mas são uma banda brutal ao vivo.
Meshuggah
Que dizer dos Meshuggah?
É a banda que revolucionou o metal nos anos 90, que reescreveu o livro de estilo e que influenciou tudo o que veio depois.
São lendas em direito pleno, tanto pela inovação em termos de escrita e o som percussivo que criaram, o djent, mas também pelas inovações técnicas que foram criando com a sua pesquisa pelo som ideal, com a ajuda na criação das guitarras de oito cordas.
É difícil transmitir, 28 anos depois, do impacto que o Destroy Erase Improve teve na altura, mas muito mudou com este disco.
Ao vivo é o que se sabe, não são muito expansivos, mas o pessoal faz a festa na mesma.
Escusado será dizer que foram irrepreensíveis na execução. Hakke é um monstro lendário na bateria, Thordendal e Hagstrom infalíveis no modo como conseguem estar sempre em tempo e coesos. Aliás a chave está na coesão da banda que chega a soar como uma bateria única.
“Broken Cog” lançou um concerto com um jogo de luzes muito bom, mas que a festa foi feita pelo público.
“Born in dissonance” e os “In Death” foram pontos altos em que o mosh foi ainda mais vivo.
Penalizados por um pavilhão que não ajuda quando se tenta tocar agudos, mas mesmo assim deram um concerto que quem estava adorou. “Demiurge” e “Future breed machine” encerraram uma hora de concerto que soube a muito pouco.
Todos queríamos mais.
Papa Roach
No dia anterior, os desgraçados de serviço, conforme eles disseram, foram os Alter Bridge. Neste segundo dia de Evil Live Festival foram os Papa Roach.
Entalados entre duas das mais lendárias bandas deste século: Meshuggah e Slipknot, a banda mais normie e amiga da rádio parecia estar em maus lençóis.
Talvez sabendo disto, a organização pôs a tocar o “Chop Suey” antes deles entrarem, para colocar o público numa disposição mais início de século em que o nu metal dominava e os Papa Roach tiveram o seu êxito.
No entanto, surpreenderam, não se deixaram intimidar e, numa fuga para a frente, entraram a puxar pelo público com tudo o que tinham.
Jacoby Shaddix sabe estar num palco e puxar pela multidão, que também estava com muito boa vontade, “Get away with murder”, “Broken home” conseguiu pôr o pessoal a mexer e lá se gerou um circle pit.
Mas tinham um trunfo guardado, uma cover do “Firestarter” dos Prodigy, caíram nas boas graças do público e conseguiram um concerto muito sólido.
A partir daí todas as canções foram uma celebração, “Scars”, “No aplogies”, “Still DRE”, “Born for greatness” e a inevitável “Last Resort” foram pontos altos marcados por muito circle pit e crowdsurfing.
Um muito bom concerto de uma banda que não se intimidou e soube cativar o público.
Slipknot
Um estoiro anunciou que vinham aí os Slipknot.
Quando caiu o pano o palco tinha sido transformado com plataformas elevadas, todas ligadas entre si. Ventoinhas por baixo do baterista. Todas as plataformas são cobertas de painéis led para projeções. De cada lado do palco as torres de percussão, em que falta o Clown que teve de abandonar a tour.
Arrancaram com “Blister exists”, “The dying song”, Corey surge com boa voz e, como seria de esperar, uma energia que cativa o público.
Apesar de um som algo esquisito, particularmente evidente quando tocaram a “Snuff”, música que já andava a ser pedida à muito tempo. Nesta canção as notas mais agudas soaram estranhas na bancada.
O caos que existe no público existe no palco, todos os membros dos Slipknot andam de um lado para o outro, um figura de preto dança e mostra uma cabeça decepada. O Tortilla Man, além de oferecer os guturais, corre pelo palco, salta para os bombos, bate no seu barril de aço. Foi um desfilar de som e mosh, “Psychosocial”, “eyeless”, “Wait and bleed”, “Unsainted”.
Um concerto que, só não foi maior, devido às estranhas paragens de alguns segundos entre cada canção. Não sabemos a razão disto, mas quebrava todo o ritmo que se estava a ganhar.
O desfilar de temas marcantes era contínuo, terminaram com “People=Shit”, “Surfacing”, “Duality” e “Spit It Out”, nesta última com a manobra de sentar todos no chão e saltar ao mesmo tempo. É giro mas teve muito mais impacto quando foi feito no Parque da Bela Vista, há uns anos atrás.
No final, a sensação de uma banda que dada a turbulência porque passou recentemente deu um bom concerto, as paragens entre canções prejudicam e muito o ritmo, mas são opções dos artistas.
O Evil Live, na Altice Arena com Pantera e Slipknot como cabeças de cartaz foi um Festival que deixou boas memórias. Esta celebração da música pesada foi uma oportunidade para os fãs se encontrarem com suas bandas preferidas. Trouxe concertos incríveis, como aqui demos conta e uma atmosfera cheia de energia. Quem esteve na plateia, certamente que levou uma experiência inesquecível!
Recorde a primeira noite de Evil Live Festival:




















