Rock In Rio Lisboa – O Dia Das Canções Que Curam Dores De Coração

Reportagem de Tânia Fernandes e Vânia Marecos

Rock in Rio Lisboa
Ed Sheeran - Rock in Rio Lisboa ©helenayoshioka_RIRLisboa

Ed Sheeran, Calum Scott e Lauren Spencer Smith foram alguns dos nomes que animaram o segundo dia de Rock in Rio Lisboa 2024. Em comum? Trovadores da pop atual, que cantam e aplicam verdadeiros bálsamos, com as suas rimas, às dores de amor.  

Lotação esgotada, de acordo com a organização, mais uma vez, no segundo dia de Rock in Rio Lisboa 2024. A experiência, no recinto, continua a ser desafiante.  Os cálculos oficiais ditam um aumento de espaço disponível, face à Bela Vista. No entanto, a disposição das diferentes áreas faz com que, na verdade, o espaço de que as pessoas dispõem para assistir aos concertos no palco Mundo seja mais reduzido. Quando há, claramente, um nome mais forte no cartaz, como foi o caso de Ed Sheeran, este domingo, não há como dar boa visibilidade a 80.000 pessoas.

O Retorno Triunfal de Ed Sheeran ao Palco do Rock in Rio Lisboa

Dez anos depois de ter atuado no Rock in Rio Lisboa, Ed Sheeran regressou com outro estatuto, mas a mesma atitude simples de quem dá a alma pela música. Reconhecido pela sua habilidade de transformar grandes recintos em espaços intimistas com apenas a sua guitarra e pedal loop, o cantor britânico explicou, logo no início do concerto que nada ali é pré-gravado e todas as músicas são tocadas de forma integral, ao vivo. E sem o apoio de uma banda. Ed Sheeran é one man show: monta a música com a sua técnica, canta, interpreta, e ainda tem capacidade de fazer de maestro com o público que tem em frente.

Repetiu a fórmula de sucesso a que assistimos no dia 2 de junho de 2019 no Estádio da Luz, quando esgotou duas datas, mas agora está ainda mais à vontade com o público.

Certo é que, hora e meia de concerto passou num ápice. Com mudanças de tom, mas sem quebras de ritmo, com muitas reflexões pessoais pelo meio, em jeito de enquadramento dos temas, mas também de partilha intima.

O alinhamento fez-se de grandes êxitos. “Castle in The Hill” a abrir, logo com fogo de artificio a disparar no arranque do refrão. Seguiu-se “Shivers”, “The A Team” e “Give Me Love”. Seguiu-se um surpreendente medley em que cruzou “Take It Back / Superstition / Ain’t No Sunshine”.

©marcelletauchen_rirlisboa24

Uma das referências mais emotivas que fez, durante a noite, foi à morte do seu amigo Jamal e ao difícil processo de superação dessa dor. Durante o luto escreveu o tema que apresentou se seguida ”Eyes Closed”. Uma espécie de crença na possibilidade de o poder voltar a ver.

Seguiu-se “Don’t / No Diggity” e antes de “Thinking Out Loud”, com alguma graça disse que se não a soubéssemos cantar era porque estávamos no concerto errado. Todos pareciam estar no sitio certo e continuaram a cantar com o rei da noite “Photograph” e “Sing” a mostrar a sua capacidade de falsete.

Explicou depois que o seu único interesse é a música. Gosta de escrever canções, de estar em palco e não tem outros hobbies. “Não sei fazer outra coisa!”. Há temas que compõe que são interpretadas por outros artistas, como é o caso de “Love Yourself” de Justin Bieber.

Uma das mais bonitas canções de amor foi cantada pelo maior coro do país: “Perfect”. Para a reta final e antes do fogo de artifício ouviu-se “Bloodstream”, “You Need Me, I Don’t Need You”, “Shape of You” e “Bad Habits”.

Com uma abordagem humilde e acessível, Ed Sheeran trouxe a Lisboa, uma mistura de pop, folk, hip-hop e R&B. É um dos mais adorados artistas da pop e confirmámos, esta noite, intenção de o manter nessa lista.

