Hip Hop Nacional E MC Pedrinho Encheram O Segundo Dia De Festival O Sol Da Caparica

Reportagem de Tânia Fernandes e Inês Lopes

Wet Bed Gang - O Sol da Caparica
Wet Bed Gang - O Sol da Caparica

Wet Bed Gang, Julinho KSD, Bispo e Valete foram os representantes do hip hop nacional que fixaram o público junto ao palco do festival O Sol da Caparica, desde o final da tarde. O funk de MC Pedrinho foi o outro fenómeno do cartaz deste segundo dia.

O público começou a chegar mais cedo, esta sexta-feira e foi-se concentrando junto ao palco principal. Os nomes mais sonantes do cartaz estavam agendados para espaço. Ao contrário das anteriores edições, isso fez com que não houvesse tanta movimentação entre palcos.

Mais espaços de lazer e consumo distribuídos pelo recinto levaram os visitantes e formar longas filas para recolha de brindes, antes de se fixarem na escolha musical do dia.

Valete

A tarde começou com Valete, o rapper português, de origem santomense. É um dos da velha guarda, do hip hop nacional e integra o movimento desde 1997. Abriu com “Anti-heroi”, que integrou o álbum Serviço Publico, de 2006 e continuou para o mais recente “Colete Amarelo”, de 2019.

Conhecido pelas suas posições extremas, anticapitalistas, retrata temas sociais da sociedade contemporânea.

Trouxe ao Sol da Caparica uma atitude de louvar, ao retratar-se e pedir desculpa, não só por si, mas também por todos os artistas do hip hop que, de alguma forma, menosprezaram a posição da mulher na sociedade, no passado. Pediu desculpa pela “futilidade e ignorância” que andaram a propagar. “Quero pedir desculpa a todas as mulheres, por todo o machismo e a misoginia que andámos a difundir durante estes anos todos”.

Acrescentou ainda que o hip hop, que celebra este ano 50 anos, os ajudou a chegar a uma sociedade “igualitária, horizontal e futurista”.

Convidou depois uma “irmã”: Mara. Juntos interpretam “Bola de Ouro”, uma canção que dedica a todos os heróis de Portugal.
No fundo passavam golos históricos do futebol nacional, cuja celebração pelo público, muitas vezes se sobrepôs à musica.

Fechou a atuação com um intenso “Rotela Russa” e um último aviso: “O medo é o maior inimigo do homem!”

Bispo

O rapper de Mem Martins voltou à Costa da Caparica, onde atuou recentemente, numa substituição de última hora no festival Summer Fest. Acabou por ser um concerto mais fluido do que o anterior, provavelmente por ter lugar ao início da noite.

Abriu com um medley onde juntou “2725” e “Pormenores”. Cantou ainda alguns dos seus temas mais conhecidos nesta atuação do festival O Sol da Caparica: “Viola”, “NÓS2”, “Essa saia”.

Com as luzes dos telemóveis no ar, todos cantaram um dos seus mais recentes sucessos: “Planeta”. Catarina Martins, uma das vozes do coro, ocupou o lugar de Bárbara Tinoco, num dos mais belos momentos do concerto.

Já perto do final, Bispo sentou-se na frente de palco, só para voltar a sentir a energia das vozes do público, em mais uma volta a um dos refrões da noite.

José Cid

Com uma longa carreira e contribuições notáveis para a música, José Cid permanece um dos artistas mais admirados de Portugal.

Abriu o palco principal, o ano passado, no ultimo dia do festival e voltou para uma atuação bem disposta e versátil, desta vez ao início da noite.

Todos os artistas beneficiam, neste festival, de um ecrã de vídeo no fundo de palco. José Cid começou com uma animação com muitos macacos no fundo, a condizer com o êxito com que abriu: “Como o Macaco Gosta de Banana”.
Adaptou o refrão, e por várias vezes referiu “Como o Macaco Gosta de Banana, Eu Gosto do Sol da Caparica”.

José Cid é o artista que sempre demonstrou uma vontade de explorar diferentes géneros musicais. Continuou assim com “Um rock dos bons velhos tempos”.

Convidado Jorge Vadio

Chamou de seguida o seu primeiro convidado: Jorge Vadio. Como o próprio referiu , além de amigo, é um “compositor e autor com um espetáculo que foi apresentado várias vezes nos Estados Unidos da América de tributo a David Bowie”. Jorge Vadio juntou-se à banda um dos clássicos de José Cid: “A Minha Música”.

“E a cabana junto à praia, conhecem? Querem ir lá comigo?” Perguntou depois José Cid. Como bom entertainer, iniciou de seguida um medley pelo seu cancioneiro. Adequado ao público que tinha pela frente, não se perdeu a apresentar versões completas. Encadeou excertos, de “Na Cabana junto à praia” com “Amanha de manhã” e “Um grande, grande amor”.

Fez questão, pelo meio, de puxar do telemóvel e de dizer que ia gravar um vídeo para mostrar ao autor – Tozé Brito – “como o público do Sol da Caparica canta o tema”. Totalmente intemporal, a ver pelo forte coro que se fez ouvir.

