O Marés Vivas começou ontem, dia 19 de julho, em Vila Nova de Gaia. No antigo Parque de Campismo da Madalena, os D’ZRT foram os protagonistas da noite, que teve também Take That, D.A.M.A e SYRO.
O primeiro dia começou bem cedo, perto das 16h00, momento em que abriram as portas. Às 16h30, no MOCHE STAGE, dá-se o primeiro concerto do dia, Bianca Barros, em prateado e brilhos trouxe o pop português e as letras fáceis de repetir. Ainda que com um público tímido, a artista foi cantando apesar dos vários problemas técnicos que foi atravessando durante as primeiras três músicas.
Em conversa com quem a ouvia, Bianca questiona sobre o amor e as relações amorosas, e recebe uma reação positiva do público que começa a “soltar-se” para cantar com artista. “1, 2, 3 e foi de vez” vai se ouvindo no recinto e, principalmente, na “frontline”, onde estão os fãs mais dedicados.
A artista mostra o talento e a voz cheia de power quando decide apresentar um medley de várias músicas portuguesas, entre “A Paixão”, de Rui Veloso e “Melhor de Mim” de Mariza. É este um dos momentos alto do seu concerto pois tem o público em coro a cantar com ela.
No Palco MEO, SYRO, nome artístico de Diogo Lopes, estava prestes a entrar e já se sentia o calor humano junto à barreira. Mais aplausos e gritos, mais ânsia para ver o artista de 29 anos a abrir o palco principal. Pelas 18h30, a banda começava a entrar no palco, vestidos de bege e, com muitos aplausos do público, SYRO sobe ao palco, de preto, para cantar as suas músicas pela primeira vez no Marés Vivas. E o público estava pronto!
Apenas na terceira música, “Acordar”, já se ouvia o coro na plateia. De uma ponta a outra do palco, SYRO estava pronto para cantar “as clássicas”, seguindo-se “Rio d´Água”, e aqui, o público estava rendido ao músico e vice-versa.
“Estou a divertir-me imenso” afirma SYRO de sorriso rasgado. Este sorriso prolongou-se durante um momento muito especial do concerto: o artista trouxe ao palco a companheira, Anda Pacheco, grávida, para partilhar uma música, “Dor de Mar”. Com uma receção calorosa do público, SYRO continuou com as surpresas e chamou ao palco David Carreira.
Entre telemóveis e muitos gritos, a plateia delirou, sem nunca parar de dançar e cantar.
“O primeiro concerto que vi foi dos DZRT, quando tinha 9 ou 10 anos e agora estou a pisar o mesmo palco que eles” afirma o artista, orgulhoso e comovido. Para quem não conhecia, rapidamente se lembrou das letras e a plateia cantou em uníssono ao som de “Perto de Mim”, primeiro êxito do artista. SYRO desceu para junto do público e cantou as últimas palavras agarrado às pessoas. Um momento bonito.
Às 19h30, no Palco Coca-Cola, uma banda acústica de covers de Leiria foi animando nos momentos entre concertos. Continuaram a atuar naquele palco, novamente, às 21h15 e às 23h00.
À medida que o dia ia passando, mais pessoas chegavam ao recinto e se concentravam junto ao palco principal. Era a vez dos D.A.M.A, os rapazes “cheios de pinta”, palavras de duas fãs que estavam à espera do concerto de Miguel Cristovinho, Miguel Coimbra e Kasha.
20h00 e entraram em palco, com “Ás Vezes”, seguindo-se de “Balado do Desajeitado”, “Luísa” e “Não Dá”, êxitos dos álbuns mais antigos do grupo. A reação do público? A loucura: toda a gente conhecia as letras, toda a gente dançava, naquele que parecia um final de tarde de memórias.
“Oquelávai” foi uma das músicas mais cantadas durante o concerto onde, entre abraços e grandes sorrisos, o público ia ecoando a letra.
