Do futebol, diz-se que é o ópio do povo, mas à hora a que a seleção portuguesa jogava, eram já muitas as pessoas que se encontravam nas imediações do Lisboa ao Vivo, sala em cujo palco iria atuar o australiano Plini Roessler-Holgate, considerado um dos mais talentosos guitarristas da atualidade, depois de o ter feito na noite anterior, na cidade do Porto.
Antes, porém, seriam os lisboetas God Hates a Coward a abrir as hostilidades: o conjunto nacional editou o seu primeiro registo no início de Maio e foram as malhas desse EP que se fizeram ouvir, a partir das 21h, perante uma moldura humana bastante considerável.
‘Innocence’ deu início à viagem musical conduzida por Armando Rodrigues (baixo), Mário Fernandes (bateria), Tiago Saraiva (guitarra) e Jaime Quental (guitarra), seguindo-se ‘Capitólio’. Pelo meio, Mário Fernandes agradeceu à Prime Artists, a Daniel Makosch (da editora Raging Planet) e a todos os que apareceram mais cedo, trocando “a bola” pela 4ª Arte. “Nós somos God Hates a Coward, antes que se esqueçam!“, disse.
Na sequência, um tema novo, ainda sem título, e ‘Sorrow‘. Depois, ‘Solitude‘, cujo vídeo pode ser encontrado na plataforma YouTube, como nos informou Mário Fernandes. Antes do final, renovaram-se os agradecimentos, sendo que ‘Resilience‘ fecharia uma prestação positiva e muito bem recebida pelo público. Um belo aperitivo para o prato principal: Plini.
Natural de Sydney, na “land down under“, e fortemente influenciado pelo norte-americano Joe Satriani, o músico deu início à sua atividade em 2011, sendo que o último registo, o EP ‘Mirage‘, data de Dezembro do ano passado e serviu de mote à tour Europeia que começou no dia 11 de Junho, nos arredores de Milão, e que terminará no dia 25 de Agosto, nas margens do Bósforo, em Istambul.
O relógio namorava as 22h quando se ouviram os primeiros acordes de ‘The Red Fox‘, tema de abertura do ‘Mirage‘, precisamente. Mais tarde, na sua intervenção inicial, Plini referir-se-ia à complexidade dessa música e ao facto de estarem tantas pessoas a assistir ao concerto. Entretanto, incursão pelo ‘Impulse Voices‘, álbum de 2020, através de ‘I’ll Tell You Someday‘ e ‘Papelillo‘, e é celebrada “a primeira visita do técnico Eric a Portugal”.
Segue-se ‘Ember‘ e a apresentação dos elementos que acompanham o australiano: Chris Allison, na bateria, Simon Grove, no baixo, e o guitarrista Jake Howsam Lowe, que é “convidado” por Plini a introduzir o próximo tema, ‘Impulse Voices‘. Visivelmente divertido, quiçá pelos bons ares da vetusta Lusitânia, o frontman pede que o Lowe seja apupado, caso se engane, ao mesmo tempo que oferece mais uma palheta a alguém que, da plateia, por ela clama.
A jornada continua com ‘Still Life‘, obra composta com a ajuda do guitarrista norte-americano (de origem nigeriana) Tosin Abasi, e atravessa ‘Handmade Cities‘ e ‘Sunhead‘, registos mais antigos, embora não tanto assim. Depois, passagens por ‘The Glass Bead Game‘, ‘Cascade‘ e ‘Paper Moon‘ levaram-nos até à recta final do espetáculo: “We have two songs left!”, anuncia Plini.
Primeiro, ouviu-se ‘Pan‘. Depois, o epílogo, em apoteose, com ‘Electric Sunrise‘.
No final de um concerto que viveu do virtuosismo dos seus atores, ficou provado que, por vezes, não é preciso voz para ilustrar as melodias: as notas de música que transpiram dos instrumentos também falam…



















