Luan Santana Aterrou Em Lisboa Como Se Viesse De Outra Galáxia

Reportagem de Tânia Fernandes (texto) e António Silva (fotografia)

Luan Santana
Luan Santana em Lisboa

Luan Santana voltou a Lisboa em estado de graça: quatro noites esgotadas na MEO Arena, a maior sala coberta da capital. No próximo sábado há uma transmissão global no YouTube de Cristiano Ronaldo

Antes de subir ao palco, Luan Santana encontrou-se com os jornalistas numa conferência de imprensa em Lisboa. Foi aí que comentou a notícia que marcou o dia: a parceria com Cristiano Ronaldo, que irá transmitir no seu canal de YouTube o concerto de 23 de agosto. “Essa ação com o Cristiano me deixou muito feliz. Com certeza vai ser uma transmissão que vai atingir muitas pessoas ao redor do mundo inteiro. E eu fico feliz que seja em Lisboa esse grande acontecimento”, afirmou o cantor, sublinhando a dimensão global do projeto.

Luan Santana em Lisboa
Luan Santana em Lisboa

O concerto de ontem marcou o início da digressão europeia Luan ao Vivo na Lua que levará Luan Santana a Madrid, Paris, Genebra e Londres. Foi também o primeiro de quatro espetáculos esgotados na MEO Arena, um feito que o próprio reconhece como histórico. “É surpreendente, emocionante, é uma construção. Quando penso que a nossa relação em Portugal começou em casas bem mais pequenas e hoje conseguimos reunir 80 mil pessoas ao longo de quatro datas, sinto que é uma conquista de ambos os lados”, sublinhou.

O sertanejo e as suas raízes

Para o público português, a atuação de Luan Santana foi também uma oportunidade de mergulhar no universo do sertanejo, género musical que conquistou o Brasil e que o artista ajuda a difundir na Europa. Nascido no Mato Grosso do Sul, o cantor carrega as suas raízes de forma assumida. “Eu sou pantaneiro de sangue, levo sempre comigo a essência da minha terra. Até no dia a dia, nunca dispenso o meu tereré”, contou, explicando como a identidade da região se reflete nas letras, nas melodias e no tom emocional do seu repertório. O sertanejo, com origens rurais e marcado por histórias de amor, perda e celebração, encontra hoje plateias globais, e Lisboa foi mais uma vez palco desse encontro.

Uma viagem intergaláctica

Pouco depois das 21h, uma contagem decrescente iniciou o espetáculo. No ecrã gigante, uma nave descolou em direção ao espaço, dando o mote para um concerto visualmente arrebatador. A banda entrou e Luan Santana surgiu do chão do palco, envolto em fogo de artifício. O som esteve longe da perfeição. Foi, aliás, o ponto fraco da noite, mas os efeitos especiais, as explosões de luz e os vídeos monumentais de grande definição compensaram.

Pulseiras LED, distribuídas ao público, coloriram a arena e transformaram o espetáculo numa experiência coletiva. Este recurso, popularizado em Portugal nos concertos de Coldplay e depois com Taylor Swift, deu nova vida às canções de Luan, criando ondas de cor que acompanharam cada refrão.

O alinhamento: romance, festa e emoção

“Meio Termo” foi a primeira grande explosão da noite, seguida de “Morena”. O cantor de 34 anos exibiu a sua boa forma, com grande energia e avançou pela passarela até ao meio da plateia, entre explosões de fogo de artifício e confetis. “Tá calor aí?”, perguntou, arrancando aplausos antes de despir o casaco. Seguiram-se “Abalo emocional” e “Clone”, com direito a guitarra em punho e a primeira grande interação com o público: “Boa noite Lisboa, tudo bem com vocês? Hoje escrevemos mais um capítulo da nossa história de amor”.

Com “Dona”, o cantor anunciou: “Apresento a dona do meu coração”, e as luzes tingiram-se de rosa, criando um dos momentos mais românticos do concerto. “Ambiente errado”, “Vingança” e “Parece” antecederam “Acordando o prédio”, já com a arena em clima de festa. Em “Eu, você, o mar e ela”, a iluminação azul mergulhou o recinto numa atmosfera onírica. Houve espaço para dançar ao som de “Solteirou” e para se emocionar com “Coração cigano”, que Luan avisou: “Se eu cantar para vocês, vocês vão chorar com essa história”.

Na guitarra, voltou a brilhar em “Mulher segura”, e daí em diante percorreu os grandes sucessos que os fãs esperavam: “Água com açúcar”, “Te vivo”, “Te esperando”, “Tanto faz”, “Um beijo”, “Meteoro”, “Você não sabe o que é amor” e “Sinais”. A fechar, “Tudo que você quiser”, coroada por uma chuva de luz e confetis, fez a arena cantar em uníssono.

Entre a devoção e a gratidão

No concerto não faltaram declarações de afeto para com os fãs portugueses. “Eu fico muito feliz com tudo isso que recebo aqui. Tenho certeza de que estes quatro dias vão ficar marcados na nossa memória para sempre”, disse. Aos jornalistas, Luan falou ainda sobre artistas portugueses com quem gostaria de colaborar, citando Salvador Sobral e António Zambujo, e revelou a admiração pelos Calema.

Para muitos fãs que viajaram de várias partes da Europa, alguns até do Brasil, o concerto foi um momento de comunhão. Como explicou o próprio artista, “a música muda a vida das pessoas, e é isso que me move”.

O concerto de ontem confirmou o estatuto de Luan Santana como um dos maiores nomes da música brasileira, com sólido grupo de apoio em Portugal. O sertanejo está a atravessar o Atlântico, pela voz deste embaixador. A noite deixou marcas na memória de quem esteve presente.

A energia do público, a entrega do artista e a dimensão do espetáculo falaram mais alto. Para Lisboa, este foi apenas o primeiro capítulo de uma maratona de quatro noites.

Ainda há alguns bilhetes disponíveis para venda, mas fica a opção de acompanhar o concerto pelo canal do internacional português.

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