A primeira noite do Rock in Rio Lisboa 2024 contou com a presença de grandes estrelas do rock que marcaram os anos 80: Scorpions, Extreme e Europe.
Destaque ainda, no primeiro dia, para a energia e a potência dos Evanescence, representando as gerações mais recentes do rock. Um cartaz que revela que o espírito do rock continua mais vivo do que nunca.
A máquina da saudade continua a gerar lucro. Ninguém quer perder a oportunidade de ouvir, ao vivo, músicas que marcaram a adolescência. E pouco se interessam por temas que essas bandas tenham composto mais recentemente.
Foi essa a lição que retirámos deste primeiro dia de Rock in Rio Lisboa 2024. Um cartaz fechado com nomes que já tiveram o seu tempo de antena na rádio, mas que agora remetem para a gaveta da nostalgia.
Resultado? Recinto lotado, com 80 mil pessoas.
Scorpions – Cinco Décadas de Carreira
A longevidade é uma das características da banda de rock alemã, formada em 1965, em Hanover, pelo guitarrista Rudolf Schenker. Os Scorpions são conhecidos por serem uma das bandas de hard rock mais icónicas e influentes da história da música.
Presença regular em Portugal, mantém um registo muito profissional. Ao vivo, destacam-se pela destreza musical dos seus elementos, com solos de guitarra impressionantes de Matthias Jab. Este noite, assistiu-se ainda ao tremendo solo de bateria de Mikkey Dee. Klaus Meine mantém o registo vocal a um bom nível, mas é conhecido que, fisicamente, ainda estará a recuperar de uma cirurgia complexa a que se submeteu recentemente. Recorde-se que este frontman fintou a reforma e conta já com 76 primaveras, celebradas este ano.
A banda ficou conhecida pelos seus hinos de rock e baladas. “Send Me an Angel”, “Wind of Change” (dedicado “a todas as pessoas que amam a paz no mundo”, com a bandeira de Portugal pelas costas) e “Big City Nights” foram alguns dos sucessos com que o público do Rock in Rio Lisboa vibrou esta noite. Servidas em bandeja, de encore, foram “Still Loving You” e “Rock You Like a Hurricane”.
Deixaram, esta noite, em Lisboa, um testemunho do seu talento e dedicação à arte do rock.
O Regresso de Joey Tempest e os Seus Amigos de Escola
Antes, do outro lado do recinto, o público concentrou-se para ouvir um dos nomes mais conhecidos do hard rock dos anos 80: banda sueca Europe. Atingiram a popularidade com o lançamento do seu terceiro álbum de estúdio, The Final Countdown, em 1986. E foi essa contagem decrescente que o público fez ao longo do concerto.
A imagem angelical, que recordamos dos videoclips dos anos 80, deu lugar a traços mais duros. No entanto, a voz de Joey Tempest mantém-se firme e o timbre igual. Inabalável é também a energia com que abraça os temas e a vontade de trazer o público para o seu nível de vibração.
Conseguiu-o com “Rock the Night” desse conhecido álbum e “Carrie”. O público cantou em uníssono. Aproveitou a adesão da multidão para apresentar o novo “Hold Your Head Up”.
“Superstitious” cruzou com um inesperado “No Woman, No Cry” de Bob Marley and the Wailers, que não caiu nada mal.
A banda arriscou uma saída precoce de palco e claro que todos pediram um encore. “Cherokee” e a muito esperada “The Final Countdown” com seu inconfundível riff de sintetizador e coro épico, deixaram o público bem consolado de mega hits saudosistas.
Surpreendemo-nos ainda, com o domínio extraordinário do vernáculo português da parte de Joey Tempest. You rock, man!
Evanescence – Autenticidade e Paixão ao Vivo
Com muitos seguidores pelo recinto, a atuação dos Evanescence era uma das mais aguardadas nesta noite. A banda de rock norte-americana é de 1995 e ganhou destaque mundial com o lançamento do seu primeiro álbum, Fallen, em 2003, do qual se destaca, entre outros “Going Under” que também cantou esta noite.
A voz de Amy Lee ao vivo é uma das razões do sucesso da banda ao vivo. A cantora possui uma ampla extensão vocal que abrange várias oitavas. Amy Lee é capaz de alcançar notas muito agudas com clareza e precisão, bem como notas graves com profundidade e riqueza.
Esta flexibilidade permite-lhe interpretar uma vasta gama de estilos musicais, desde baladas até canções de rock mais intensas. Em palco acrescenta emoção e supera assim, muitas vezes ,as versões de estúdio.
Neste final de tarde, no Rock in Rio Lisboa, trouxe para o final do alinhamento, ao piano, os grandes hits da carreira: “My Immortal” e fechou com “Bring Me to Life”.
Antes, ao introduzir “Use My Voice” deixou importantes recados ao público: “Não deixem que falem por vocês, que vos façam sentir que o que pensam não interessa”. “O amor é poderoso. Usem o vosso fogo para algo bom. Usem a vossa voz”, disse Amy Lee.
Extreme e Xutos & Pontapés
Pelo Palco Mundo passaram ainda os Extreme, banda de rock de Massachusetts, Estados Unidos, com um lugar especial no coração dos portugueses. Para o facto contribuem dois fatores: Nuno Bettencourt, o guitarrista de origem açoreana e o tema “More Than Words”, uma balada acústica que se tornou um enorme sucesso mundial, alcançando o topo das tabelas em vários países. Foi por aqui que tiveram o momento alto da atuação.
O palco principal abriu às 16h00, com a atuação de Xutos & Pontapés e a Orquestra Filarmónica Portuguesa, dirigida pelo maestro Osvaldo Ferreira. Foi um início de tarde recheado de grandes êxitos como “Contentores”, “Circo de Feras” ou “Homem do Leme”.
Xutos & Pontapés é um nome habitual no alinhamento do Rock in Rio Lisboa. Nesta edição coube-lhes a honra de abrir o palco mais icónico. “Estávamos à espera de ter meia dúzia de casais e afinal temos esta gente toda” referia Tim, a meio da atuação.
A verdade é que se sentiu a grande afluência de pessoas desde muito cedo. Longas filas para a recolha de brindes, WCs ou restauração e pouca fluidez na passagem entre palcos comprometeram alguns momentos do festival.
A mudança de recinto trouxe novos desafios à organização e também o público se esteve ambientar aos novos espaços neste primeiro dia de festival. O amplo anfiteatro da Bela Vista deu lugar a áreas mais limitadas que impedem o público de se sentar para assistir a concertos.
Este domingo, dia 16 de junho, atuam no Rock In Rio Lisboa, os seguintes artistas: Ed Sheeran, Calum Scott; Jão, Fernando Daniel; Lukas Graham; Jake Bugg; Diego Miranda; Carolina de Deus; Lauren Spencer Smith; Iñigo Quintero; Capitão Fausto e Neyna.
Não podemos deixar de recomendar um agasalho para a noite, calçado confortável e muita paciência para as filas que vão encontrar. Os bilhetes para este segundo dia também já se encontram esgotados.


