Convidado Mário Mata

Chamou de seguida Mário Mata, que avisou que ia cantar um tema que escreveu para a mulher, mas que aproveitou para dedicar a todas as mulheres do recinto: “Já conheço esse olhar”.

Voltou ao rock depois, com “Noites de Lisboa” e ainda atirou umas farpas à politica mundial com “De ditadores está o cemitério cheio” com imagens de Putin no ecrã de fundo.

Com muita animação despediu-se com “No dia em que o rei fez anos”, depois da qual ainda cantou com a banda toda abraçada, alinhados atrás de si.

Uma simplicidade que poucos artistas hoje sabem ter. É uma fonte de inspiração para músicos que procuram criar algo genuinamente único.

MC Pedrinho

Pedro Maia Tempester, mais conhecido pelo nome artístico MC Pedrinho, é um cantor brasileiro de funk.
Como o próprio referiu, no festival O Sol da Caparica, começou sua carreira musical aos 11 anos de idade, quando lançou sua primeira música, “Dom Dom Dom”. A música foi um sucesso instantâneo, alcançando mais de 100 milhões de visualizações no YouTube. Desde então, Pedrinho lançou vários outros singles e álbuns, sempre com grande sucesso.

Em palco, o artista é também um personagem muito especial, que transborda energia e consegue surpreender. De forma inesperada, deixou o público em suspense, ao introduzir uns movimentos de dança, primeiro sem qualquer som a acompanhar. Depois, a fazer soar as colunas, com dose extra nos graves, muito além do que é confortável para o ouvido humano.

“Eu vou te pegar”, “Dançarina” de Pedro Sampaio, MC Pedrinho e DJ Maikinho, “Gol Bolinha, Gol Quadrado 2″e “Se Prepara” foram alguns dos temas que apresentou.

Julinho KSD 

Julinho KSD foi a confirmação de ultima hora do festival O Sol da Caparica, depois do cancelamento da atuação de T-Rex.

Com tanto talento para a palavra como para a melodia, o jovem rapper da linha de Sintra mistura com mestria o Crioulo, o Português e o Inglês num cocktail único e inimitável.

Abriu com “Sabi na Saburra”, trouxe temas como “Mama Ta Xinti”, “Vivi Good”, “Hoji N’ka ta Rola” e ainda “Kriolu” de Dino D’Santiago, na qual Julinho KSD participa.

“Sentimento Safari” deixou o público bom agitado para a banda que se seguiu. O público gritou o refrão com entusiasmo “fck, fck, f*ck the police”, num fenómeno de catarse.
O músico trouxe ainda “Chakras” uma das novidades do ano, criação conjunta com o colega Ivandro.

O mosh final fez-se ao som do agitado “Stunka”.

Wet Bed Gang

Wet Bed Gang atuaram pela terceira vez no festival O Sol da Caparica, como fizeram questão de o recordar, no início do concerto. A primeira, em 2018 no palco secundário. Uma atuação totalmente irreverente, na qual provocaram uma afluência demolidora e totalmente diferente do espetáculo que trouxeram o ano passado, ao palco principal.

O processo de amadurecimento da banda continuou e, sem dispensar a energia inesgotável, os Wet Bed Gang continuam a fazer espetáculos memoráveis. Além das suas líricas ousadas e batidas cativantes têm uma palavra direta para o público. Combinam elementos do hip-hop, trap e música urbana.

Por esta altura, a fraqueza e as indisposições eram frequentes e a banda não hesitou em parar o concerto, para que fosse prestado o devido auxílio.

O grupo de hip-hop português, formado em 2014 e composto pelos talentosos Gson, Zara G, Kroa e Zizzy Jr. sabe conquistar o coração do público com temas como “Chaminé”, “Devia Ir”, “Aleluia”, “Bairro” ou “Irresponsável”.

Fizeram voar muita poeira, ao orquestrar gigantes moshpit. Dois campos de batalha, um de cada lado do público, onde introduziram elementos da sua equipa: “gorilas”. Bandeiras gigantes marcaram o terreno de ataque, que provocou um real terramoto no Costa da Caparica ao som de “Maluco”.

Sábado – O Sol da Caparica

O Sol da Caparica volta abrir portas este sábado. Atuam Chico da Tina, Deejay Telio, João Pedro Pais, Mariza e Nininho Vaz Maia (Palco DOM TÁPPARO), Beatriz Rosário, Badoxa, Gama & Guga, Jüra e Kappa Jotta (Palco KAVI MUSIC), Da Chick, Danni Gato, Duque Província, Gaby e Van Zee (Palco RED TAZZ), Jazzy, Cássia Rodrigues, Guilherme Duarte, Hélder Machado e Vasco Elvas (Palco MATRIZAUTO) e Jazzy Dance Studios & Irina Barros e Margenzinha (Palco LS&REPUBLICANO).

Os bilhetes custam 26 euros.

Recorde a primeira noite de festival:

Sol Da Caparica – Pagode, Hip Hop E Poesia Acústica No Primeiro Dia de Festival

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