O Palácio do Sobralinho, em Vila Franca do Xira, foi o cenário escolhido pela companhia teatral Inestética para a apresentação da ópera O Corvo, a partir de Edgar Allan Poe, e com tradução de Fernando Pessoa, que tem estreia marcada para o próximo dia 10 de dezembro.
O Corvo é uma ópera de câmara composta a partir do poema The Raven de Edgar Allan Poe, com música de Luis Soldado e encenação de Alexandre Lyra Leite, e conta com direcção musical de Rui Pinheiro, figurinos de Rita Álvares Pereira, interpretação do barítono Rui Baeta e da bailarina Sara Chéu.
A treva enorme fitando, fiquei perdido receando
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais
– Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.O Corvo – tradução de Fernando Pessoa
Sobre esta adaptação, explica a companhia no seu texto de apresentação: “Através de uma notável arquitectura poética, que se assemelha a uma composição musical, Edgar Allan Poe criou um universo sombrio, onde um homem enfrenta a perda, o medo, a solidão e o vazio. O carácter dramático e intrinsecamente musical do poema “The Raven/O Corvo”, construído a partir de um raciocínio profundamente matemático e traduzido de forma exemplar por Fernando Pessoa, serviu de inspiração e base estrutural para a composição desta ópera de câmara, que explora a forte dimensão visual e sonora de um dos mais extraordinários textos de Allan Poe. O espaço cénico é habitado pelo protagonista, três músicos que formam uma pequena orquestra sombria e uma bailarina, cuja presença ambígua simboliza a figura da mulher morta (Leonora), a devastação interior e a própria morte”.
O Corvo vai estar em cena de 10 a 20 de dezembro de 2015, no Palácio do Sobralinho,em Vila Franca de Xira, de terça a sábado às 21h30 e domingo às 18h00. Os bilhetes podem ser adquiridos online e no local e os bilhetes custam 10 euros e 7,50 euros para jovens e séniores.
Texto de Elsa Furtado
