Plácido Domingo Em Lisboa: Noite De Ópera, Zarzuela E Fado

Reportagem de Tânia Fernandes e Noémia Barros

Plácido Domingo
Plácido Domingo e Kátia Guerreiro

Há artistas que resistem de forma intocável ao teste do tempo. Plácido Domingo, o tenor lírico, músico e maestro espanhol, é um desses exemplos, como pudemos comprovar, mais uma vez, este domingo, na Altice Arena.

Aos 82 anos, exibe uma capacidade vocal notável, demonstra uma técnica irrepreensível e uma expressividade versátil.

A sua paixão pela música continua a cativar plateias por todo o mundo. Encanta, pela forma empenhada como interpreta árias de ópera famosas. A sua voz é vigorosa e com capacidade de transportar emoções. A sua versatilidade é evidente ao transitar pelos diferentes estilos da ópera, desde as tragédias românticas até às comédias mais leves.

No concerto, este domingo, Plácido Domingo foi acompanhado pela Orquestra Sinfonietta de Lisboa, composta por 65 músicos.

A primeira parte do concerto, foi dedicada a este estilo, com Plácido Domingo a partilhar o alinhamento com a soprano Mané Galoyan. Interpretaram, cada um, temas como “Nemico della Patria” de Umberto Giordano, “Senza mamma” de Giacomo Puccini, “O vin, dissipe la tristesse” de Ambroise Thomas e “Depuis le jour” de Gustave Charpentier. Terminaram esta primeira parte numa interpretação conjunta de “Mira, d’acerbe lagrime”, conhecido tema da ópera Il Trovatore de Giuseppe Verdi.

Além da ópera, Plácido Domingo também tem explorado, ao longo da sua carreira, outros géneros musicais, como a zarzuela (estilo lírico-dramático espanhol) assim como canções populares.

Foi este o mote da segunda parte do seu concerto. Interpretou, entre outras, “Luche la fe por el triunfo” de Federico Moreno-Torroba e “Quiero Desterrar” de Soutullo y Vert.

A primeira surpresa da noite foi anunciada pelo próprio artista. “Esta noite temos outro Plácido Domingo, que é o meu filho”. Trouxe uma expressão de calorosa simpatia e um estilo mais ligeiro com “Sabor a Mi”, tema de Álvaro Carrillo.

De seguida, foi Plácido Domingo Jr quem chamou, orgulhoso, o pai e juntos interpretaram “Adoro” de Armanso Manzanero.

A convidada seguinte, não sendo surpresa, era muito esperada. Kátia Guerreiro foi anunciada como a “extraordinária artista portuguesa”. Fazia-se um parêntesis no espetáculo para se ouvir cantar o fado com “Asas”. Acompanharam-na os talentosos músicos Frederico Gato no baixo acústico, André Ramos na viola e Pedro de Castro na guitarra portuguesa.

O maestro voltou depois a juntar-se a Kátia Guerreiro no palco para um comovente e intenso “Foi Deus”, seguido de “Coimbra”. Kátia Guerreiro agradeceu a honra de voltar a cantar com Plácido Domingo. Partilhou ainda que já teve cantores líricos que se aproximaram dela para cantar o fado, mas que perceberam que muito dificilmente o conseguiriam fazer. “Por isso, esta noite, devemos um ‘Ahhh Fadista!’ ao maestro!”.

A noite já ia longa, com cerca de duas horas de concerto, quando todos os artistas se juntaram no palco para interpretar o clássico “Besame mucho” de Consuelo Velazquez. Uma canção intemporal, que fala sobre a paixão avassaladora e a saudade de um beijo apaixonado, a fechar esta noite de música, tão calorosa.

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