A energia estava toda lá quando os três artistas abandonam o palco, na tentativa de “assustar” o público. “Mas já acabou? Não pode ser” ouvia-se dizer junto à plateia. A verdade é que os D.A.M.A voltaram para mais três músicas, aquelas que seriam o culminar de um bom concerto, a marcar a terceira vez da banda no festival. “Mãe”, “Loucamente” e “Casa” foram as últimas músicas, que mais pareciam as primeiras. Viu-se dança, viu-se palmas e viu-se uma enorme alegria em toda a gente que presenciou este momento. Um coro a cantar palavra a palavra e confettis a explodir pelo ar: os D.A.M.A terminaram o concerto com “é sempre especial estar no Marés Vivas”.
Pelas 21h15, no Moche Stage, um palco para lançar novos artistas, um público tímido deu as boas-vindas a Catana, um jovem acompanhado de dois back up vocals, foi tentando animar a plateia com as suas letras introspetivas e instrumentais de hip hop. Apesar de novo, e com poucos fãs, ainda se viam duas ou três raparigas a cantarolar os refrões.
Por volta das 21h45, a onda era outra: os fãs eram muitos mais e o entusiamo para os Take That sentia-se ao longe. A verdade é que, em 34 anos, a boyband inglesa nunca tinha estado em Portugal. Era a grande estreia, não podiam falhar.
“Today could be the best day of our lives”, frase da música “The Greatest Day” arrancou este concerto. Gary Barlow, Mark Owen e Howard Donald em frente à imagem que os representa: um T invertido em cima de outro T, em azul cintilante.
A formação original da banda contava, também, com Robbie Williams e Jason Orange.
Na frontline todos cantavam e dançavam, todos traziam bandeiras e cartazes na esperança de uma, nem que seja pequena, interação. Este concerto foi uma viagem ao passado, foi um reviver momentos e histórias através da música, tanto para a banda como para quem os acompanhou.
A música “Giant” levantou a poeira do recinto, seguindo-se de um momento que provocou a reação esperada: algumas lágrimas, muitos abraços e ainda mais gritos de cada palavra da música “A Million Love Songs”, tocada ao piano.
As coreografias em sintonia, os figurinos a condizer, tudo bem ensaiado, a boyband dos anos 90 cantou as clássicas “Patience”, “How Deep Is Your Love” e “Back For Good” e a reação foi exatamente a esperada: o delírio.
O concerto teve um momento muito aplaudido e comentado quando, no meio dos espectadores mais dedicados, surge uma mulher com um cartaz onde se lê: “Tenho as cuecas molhadas por vocês há 34 anos”. A resposta foi imediata: “Marota, demoramos só 34 anos, mas chegámos”. Todo o recinto ri.
Se os fãs já não são, convencionalmente, adolescentes, isso pouco importa pois, durante o concerto de Take That, todos voltaram aos “sweet sixteen” para reviver a história da carreira deste grupo.
Às 16h30, o Palco Sapo Comédia abriu as hostilidades com os Novos Artistas. Mais tarde, às 19h30 foi a vez de John Mendes contar as suas piadas para entreter o público. Este palco rapidamente se tornou num refúgio para quando se esperava por um concerto. Isto demonstrou-se durante o espetáculo de Fernando Rocha, que decorreu entre o concerto dos Take That e dos DZRT. Uma multidão às gargalhadas saiu deste palco bem aquecidos para o que faltava da noite.
D’ZRT
O relógio marcava as 23h45 e onde estavam os D’ZRT? Estava tudo a questionar, com alguma indignação. Olhando para a plateia, o que se destacava era a mistura de gerações. Mães, pais, filhos, amigos, novos e velhos, estavam todos ali para os D’ZRT, uma banda de 2004, saída de uma novela para miúdos dos anos 2000. Quem diria.
“O meu filho tem 6 anos e sabe as letras todas”, “Nem eu imaginava estar aqui à espera de ver D’ZRT”, “quero lembrar memórias e bons momentos da nossa infância e da nossa adolescência”, “Viemos de propósito para ver os D’ZRT”. O público estava entusiasmado. E a espera acabou quando, após 15 minutos, os três apareceram na carrinha “Pão de Forma”, azul, a clássica do videoclipe da música “Verão Azul”.