Calum Scott – Amor, perda e autoaceitação

Calum Scott é um cantor e compositor britânico, com a capacidade de envolver multidões com a sua voz e letras comoventes. Foi com uma enorme carga emocional que atuou neste final de tarde no Rock in Rio Lisboa. Sempre com os sentimentos à flor da pele.

“Tenho a obrigação de vos fazer chorar. Foi para isso que me contrataram!”

Emocionado de estar a pisar o palco do Rock in Rio, explicou em determinado momento o seu percurso na música. Que ficou famoso ao participar no concurso televisivo “Britain’s Got Talent”, mas que antes disso integrava uma banda de tributo aos Maroon 5. Costumava ver as atuações da banda, para melhorar a sua própria performance e um dos vídeos a que mais assistiu foi precisamente de um concerto no Rock in Rio. A explicação serviu para introduzir a cover “This Love”.

Teve ainda oportunidade de estrear um tema novo ao vivo “Roots”. Para o fim deixou “You are the reason” e fechou com a música que lhe deu notoriedade no concurso: “Dancing on My Own”, a cover de Robyn.

Lauren Spencer Smith – A Versão Feminina das Canções Tristes

Antes, no palco Tejo, ficámos a conhecer a jovem Lauren Spencer Smith. Mais um nome descoberto num concurso de talentos – American Idol, que se dedica às dores de alma. As suas canções autobiográficas falam sobre amores e dissabores, reflexão, cura e crescimento.

Com muitas fãs junto ao palco, a cantar os seus temas, Lauren emocionou-se ao ler, num cartaz que uma das admiradoras tinha ido a Los Angeles ver um concerto seu.

A mensagem também foi clara, logo no início do concerto “Se acabaram agora uma relação e se querem ouvir músicas tristes, estão no sítio certo. Só vão ter uma música mais alegre e vem lá mais para frente!”. E ninguém arredou pé deste sofrimento melódico e regenerador!

Com apenas 20 anos, Lauren é uma das artistas revelação da atualidade. Trouxe temas antigos como “Back to Friends”, cancões do seu primeiro album Mirror, mas também novidades como “The Problem” que irá integrar o segundo álbum, no qual a cantora se encontra agora a trabalhar.

Jão recriou uma rádio para este seu espetáculo no Rock in Rio Lisboa. Este foi o primeiro concerto do artista, depois do lançamento do disco Supernova, este mês.
O cenário inspira-se na música, “Rádio”, que integra o álbum anterior SUPER, de 2023. “Idiota”, um dos seus êxitos que muito passou na rádio em Portugal, deixou todo o recinto a pular com Jão. Um concerto muito divertido neste final de tarde.

Jão
Jão

O público feminino recebeu Fernando Daniel com grande entusiasmo. O cantor e compositor português tornou-se conhecido ao participar no Factor X Portugal e ao vencer a 4ª edição do talent show The Voice Portugal.

Depois de “Cair” recordou, neste início de tarde, a primeira vez que veio ao Rock in Rio, em 2018. ”Na altura, disse à minha namorada que ia trabalhar para um dia estar no palco principal”. Hoje celebra uma atuação muito feliz que contou com uma surpresa: a participação inesperada de Lukas Graham, que se juntou a Fernando Daniel para cantar, em português, “A Minha Casa És Tu”. Telemóvel debaixo de olho para não falhar a letra, mas muito empenhado neste desafio.

Fernando Daniel

Lukas Graham atuou mais tarde, no palco Galp.

A tarde começou com a música de Cabo Verde, com a atuação de Neyna no palco Tejo.

Jake Bugg é uma banda de folk rock e indie rock liderada por Jake Bugg, um cantor e compositor britânico. Entre a folk e o rock moderno, com alguns arranjos acústicos, a música de Jake Bugg passou pelo blues e pela música country.

O Rock in Rio Lisboa volta a abrir portas no próximo fim de semana.

Dia 22 de Junho: Jonas Brothers; Macklemore; Ivete Sangalo; Carolina Deslandes; James; Filipe Karlsson; Kura; Ornatos Violeta; Fonzie; Dilsinho

Dia 23 de Junho: Doja Cat; Camila Cabello; Ne-yo; Aitana; Luísa Sonza; Pedro Sampaio; Anselmo Ralph; Soraia Ramos; Mc cabelinho; Veigh; Profjam; Danni Gato

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