«Good music never dies»: em quatro palavras poderíamos resumir a primeira noite do MEO Marés Vivas, mas foi muito mais do que “apenas” isso.
A edição 2022 do Marés Vivas tem nova casa. O Antigo Parque de Campismo da Madalena, em Vila Nova de Gaia, acolheu ontem 30 mil festivaleiros, para uma noite de festival esgotada, de boa música e boa vibe, com um cartaz que gritava sucesso a cada nome.
Bryan Adams subiu ao palco principal pouco passava das 23h00. O cantor canadiano tinha estado em janeiro no nosso país, no multiusos de Gondomar e no Altice Arena, em Lisboa e as suas passagens por Portugal são frequentes, mas é sempre, como se fosse a primeira vez…para ele e para o público.
Com uma energia e vitalidade invulgares, Bryan Adams sabe como conquistar o público e a inaugurar o espetáculo, a mensagem estava dada: “Kick Ass”, do álbum So Happy It Hurts, lançado este ano. Numa viagem no tempo, seguem-se, no alinhamento, “Can’t Stop This Thing We Started”, de 1991 e “Somebody”, do ainda mais antigo álbum Reckless, de 1984.
O concerto, de quase duas horas, prometeu e cumpriu. A vaguear entre o passado e o presente, nos solos de guitarra, Bryan prendeu os festivaleiros, do primeiro ao último segundo.
Acolheu o público, em (razoavelmente) bom português «Olá, meu nome é Bryan. Sou vosso cantor esta noite». E que cantor! Apertem os cintos, a viagem ainda agora tinha começado. Passou do “Shine a Light”, de 2019 para o tema ”Heaven” e quis transformar o recinto numa gigante pista de dança ao som do “It’s only Love”. Antes deste tema, informa que vai cantar a música que gravou com Tina Turner e pede spotlights para o palco: acaba por dizer que a Tina não pode vir, mas que o amor estava lá.
No line-up, tempo para os seus maiores sucessos “Please Forgive Me”, de 1993, “(Everything I Do) I Do It for You”, e o potente “Summer of 69”, a arrancar as reações mais efusivas da noite. Na bagagem, temas como “18 Till I Die”, “Here I am” ou “You belong to me”.
A despedida durou pouco, com o cantor a voltar ao palco, para os temas finais “I’m Gonna Run To You”, uma versão ímpar da música “Can’t Take My Eyes Off You” e “All For Love”, com um público que não arredava pé, mesmo depois dos «beijinhoos» do Bryan Adams.
Antes disso, a banda britânica James, formada há mais de 40 anos, tinha já “preparado” os festivaleiros para o que estava para vir. Tim Booth é o verdadeiro “animal de palco”. Sabe, como poucos, prender, envolver e entreter o público, por meio, não só de uma voz peculiar, auxiliada de quando em vez pelo megafone, como de coreografias desconexas e vibrantes, que contagiam os festivaleiros.
O vocalista sobe ao palco e recebe o público com um «Olá Porto, tudo bem?», rapidamente corrigido para Gaia. Ao som de temas mais como “Zero”, ou “Isabella”, do 16º álbum da banda, All the Colours of you, lançado em 2021, cuja capa é aliás o fundo de cenário escolhido para o espetáculo, o vocalista lembra que a música dos James «não é apenas dos anos 90». Mas é, sem dúvida, aos anos que retornam para partilhar com o público de Gaia os seus maiores êxitos, como “Sir Down”, “Lose Control”, “Laid” ou “Sound”.
Tim Booth pede aos festivaleiros, aliás, talvez a propósito de temas como “Zero” «take down your phones and have a Now Experience». Não que o público o fizesse, ávido por criar memórias, esquecendo que o Agora é mais do que frames.
We’re all gonna die
That’s the truth
Quit measuring time
By money and youth
«A segunda e terceira parte do concerto de Miguel Araujo», tal como o cantautor afirmou, durante o seu espetáculo, foi nada menos do que espetacular. Já o homem do norte, um habitué do MEO Marés, que não sabe se esta é a «sétima ou oitava vez que me apresento no Marés, a primeira em 2008, ainda como os Azeitonas» fez a festa valer a pena: como sempre!
A simplicidade do Miguel Aráujo tem, na verdade, pouco de simples, e é em palco que mostra a sua verdadeira alma de artista.
A inaugurar o concerto os temas “Chama Por Mim”; “Dia da Procissão” e “Dança de um dia Normal”. No alinhamento “Recantiga”, que devia ser presença mandatória em todos os seus espetáculos (digo eu!).
O público já sabe as suas letras de fio a pavio e fosse qual fosse o tema, as vozes de coro, desafinadas mas felizes, são o indício perfeito da popularidade do Miguel, no Marés ou em qualquer outro palco.
Temas como “Pica do 7”, “O Marido das Outras” ou “Dona Laura” , sem esquecer o inolvidável “Anda Comigo Ver os Aviões” e o dueto de “Balada Astral”, com Joana Almirante, indicava já o quão especial a noite se desenhava. A fechar “Talvez se eu Dançasse”…
Eu tenho uma noção de mim
Perfeita noção de mim
Tenho-me sempre à espreita
Sob escuta atenta
É uma luta, eu sei
Tenho bem noção de mim
Inauguraram o Palco Meo, os The K’s e os Maximo Park, com o pop, punk, rock britânico a vitalizar os festivaleiros para a longa noite que se esperava.
No Palco Moche, a inaugurar o festival, às 16h30, Lhast, um dos produtores e artistas do panorama atual da música portuguesa, por onde passaram, depois de findos os espetáculos no Palco Principal, Domingues e DJ Oder.
No Palco RTP comédia foram anfitriões João Faquire, João Dantas, Inês Coimbra e Mónica Vale do Gato.
Uma nota para o Palco Roda de Samba, que recebeu no primeiro dia Moacyr Luz e segue nos restantes dias do festival, com atuações às 19h30 e às 00h30.
O festival, já esgotado, irá ainda receber ainda nomes como Maluma e Anitta, Barbara Tinoco e Diogo Piçarra, entre outros artistas este fim de semana.










