Anunciava-se um segundo dia com surpresas, no Vagos Metal Fest. Ugly Kid Joe, Gatecreeper, Seventh Storm e Tara Perdida eram os nomes maiores do cartaz.
O dia começou com os Viciously Hatefull, com mosh solitário, pois ainda havia pouca gente no público. All Against, mais composto, com o thrash/groove dos lisboetas a arrancar com o dia.
Acordaram os metaleiros que por ali andavam e conduziram-nos aos Lecks Inc. A banda francesa de metal industrial levou-nos ao seu universo estranho e aterrador.
E agora para algo completamente diferente: os Glasya. A banda Lisboeta, trouxe na bagagem Attarghan, o seu mais recente disco e um dos mais ambiciosos, feito nos últimos anos em Portugal. Um concerto de power metal que ainda não tinha mostrado a sua marca neste festival.
Sempre a mudar, porque são largos e longos os caminhos do metal, recebemos os Gatecreeper. Uma banda muito aguardada.
Um som equilibrado, muito bem executado, um bom vocalista, mas faltou alguma energia por parte da banda. “Sweltering Madness” arrancou o concerto da banda que faz um death metal old school.
Aqui não há enganos, as t-shirts de Autopsy e Obituary não deixam espaço para interrogações do tipo de música que vamos ter.
Entre canções, pedia-se mais energia a Chase Mason, o vocalista que deambulava pelo palco mas pouco contacto teve com o público.
Numa dessas interacções anunciaram que são uma banda do Arizona, perguntaram quem os conhecia e havia poucos, mas iam ficariam a conhecer, com “From the Ashes”
O público arrancou para o circle pit e crowd surfing. Um vocalista algo parado retirou alguma força, mas são umas das boas bandas da atualidade com grande futuro.
Seventh Storm
A julgar pelas t-shirts havia muitos fãs de Seventh Storm. A banda do ex baterista dos Moonspell arrancou com bailarinas e espadas. Adequado à temática marítima e de terras do oriente.
Arrancaram com “Pirate’s Curse” para um concerto que empolgou o público, as bailarinas surgiram ainda por mais duas vezes, apesar de um som que não estava perfeito mas a que nos fomos habituando. Excelente banda que está em crescendo.
Tara Perdida
Uma intro muito épica para uma das instituições punk portuguesas. Um som excelente e um desfilar de hinos punk.
Tiago Afonso, vocalista e guitarrista, começou por demonstrar algum desdém por estar num festival de metal. Não se percebe a atitude, tocar o “Enter Sandman” com ritmo de quizomba não lhes ficou bem. Mas o público conseguiria dar-lhes a volta.
Fartaram-se de dizer para o pessoal não ter medo de curtir o punk rock, mas o pessoal estava a curtir e a cantar com eles. Muitos de nós cresceram com os Censurados e com o Ribas.
Talvez por isso tenham arrancado com “O Que é Que Faço Aqui” e seguiram pela discografia, “Baril”, “Batata Frita” com muito mosh, e ainda “Quanto Mais eu Grito”.
Sempre a relembrar o Ribas, que acho que não há quem não tenha saudades.
Cantaram os parabéns ao Marinho das luzes, depois veio a inevitável “Nasci Hoje” e terminaram com “Bairro de Alvalade” onde tudo começou.
No final, já foi um prazer terem estado no palco, connosco, e foi bom aproveitarmos a vida todos juntos com música.
Nervosa
Depois do punk uma das bandas muito aguardadas. Após mais uma reviravolta na formação, da última vez que cá estiveram no RCA, traziam a Diva Satanica na voz e a Mia Wallace. Agora com Hel Pyre no Baixo, Prika Amaral assumiu a voz. E que grande trabalho fez.
“Seed of Death” lançou o concerto e Prica quase que lançava o micro para a bateria quando o cabelo se lhe embaraçou no suporte.
“Perpetual Chaos” criou isso mesmo, um caos de mosh que não parou.
Este é o tema título do disco mais recente, o alinhamento incidiu sobre este disco.
“Kings of Domination”, “Genocidal Command”, “Venomous” e logo de seguida “Guided by Evil”, sem tempo para parar nem para respirar. Mas é isso que se quer no death. Brutal, rápido e o público que acompanhe.
Pelo meio apresentaram a banda e duas canções novas, “Endless Ambition” e o single que já roda “Seed of Death”, a julgar pelos singles vem aí mais um petardo.
O disco novo chamar-se-á Jailbreak e sai em Setembro.
Um excelente concerto, que também serviu para compensar a desilusão GateCreeper.
Que os nervos lhes continuem.