“D’ZRT Revolução” dá sinal para arrancar o concerto e toda a gente salta, canta e dança, somos todos crianças outra vez. A felicidade de Zé Milho, Tôpê e Edmundo, nomes por quem são conhecidos, sente-se por todo o recinto, e a energia é contagiante. Segue-se “Feeling”, entram vários bailarinos e o palco parece uma festa. E “cá em baixo” também!
“É tão bom voltar ao Norte” diz Tôpê (Vintém) com umas jardineiras de gangas com vários pins antigos dos D’ZRT. Edmundo veste um casaco preto, cheio de brilho e Zé Milho (Cifrão) vem de fato dourado. Três homens que parecem três jovens em cima do palco.
Público aos berros, tudo a dançar a cantar, telemóveis no ar para filmar o grande momento: “Para mim tanto me faz”, o maior êxito da banda e não há ninguém que não conheça.
Cantam um cover de Rod Steward, “I don’t wanna talk about it”, música que cantaram na série Morangos Com Açúcar e, logo de seguida, um cover de “Dont Worry About a Thing”, o que faz com que Vintém mostre a sua guitarra assinada pelo seu ídolo Ben Harper.
Chegamos ao momento ao qual os três artistas chamaram de “revisão da matéria”: sentados em cadeiras, foram chamando ao palco artistas para cantar as músicas do grupo. Mariana Pacheco entra para cantar “Verão Azul”, SYRO cantou “Estar ao Pé de Ti” e, naquele que foi um dos momentos mais impactantes de todo o concerto, é a vez de Miguel Magalhães, pianista conhecido no Porto por tocar na Rua Santa Catarina. Juntos cantam “Querer Voltar”.
O concerto foi seguindo e os D’ZRT estavam certos da mensagem que pretendiam passar: “Precisamos de muito mais amor”.
Perto do fim do concerto, o grupo surpreende o público com “um miminho”, descreve Cifrão. Uma nova reunião das três bandas, D’ZRT, Just Girls e 4Taste, em Coimbra no dia 28 de setembro. A 16 de novembro, é a vez das Just Girls, a solo, de atuarem no Multiusos de Guimarães e, ainda, a 29 de novembro, no Multiusos de Gondomar atuam os 4Tastes, também a solo. Os bilhetes estão à venda desde o momento em que anunciaram os concertos.
A reação do público não surpreende, está tudo eufórico com as notícias. Mas o concerto ainda não terminou. Para acabar, voltam a cantar, agora a sério e em “alto e bom som” a música “Querer Voltar”. As lágrimas vão caindo, os abraços são mais apertados, quase como se ninguém quisesse sair dali.
“Todos querem um Verão Azul?” e a plateia reage, esta é das músicas mais esperadas e todos sabem a letra. No fim, sobem à grande plataforma no palco e, num momento de fortes emoções, aparece um holograma de Angélico, antigo membro da banda que faleceu em 2011. Extremamente aplaudidos, os D’ZRT cantam “Para Mim Tanto me Faz” e é unânime: eles são os maiores. Todos voltam à adolescência para, pelo menos, mais uma música.
O concerto termina com Edmundo no meio do público, com um sorriso de orelha a orelha, e com o clássico mortal de Vintém e Cifrão. É oficial, passados 20 anos, a energia está e estará sempre lá!
A noite não terminou com D’ZRT, pois o Moche Stage já estava ao rubro quando o concerto no palco principal terminou. Leo2745 concentrou centenas de pessoas para mais uma dança ao som de várias músicas do hip hop português.
Hoje a festa continua com Marisa Liz (18h30), Rag’N’Bone Man (20h00), James Arthur (21h45) e Ben Harper (23h45) no palco principal. No Moche Stage, a abrir o festival, Soraia Tavares (17h30), de seguida Pedro Capo (23h00) e para fechar este dia Insert Coin (01h15). No Palco Comédia, o Marés Vivas conta com Kenny Simões/Jonas (16h30), Dagu (19h30) e JEL (21h15).




















