Restaurante Santi: O Sul De Itália Vibra Em Lisboa Com A Nova Cozinha Do Chef Luccas Paixão

Reportagem de Tânia Fernandes (Texto) e António Silva (Fotografias)

Ravioli di Pesce Al Limone

No coração do Largo de Santos, em Lisboa, o Restaurante Santi afirma-se como um ponto de encontro entre a tradição italiana e a criatividade contemporânea. A nova carta, desenhada pelo Chef Luccas Paixão — que chegou no final de janeiro —, mergulha nos sabores intensos do sul de Itália e revela uma cozinha de autor que surpreende pelo equilíbrio entre autenticidade e inovação.

Com mais de 15 anos dedicados à cozinha italiana, Luccas construiu um percurso entre trattorias tradicionais e restaurantes com estrelas Michelin, sobretudo em Modena, onde teve oportunidade de experimentar, estudar e desafiar os sabores clássicos. Chega agora a Lisboa com o desejo de cruzar a intensidade do sul de Itália — Nápoles, Palermo, Bari — com a frescura e autenticidade dos produtos locais. “Quis trazer o brilho, o frenesim e a cultura da cozinha italiana, mas também equilibrar com os sabores de cá. Há muito em comum entre Portugal e o sul de Itália: o mar, o alho, o picante, a simplicidade”, explica-nos.

Um restaurante que é também um bar e um ponto de encontro

O Santi não se esconde num décor luxuoso. Pelo contrário, assume uma estética despretensiosa e descontraída, com inspiração pop e industrial, que respeita o edifício antigo onde está inserido. A atmosfera é jovem, com um target entre os 25 e os 40 anos, predominantemente português, e privilegia os momentos de partilha: os pratos são pensados para isso mesmo. Quando o jantar termina, o restaurante transforma-se — ou prolonga-se — num bar com música e copos a acompanhar, incentivando os clientes a ficar e a aproveitar a noite.

Com uma esplanada generosa com cerca de 60 lugares e dois pisos interiores — sendo o superior frequentemente usado como espaço de espera — o restaurante tem vindo a tornar-se ponto de encontro obrigatório para quem procura uma cozinha italiana honesta, surpreendente e com um serviço atento, que quer marcar pela diferença.

A Viagem Pelos Sabores do Sul

A refeição começa com um gesto de boas-vindas: a Caponara, uma versão leve e delicada de ratatouille, feita com beringela, tomate cherry e azeitona, que reflete o tom mediterrânico da casa. Acompanhamos com focaccia e scrocchiarella feitas a lenha — o forno é levado muito a sério por aqui.

Nas entradas, destacam-se sugestões como a Montanara, uma pizza frita com topping de tomate e mozzarella de búfala, e os Arancini, com risotto de açafrão, recheados com um ragu de novilho e porco preto, finalizados com uma espuma leve de parmesão. A simplicidade dos ingredientes revela-se cheia de camadas, num jogo de texturas e sabores que é tudo menos banal.

Outro ponto alto da carta é o Antipasti Misto di Mare, que junta uma salada de lulas com camarão e uma salada de polvo com batata, tudo servido com molho de manjericão e um cracker negro feito com tinta de choco. A parmegiana de beringela, cozinhada com alho e manjericão, impressiona pelo equilíbrio entre acidez e doçura, e pela delicadeza com que o tomate é preparado.

Pizzas e Pastas com Assinatura

No Santi, as pizzas resultam de uma fermentação cuidada com três farinhas diferentes, incluindo trigo barbela português. A massa tem elevada hidratação e torna-se crocante por fora e macia por dentro — uma base perfeita para coberturas que respeitam a tradição e a sazonalidade.

Nas pastas, tivemos a oportunidade de provar Ravioli di Pesce Al Limone, massa caseira recheada com dourada ao limão, servido com um molho de marisco que junta vinho branco, tomate e salsa. É um prato delicado, mas cheio de carácter, onde se percebe o balanço de sabores que o chef Luccas procurou construir.

Sobremesas com Sotaque Português

As sobremesas são outro campo onde o chef arrisca. O Babá, bolo típico napolitano embebido numa calda de rum, surge aqui fundido com a famosa “Delícia de Limão” da Costa Amalfitana. O Cannoli é menos doce do que o habitual, porque é feito com requeijão de Azeitão em vez de ricotta. O Tiramisù inclui vinho do Porto e a Panacota leva ginja portuguesa. A fechar, um digestivo caseiro: Limoncello feito no restaurante, como manda a tradição.

Um Pedaço do Sul de Itália em Lisboa

No Santi, come-se bem, mas vive-se também uma experiência. Há dois dedos de conversa com o gerente ou os empregados, recomendações sempre que surgem dúvidas na escolha e uma aproximação real ao cliente já pouco sentida numa capital invadida de turistas. Proporciona um mergulho nos pratos do sul de Itália, sem perder a alma portuguesa. Há respeito pelas raízes, mas também a ousadia de testar novas combinações. E isso sente-se em cada garfada. Se ainda não conhece, marque já uma mesa — ou arrisque aparecer. Pode ser que tenha de esperar um pouco no piso de cima, mas valerá a pena.

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