Os Bonitos Êxitos De Maria Bethânia

Reportagem de Madalena Travisco (texto) e Joice Fernandes (fotografia)

Maria Bethânia trouxe ao Coliseu dos Recreios em Lisboa, na noite de 21 de outubro, o primeiro dos concertos em Portugal Bethânia – Grandes Sucessos. Com temas escolhidos a dedo, impressionou pela voz poderosa, capaz de cantar ou declamar em qualquer intensidade.

Desde a entrada “Brilhante, ê“ do “Gema” até ao “É a vida, é bonita e é bonita” do “O Que É, O Que É?” já no encore a marcar o fim inspirador do concerto.

Pelo meio, muito e bom; canções românticas, momentos intimistas, momentos sacudidos, poemas declamados, sambas de roda, medleys e declarações.

Parca no contacto verbal direto com a plateia, dirige-lhes agradecimentos atirando beijos e em vénia, depois de “O quereres” e “Dona do raio e do vento”:

“Muito obrigada. Muito obrigada senhores. Com licença Portugal. Muito obrigada. Com licença”.

Desfila canções e poemas que magnetizam os olhos do público: “Onde estará o meu amor”; “Gostoso demais” com o “Quando estou com você/ estou nos braços da paz” cantado por todos e aplaudido veementemente. Espaço para o poema de Luiz Carlos Lacerda antes do “Esse cara“ que reza assim:

Mora comigo na minha casa
Um rapaz que eu amo
Aquilo que ele não me diz porque não sabe
Vai me dizendo com o seu corpo
Que dança pra mim
Ele me adora e eu vejo através de seus olhos
O menino que aperta o gatilho do coração
Sem saber o nome do que pratica
Ele me adora e eu gratifico
Só com olhos que eu vejo
Corto todas as cebolas da casa
Arrasto os móveis, incenso
Ele tem um medo de dizer que me ama
E me aperta a mão
E me chama de amiga.

O desfile prossegue com temas tão diversos como “Estado de Poesia”; “Fera ferida”; “Negue”; “Lagrima”, “Balada de Gisberta (tema de Pedro Abrunhosa)”, momento instrumental (utilizado também para troca de indumentária), “Cálice”; “Sonho impossível”; “Rio de Janeiro (isto é o meu Brasil)”; “Doce” (Quem cantou a Bahia foi Oxum/Foi Oxum quem encantou (…) viva Caymmi!); “Eu e água”; “Imbelezô/vento de lá” até ao “Samba da Benção” (Vinícius de Moraes) – momento de um saravá geral:

“Benção a Vinicius de moraes, meu branco mais preto do Brasil,
(…)
saravá
Benção a todos os parceiros de Vinicius,
Benção a todos os sambistas do meu Brasil,
o branco, o preto, o mulato, o negro, o índio, o lindo de pele macia
(…)
Benção a todos os compositores que fazem cintilar os ceus do Brasil
(…)
Saravá
Benção a Caetano, meu irmão
Benção a Chico Buarque de Holanda
(…)
Benção a Lisboa com seus dias, jardins ensolarados, suas noites fragadas pelo fado, suas madrugadas banhadas de lua e paixão.
Lisboa com seu sal de mar e doce de seu rio
Benção Portugal, pátria de poetas
Benção da lingua portuguesea, minha pátria
Benção de Fernando Pessoa , poeta da minha vida
Fonte para minha sede, poeta que sustenta minha respiração, o ritmo desassossegado do meu coração (…)
Saravá.
Benção a cada um dos Senhores.
Benção. Porque eu sempre estou só começando

Depois deste saravá geral, ainda houve “Ambar”; “Soneto de infidelidade” (“(…)Mas que seja infinito enquanto dure”); “Esotérico”;“É o amor”; Olhos nos olhos“; “Volta por cima”; “Meu amor é marinheiro”; “Santo amaro ê ê – quixabeira” e “Reconvexo”. “Non, Je Ne Regrette Rien” (famosa com Edith Piaf) marcaria o final do concerto para uma plateia extasiada que lamentaria se não regressasse.

Ei-la de volta, Maria Bethania com os músicos Marcio Mallard, Túlio Mourão, Pedro Franco, Paulo Dafilim, Carlos César, Marcelo Costa e Jorge Helder.

“Muito obrigado Senhores, muito obrigada. Gratíssima mais uma vez.”

Trouxe “Menino Grande” – tema menos conhecido que acompanha Bethânia neste “show de rua” antes do do Gonzaguinha que encerrou esta noite tão bonita, tão bonita e tão bonita. Obrigada Senhora. Gratíssimos também.

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