Ugly Kid Joe
Esta banda lançou muita polémica, uma vez que ninguém estava à espera deles. Também levou a que muitos se recusassem a comprar bilhete como protesto.
Efetivamente uma banda que praticamente passa despercebida desde 1996 não seria grande chamariz. Lançaram um disco em 2015, Uglier Than They Used ta be e em 2022 Rad Wings of Destiny, um trocadilho com Judas Priest.
Foi complicado vê-los como cabeças de cartaz. No entanto, os que se deslocaram, puderam ver como é um grande concerto de rock’n’roll.
Whitfield Crane é um excelente frontman, mas também ajuda que o público do Vagos sabe apoiar quem está em cima do palco, sejam pequenos ou grandes. É para fazer uma festa com todos.
“That ain’t Living” começou o concerto. Tema do novo disco arrancou umas palmas e mostrou que tinham o melhor som do dia.
“VIP” do “Menace to Sobrierity” lembrou os anos 90, e de repente percebemos porque é que os ouvíamos naquele tempo. Aqueles dois discos America’s Least Wanted e o Menace to sobrierity marcaram aquela época, era impossível fugir deles nas rádios.
“Neighbor” fez-nos ver que apesar de uma série de anos passados ainda sabemos as letras. Foi gritada pelo público.
As músicas podem não ter a complexidade técnica dos Gatecreeper, mas são muito bem tocadas por excelentes executantes.
Crane falou da lua que estava bonita, de como quiseram aumentar a Bíblia com “Jesus Rode a Harley” e em “Panhandlin’ Prince” tivemos um excelente solo de Klaus Eichstadt. A demonstrar que lá porque se sabe tocar muito não se tem que fazer tudo complexo.
À medida que as músicas decorriam o público ficava conquistado. Chris Catalyst, o outro guitarrista, deixou a namorada em casa e não se podia esquecer dela porque fazia anos hoje.
Vagos cantou os parabéns à Kat, mais um momento de comunhão sabiamente orquestrado por Crane, para depois lançar “Cats in the cradle”. Atualmente já só se conhece esta canção como sendo dos Ugly Kid Joe (apesar de ser um cover)
Dave Ellefson, dos Dieth (e segundo Crane, eternamente dos Megadeth), veio ajudar na interpretação do “Ace of Spades”. E, com esta malha, não se resiste ao mosh.
Terminaram com a óbvia, “Hate Everything About You”, que já que se andava no mosh, continuou com um bom circle pit.
A organização arriscou, pode não ter ganho, mas quem foi ganhou um grande concerto de rock. Concertos não se devem perder.
Megara
Para terminar tivemos as sensibilidades Pop, industrial e coloridas dos Megara.
A banda espanhola com uma imagem que remete para o Halloween, colorido e com laivos cyberpunk deu um bom concerto.
“Esclava del Aire” e “Saturno” começaram. Falou em inglês mas logo que lhe fizeram perceber que essa coisa de nos ofendermos se falam espanhol connosco é parva.
“Bienvenido al desastre”, “Invólucion” com mais eletrónica. “Almas” é uma balada que arrefeceu o clima. Terminaram com “Héroes” e “truco o trato”.
Apostando na vocalista Kenzy e num espetáculo visual (rosa e preto) e teatral os Megara deram um bom concerto para encerrar o segundo dia.
Bandas anunciadas para o Vagos Metal Fest 2024
Nesta sexta-feira à noite, a organização do Vagos Metal Fest anunciou alguns nomes do cartaz de 2024: Blind Guardian, que contam com quarenta anos de carreira e Samael, os suíços, que estiveram o ano passado a tocar, na íntegra, o Passage na primeira parte dos Moonspell.
Além destes nomes grandes internacionais, estão confirmados dois nomes nacionais. Mão Morta, uma das nossas bandas mais lendárias, expoentes do experimentalismo e da intensidade que põem nos seus concertos – já lá vão os anos das facadas em palco-, mas são sempre uma banda a ver e a acompanhar. Arte total.
Os Toxykull completam o lote inicial. No underground nacional todos conhecem a máquina de speed metal que esta banda é. Vai ser um concerto muito especial, esperemos que tragam convidados uma vez que têm feito umas colaborações muito boas. Vão ouvir “Nascida no Cemitério” ou “Morredouro”.
Abriram de imediato uma pré-venda de bilhetes para 2024, nas bilheteiras do festival, pelo valor de 70 euros.
Recorde a primeira noite de Vagos Metal Fest 2023:
– Trovões Metálicos Em Vagos: O Primeiro De Três Dias Com Bandas Lendárias



















