dos Livros, o autor leva-nos numa viagem no tempo a uma Lisboa e arredores cheios de glamour e mistério, em plena década de 50.
Na época do pós-guerra em que as os refugiados estavam por toda a parte da nossa cidade e no Estoril passeavam algumas das famílias reais destronadas, o jovem alfacinha Duarte apaixona-se pela bela e encantadora austríaca Erika, com ela vai trocar cartas de amor e descobrir as delícias do primeiro amor.
Um romance breve e sonhador, narrado pelo protagonista, numa noite de tempestade e que Mário Zambujal nos apresenta na sua habitual forma descontraída e cativante.
Também no Pós-Guerra, mas desta vez numa bela villa italiana, decorre a acção de Uma Villa em Itália, da autoria da Chilena Elizabeth Edmondson, editado pela ASA.
A estória começa após a morte de Beatrice Malaspina, uma misteriosa dama italiana, rica, detentora de uma casa magnífica com vista para o mar, que deixa indicações no seu testamento para reunir quatro desconhecidos (três ingleses e um americano) na sua bela villa de férias, para a leitura do seu testamento.
Uma vez reunidos sobre o mesmo tecto, os quatro desconecidos têm uma tarefa para desenvolver, conhecem-se uns aos outros e formam-se amizades improváveis, numa aura de mistério e romance, com o mar como fundo.
Um romance despretensioso, agradável, com um ligeiro véu de mistério, que nos prende da primeira à última página, “perfeito para umas férias”, como diz o Oxford Times.
Num estilo não tão romântico, a ASA traz-nos Escândalo, um livro da autoria da britânica e ex-jornalista Penny Vincenzi. Inspirado num dos maiores escândalos financeiros da Grã-Bertanha da década de 80, o “Second’s Lloyd’s Act”.
Numa altura em que Margaret Tatcher está quase a deixar o poder, mais de centenas de ingleses ditos endinheirados e da classe médias, viram-se na bancarrota de um momento para o outro, devido a investimentos na Lloyds.
Este foi o ponto de partida da autora, que ao longo de quase 700 páginas relata a vida de várias famílias, as suas perdas, os seus dia-a-dia, os seus romances e sonhos e a maneira como lutaram e sobreviveram para resistirem a um dos piores pesadelos que podíam ter.
Obrigados a vender as casas, perderem o emprego, famílias e às vezes até a vida, um grupo de resistentes juntou-se e lutou de volta, pondo a empresa em tribunal, não aceitando perder todos os seus pennies passivamente.
Um exemplo de que nem todos os ricos são maus, alguns também choram e que o lucro fácil tem sempre graves consequências, mas acima de tudo, um exemplo de coragem e uma leitura emocionante.
Emocionante, apaixonante e comovente é o livro O Regresso, da escritora e jornalista Victoria Hislop, editado entre nós pela Civilização.
Ao contrário de tantos outros livros que li até hoje, este deu-me vontade de gritar, de me revoltar, de bater em alguém e até de chorar.
Escrito de uma forma simples e brilhante, a autora que não é espanhola, traz-nos neste romance as dores e as amarguras da Guerra Civil espanhola, que embora tão longe no tempo ela consegui fazer-nos senti-la tão perto.
A acção começa na bela e imponente Granada, no seio de uma família típica, simples, donos de um café, pai, mãe e quatro filhos jovens, todos cheios de sonhos e de garra para vencer.
Um toureiro – Ignacio, uma dançarina de flamenco – Mercedes, um guitarrista – Emilio e um professor – Antonio são os protagonistas deste romance, narrado pelo emotivo Miguel, que nos conta o seu percurso durante os anos da revolução. As suas alegrias e amarguras numa guerra ingrata para todos.
Através das personagens ficcionais vamos também conhecendo um pouco da História de Espanha e das suas dores. Com eles lutamos, amamos, sorrimos e choramos, tudo para agora olharmos para trás, para o legado de uma época triste e não nos esquecermos dos erros que não devemos voltar a cometer e que no fundo, o Amor é o mais importante. Um livro incontornável.
por Elsa Furtado









