Nada se compara a um concerto de Sigur Rós. A música que fazem, quando tocada ao vivo, tem a capacidade de conduzir as pessoas a uma espécie de estado meditativo. Não há refrões para cantar, só mesmo muitos aplausos. Ontem, foi assim durante cerca de três horas de concerto, no Campo Pequeno, em Lisboa.
Sigur Rós, o grupo islandês conta já com mais de 25 anos de carreira e continua a impressionar o mundo com uma música etérea. Cantam na sua língua nativa (islandês) e noutra que nem existe (oficialmente). Quem assiste não entende uma palavra do que cantam, mas sentem e refletem emoções.
O concerto, em Lisboa, iniciou minutos depois das 21h00. Num ambiente de pouca luz,
entraram em palco os fundadores Jón Þór Birgisson e Georg Hólm, que contam, nesta digressão com Kjartan Sveinsson, ex-membro, que está de volta à banda quase uma década após ter se dedicado a outros projetos. Ólafur Ólafsson acompanha-os, na bateria.
O palco está decorado com uns cabos equidistantes, que preenchem espaços com linhas. Há luzes espalhadas, em cima de colunas, que acendem e apagam, ajudando a dar corpo às músicas. Por vezes parece que se soltam os demónios e do ambiente angelical transitam para sonoridades mais pesadas. Como se tivessem a explorar a natureza e encontrassem na música, o lado mais selvagem. E o público acompanha-os, no transe.
O concerto abre com “Vaka”. No ecrã de fundo, destaca-se uma constelação que se molda e se desdobra. as estrelas ligam-se umas às outras e acumulam-se na forma de um rosto humano. Os gritos solitários do vocalista fazem crescer uma melancolia agridoce.
Os sentidos vão sofrendo sucessivos assaltos, com o som da guitarra elétrica que é tocada de forma original, com um arco de violoncelo. As imagens vão alterando, de tema para tema, mas mantêm-se monocromáticas.
O concerto, dividido em duas partes, contou a história dos Sigur Rós, que estão em processo de composição e gravação de um novo álbum de estúdio, depois de um interregno de 9 anos. Lisboa, pode assim assistir à apresentação de duas novas músicas “Gold 2 ” e “Gold 4”.
Ainda que a sala não tenha sido uma escolha brilhante, atendendo ao género de música, o público mergulhou no ambiente angelical criado. Jón Þór Birgisson explora melodias vocais, para entusiasmo do público, que na maior parte do tempo se mantém em silêncio. Em meditação.
A uma primeira parte mais introspetiva, seguiu-se uma segunda, em que se sentiu a banda mais solta. Foi uma espécie de tempestade de emoções, que se abateu neste concerto em Lisboa, da qual todos saíram depurados por estes cavaleiros da Islândia do apocalipse pós-rock.
A digressão dos Sigur Rós vai percorrer a Europa, ao longo de 2022. Passa por Madrid, esta quinta-feira, segue para Barcelona dia 1 de outubro. De Espanha, continua por cidades em Itália, Alemanha, Suíça, Áustria, República Checa, Letónia, Finlândia, Suécia, Noruega, Dinamarca, Polónia, Luxemburgo, Holanda, Bélgica, França, Inglaterra, Irlanda e termina em Reiquejavique, na Islândia a 25 de novembro de 2022.
Alinhamento do concerto, em Lisboa:
Primeira Parte
Vaka
Fyrsta
Samskeyti
Svefn-g-englar
Rafmagnið búið
Ný batterí
Gold 2
Fljótavík
Heysátan
Dauðalagið
Smáskifa
Segunda Parte
Glósóli
E-Bow
Ekki múkk
Sæglópur
Gong
Andvari
Gold 4
Festival
Kveikur
Popplagið



















