226 anos depois da colocação da primeira pedra pelo Príncipe Regente D. João, eis que fica concluído o Palácio Nacional da Ajuda, com a inauguração da nova ala poente, que irá abrir ao público em novembro de 2021 com o Museu do Tesouro Real.
O projecto é da autoria do arquitecto João Carlos Santos (da Direcção Geral do Património), e apresenta traço e materiais contemporâneos, uma estrutura em vidro com lâminas verticais, que deixa entrar a luz no interior, procurando ao mesmo tempo uma harmonização com o resto do edificado, como por exemplo a utilização de mármore de lioz, e evidenciado os elementos originais, como os arcos existentes, e apresenta uma área bruta de construção do edifício de 12 mil m2.
Esta nova ala remata a ala poente do palácio, (inclui ainda dois torreões que ficam separadas da nova estrutura, e que vão funcionar como saída de emergência das outras duas alas) e foi pensada e construída de raiz para aqui acolher o Museu do Tesouro Real, que vai ficar instalado numa caixa forte, que vai ocupar os pisos 3 e 4 do edifício, com 40 metros de comprimento, dez de altura e dez de largura, duas portas em aço, com cinco toneladas e 40cm de espessura cada. É também no 4º piso, com vista para o rio, que vai ficar instalada uma cafetaria para os visitantes. O edifício inclui ainda duas alas para exposições temporárias, uma zona para as reservas, laboratório de restauro e uma zona para o serviço educativo.
Com o exterior em aço e pintado a dourado, de forma a criar a ilusão de ouro derretido, a entrada faz-se pelo 3º piso e sai-se pelo 4º, a circulação é pelo interior da caixa forte. O interior prima pela ausência de luz, aqui vão ser instaladas 72 vitrines (de última geração, com condições de climatização e iluminação adaptadas às peças, e máxima segurança – como vidro anti bala), distribuídas por 11 núcleos temáticos e que vão apresentar as mais de mil peças da exposição permanente do Museu do Tesouro Real (que é considerada uma das melhores colecções do mundo e nunca foi apresentada ao público na sua totalidade):
Jarro e bacia de 1838, originários de França, em prata com turquesas incrustadas, assinados por Augustin-Médard Mention (1785-1849) e Charles-Luis Wagner (1799-1841).
O primeiro núcleo da exposição é denominado (1) Ouro e diamantes do Brasil onde é apresentada uma amostra de exemplares em bruto dos metais e das gemas que simbolizam dois importantes monopólios da Coroa, a extração de ouro e de diamantes no Brasil. No segundo núcleo, onde se expõe parte selecionada do conjunto de (2) moedas e medalhas da Coroa.
No terceiro núcleo são apresentadas as (3) Joias que compõem o acervo do PNA. Provenientes da joalharia antiga pertença da Coroa, ou seja, do Estado e as joias provenientes das antigas coleções particulares de diferentes membros da família real.
O quarto núcleo é dedicado às (4) Ordens Honoríficas reúne um conjunto ímpar a nível nacional, testemunho secular das intensas relações internacionais da corte portuguesa e da importância histórica destes instrumentos de soberania e diplomacia. O quinto núcleo apresenta as (5) Insígnias Régias: Objetos Rituais da Monarquia e onde são exibidas algumas das mais simbólicas e valiosas joias da Coroa, como as condecorações ricas das Três Ordens Militares – Cristo, Avis e Santiago –, a coroa real, os cetros, e os dois mantos subsistentes.
O sexto núcleo é dedicado aos objetos de uso civil em prata lavrada de diferentes centros de produção, com destaque para um conjunto muito expressivo, a (6) Prata de Aparato da Coroa com salvas e pratas portugueses quinhentistas. Segue-se o sétimo núcleo (7) que remete para as antigas Coleções Particulares do rei D. Fernando II e do seu filho, D. Luís I, com outras reputadas peças de prata de uso civil.
O oitavo núcleo é dedicado às (8) Ofertas Diplomáticas decorrentes da diplomacia ao longo dos séculos. Os cerimoniais religiosos são evocados no nono núcleo dedicado à (9) Capela Real, com uma seleção de alfaias litúrgicas e paramentos, dos muitos que antigamente integraram o património da Coroa.
O décimo núcleo é dedicado à (10) Baixela Germain, assim designada por ter sido encomendada ao ourives François-Thomas Germain após o Terramoto de 1755. Conjunto de referência da ourivesaria francesa de setecentos a nível internacional pela qualidade e raridade. O último núcleo, (11) Viagens do Tesouro Real, pretende dar a conhecer a mobilidade do tesouro que estava em regra junto ao rei.
A nova ala foi finalmente inaugurada ontem, 7 de junho de 2021, pelo Presidente da República Marcelo Rebelo de Sousa, que se referiu à colecção “não como ícones da monarquia, mas como legados e símbolos não apenas do poder político, mas da continuidade da soberania”.
Uma obra que se espera que venha por fim à famosa “maldição do palácio” que a acompanhou ao longo de mais de 200 anos.
O projeto de conclusão do Palácio inclui ainda a requalificação do espaço público na Calçada da Ajuda, a recuperação do pátio, das fachadas e dos espaços exteriores, e tem um valor de investimento de 31 milhões de euros, maioritariamente viabilizado pelo Fundo de Desenvolvimento Turístico de Lisboa.
Esta obra resulta numa parceria que envolveu o Ministério da Cultura / Direção Geral do Património Cultural, a Câmara Municipal de Lisboa e a Associação de Turismo de Lisboa.
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