Ilha Terceira: uma mistura harmoniosa de belezas naturais com um rico património histórico

Reportagem de: Elsa Furtado (Texto) e Francisco Lourenço (Fotos)

Bela, verde, azul, acolhedora, rodeada de água por todos os lados, pintalgada do branco dos edifícios, com barras coloridas, e hospedeira de um povo afável e acolhedor, assim é a ilha Terceira, uma das nove que compõe o arquipélago dos Açores.

Considerada uma das ilhas mais belas do Atlântico, e a segunda mais importante dos Açores, a Terceira é uma mistura de belezas naturais com a riqueza patrimonial e arquitectónica, com fortes tradições e uma gastronomia riquíssima, onde o peixe e a carne de vaca são os ingredientes principais, a Alcatra, o queijo e os doces conventuais são dos “petiscos” tradicionais mais apreciados.

A ilha tem uma forma elíptica, com uma superfície de 381,96 Km2, com 29 Km de comprimento e 17,5 Km de largura máxima. Os primeiros habitantes que se conhecem datam de 1450, com a concessão da sua capitania ao flamengo Jácome de Bruges pelo infante D. Henrique e os primeiros povoados surgiram nas áreas de Porto Judeu e Praia da Vitória, e só depois é que se expandiram pelo resto da ilha.

A ilha desempenhou um importante papel nos séculos XV e XVI, como porto de escala das naus e dos galeões, vindos das Américas e das Índias, atraindo também as atenções de piratas e corsários. Também na luta pela sucessão, contra os espanhóis a ilha desempenhou um papel importante, de que é testemunho o forte de S. João Baptista, com 4 km de comprimento de muralhas, mandado construir pelos espanhóis e o Forte de São Filipe, mandado construir em nome do rei.

Mais tarde, durante as lutas entre miguelistas e liberais, a ilha volta a desempenhar um papel fulcral, acolhendo os liberais exilados e servindo de porto de partida às tropas de D. Pedro. Durante o século XX, a ilha voltou a desempenhar um papel importante durante a segunda guerra, e posteriormente durante a guerra fria, de que a base das Lajes (alugada aos Estados Unidos) é um dos maiores exemplos.

De estrutura quase plana, a harmonia dos campos verdes é entre-cortada por algumas caldeiras e formações rochosas de estrutura vulcânica. Entre os vários montes da ilha, destaca-se o vermelho e majestoso Monte Brasil, a caldeira de Guilherme Moniz, a Serra de Santa Bárbara (com 1023 metros de altitude – a mais alta da ilha).

O vulcão da Serra do Cume, a Ponta dos Mistérios, e várias crateras com pequenas lagoas, de que se destaca o Algar do Carvão (a que se desceu pela primeira vez a 18 de Agosto de 1963), a Lagoa do Negro e as Furnas são outros dos pontos muito apreciados para a prática de espeleologia e vulcanologia.

Na microclimática zona dos Biscoitos, onde se produz o vinho verdelho dos Biscoitos, em curraletas limitadas por pedras vulcânicas, destaca-se para além das vinhas, as belas piscinas naturais, de formações vulcânica, em que o negro das rochas se funde com o azul do mar, que quando está bom tempo permite navegar entre as ondas e até avistar baleias.

Uma passagem pelo Porto de Judeu (zona piscatória), pela Freguesia da Serreta (onde se destaca o Santuário de Nossa Senhora dos Milagres da Serreta) e pela calma e prazenteira Praia da Vitória, onde fica a famosa “Casa das Tias” de Vitorino Nemésio, são também locais obrigatórios de vista, cada um com as suas particularidades.

Também muito apreciada é a arquitectura da ilha, em que dominam os edifícios de fachada branca, com barras coloridas: amarelas, azuis, rosa e verde, inspiradas na arquitectura alentejana e ribatejana.

Os Impérios do Espírito Santo (73 actualmente), as igrejas, os chafarizes e alguns edifícios públicos e casas particulares ainda hoje são exemplo da arquitectura típica da Terceira, com destaque para o centro histórico, classificado de património histórico da humanidade pela UNESCO em 1983.

O Museu de Angra do Heroísmo, o edifício da Câmara Municipal de Angra, o Palácio dos Capitães Generais (antigo Colégio da Companhia de Jesus) e actual residência oficial do Presidente do Governo Regional na Ilha, a Sé, o Museu do Vinho são outros locais a visitar, que dão a conhecer um pouco da história e da vivência dos terceirenses.

É também ao Espírito Santo que são dedicadas as principais festividades da ilha, a terem lugar de Maio a Setembro, em especial no Pentecostes – 7º domingo depois da Páscoa. Estas festas são da responsabilidade das Irmandades do Espírito Santo.

Também importantes são a Festa de S. João, as Sanjoaninas, e as Festas da Praia, cujo ponto alto são as Touradas à Corda, cuja tradição remonta ao século XVI. Este género de tourada tem lugar nas ruas, de Maio a Outubro, e nela o animal está preso por duas cordas, e de cada lado está um grupo de homens que o tenta controlar.

Uma vista à Terceira e a Angra do Heroísmo não fica completa sem uma passagem pela emblemática pastelaria O Forno, ou por uma queijaria tradicional, como a Vaquinha, onde o queijo curado e semi-curado são duas das especialidades.

A oferta gastronómica aqui também é muito rica e variada, dos restaurantes mais tradicionais aos gourmet de Angra do Heroísmo, não se pode deixar de provar a “Alcatra”, prato típico aqui da ilha, que pode ser carne ou peixe, as deliciosas lapas, e a saborosa carne de vaca dos Açores, opções não faltam.

A rematar a passagem por uma das ilhas mais acolhedoras e belas dos Açores, um copo de licor de maracujá e o desejo de regressar em breve, a esta beleza natural, localizada em pleno Oceano Atlântico e a menos de duas horas de Lisboa (em voo directo).


Os Jornalistas viajaram a convite da Associação de Turismo dos Açores e das New 7 Wonders Portugal

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