Trippie Redd, nome de destaque da cena hip-hop atual, atuou este sábado no Sumol Summer Fest. Tiros, dinheiro e droga dominaram o concerto. Rimas de amor, abordadas com um beat de pendor trap são suficientes para hipnotizar a nova geração.
O forte cheiro a maresia característico da Ericeira, deixa de o ser, durante as noites em que decorre o festival Sumol Summer Fest. Trippie Red, o protagonista da segunda noite assegura que assim o seja.
O músico norte americano é um fenómeno admirado pelo mais jovens, difícil de compreender por adultos. Banaliza o consumo de drogas, consome de forma consecutiva do início ao final do concerto. Como é habitual, no hip hop, apresenta-se sozinho em palco, acompanhado de DJs, que simplesmente carregam no botão para fazer tocar a música. A estrela limita-se a cantar por cima da faixa gravada. Não se pode dizer que tenha uma voz excecional, ou que se destaque, de forma alguma. Nem sequer coincide com o registo editado. E nem sempre chega a cantar o tema completo. Muitas vezes o DJ interrompe a faixa e Trippie Red continua o refrão, de forma algo desconexa. Faz longas pausas, entre as músicas, quando vai ter com os DJs, para apanhar mais um charro para fumar, beijar a DJ e certamente pôr-se a par do que vem a seguir.
Deu cerca de uma hora de concerto, num alinhamento que integrou “Dark Knight Dummo”, “Death”, “Holly Smokes”, “1400/ 999 Freestyle”, “Fuck love”, “Wish”, “Topanga”, “Taking a Walk”, “Who Needs Love”, “Ferries Wheel”, “Bang”. O mesmo sinal sonoro, constituído por um trovão e disparos de armas, marca a transição de músicas. É repetido cada vez que inicia um novo tema e quase nos sentimos numa tabata musical, em espiral de destruição.
Fazem-lhe chegar uma bandeira de Portugal, que coloca ao pescoço antes de “The Grinch”. Continua a atuação com “It Takes Time”, “Rich MF” e “Love Scars”. Para a despedida, com “Miss The Rage” pede um mosh pit bem grande, e insistentemente, um mortal atrás.
É simpático com o público, e diz que os adora, assim como está a apreciar Portugal. Um exemplo de juventude em modo de autodestruição que destaca, de forma ainda mais condenável, o uso de armas.
Lon3r Johny é um dos nomes da nova geração do hip-hop português, certamente um seguidor de Trippie Red, subiu ao palco do Sumol Summer Fest, no final do dia de sábado. O rapper de Lisboa tem-se destacado no mesmo estilo trap.
Não tinha a voz nas melhores condições, mas para o publico isso não foi um problema. O espetáculo deu a conhecer uma nova identidade musical e todos o acompanharam. “Death Note” e “Drip” foram os temas com que se despediu, depois de termos ouvido, entre outros, “Rock” e “Stay Fly”.
Com um espetáculo muito bem construído, Nenny demonstrou que está noutro patamar da música portuguesa, com todas as condições para crescer. Boa voz, ritmo, presença de palco, atitude. Tem uma boa noção do timing de interação e o público acompanhou- a ao longo de todo o concerto. “Sushi” é um dos seus temas mais populares. Depois cantou “Maria”, uma música que escreveu para a sua mãe e aproveitou o momento para dizer que “as mães que estão no recinto também tem direito a uma música”. Provavelmente já não a pensar nos progenitores, mas com muita energia para soltar, interpretou Tequila, antes de fechar com “Bússola”. Sentiu-se, no final, que o público não a queria deixar ir. Mas os festivais acabam por ter limitações de horários, por isso houve só mais uns minutos de presença no palco, para tirar um fotografia com a multidão!
Anunciado como um dos concertos inéditos deste festival, acabou por ser o que teve menor afluência de público. Eixo Norte Sul pretendia mostrar o que de melhor se está a fazer na música urbana de Norte a Sul do país. A liderar a equipa do Norte esteve o rapper Mundo Segundo, cuja equipa contou com os MCs Maze, Ace, Deau e Virtus, e com os DJs Guze e Spot. A representar o Sul, esteve o líder XEG, que subiu ao palco acompanhado pelos MCs Chullage, Sir Scratch, Kappa Jotta, Deezy e pelo DJ Big.
Este foi um espetáculo visualmente mais interessante, com ecrãs de vídeo.
Do Eixo Norte ouviu-se “Bai Lá”, “Sicklos”, Canto do Cisne”, “Todos Gordos”, “Não Pára”, “Traça a Linha”, “Bate Palmas”, “Tu Não Sabes”, “Escola dos 90” e “Brilhantes Diamantes. O Sul, respondeu com “Filhos de Bambaataa”, “Tendências”, “Á toa”, “A Mulher da Minha Vida”, “Good Life”, “Single”, “Verão Passado”, “Ambição”, “Rhymeshit Que Abala”, “Mais Pesados da Capital” e “Tribo”.
Ainda que Trippie Red tenha concentrado maior número de pessoas, foi visível a quebra de afluência, no segundo dia de festival. O artista volta a atuar, esta semana, em Portimão, no festival Rolling Loud.
Recorde a primeira noite de Sumol Summer Fest
Burna Boy Celebrou o Seu Aniversário no Sumol Summer Fest da Ericeira




















