Snow Patrol – A Neve Que Aqueceu O Campo Pequeno

Reportagem de Tânia Fernandes e António Silva

Snow Patrol
Snow Patrol

A Praça de Touros do Campo Pequeno recebeu os Snow Patrol de braços abertos, na noite de sábado. Braços que preencheram todos os lugares disponíveis do recinto e que aplaudiram com vigor, durante cerca de hora e meia de concerto. 

Foi um reencontro muito esperado, até porque, pela primeira vez, a banda apresentou-se em nome próprio, em Portugal. Todos os anteriores concertos dos Snow Patrol, por palcos nacionais, foram inseridos em festivais (o mais recente, em 2018). E esta diferença foi evidente desde o início do concerto. Aquela indiferença, de quem assiste em modo de compasso de espera a uma banda que atua antes do nome grande da noite, deu aqui lugar à euforia de quem ali estava só mesmo para os ouvir e ver.

Nesta noite, no Campo Pequeno, a apatia transformou-se em emoção e a melancolia de alguns dos temas mais românticos da banda foi saboreada com prazer.

O concerto de Lisboa foi a última data da digressão europeia. Gary Lightbody poupou em palavras o que deu, sem limites, em melodias. Nas poucas intervenções que fez, entre músicas, sintetizou os seus pensamentos: “vocês são incríveis”!.

Os Snow Patrol arrancaram em festa total com “Take Back The City”. O vocalista e guitarrista entrou aos saltos, pelo palco, com vontade de fazer vibrar o público desde o primeiro momento, e conseguiu com facilidade. Seguiu-se “Chocolate” e depois das bocas adoçadas fez vibrar com um intenso “Crack The Shutters” que todos acompanharam no refrão. O palco esteve quase sempre bem iluminado, com linhas laterais no chão e potentes holofotes laterais e, em fundo, foram projetadas imagens de vídeo diferenciadas para cada uma das músicas. 

Este concerto integra a promoção do álbum Wildness, lançado em 2018, mas a banda só lá chegou ao quarto tema, quando apresentou “Empress”. Voltou-se a sentir o pulso do público, mais acelerado, com “Don’t Give In”, mas é quando regressa a temas mais antigos como “Open Your Eyes” que todos ficam de pé a cantar e dançar. Este é um dos temas do álbum Eyes Open, lançado em 2006, que os tornou conhecidos, a reboque de uma outra canção (“Chasing Cars” cantada mais à frente) que integrou a conhecida série televisiva Anatomia de Grey. E é esta dissecação cantada, dos tormentos do coração, que continua a conquistar admiradores por todo o mundo. “Run” veio de seguida apanhar mais uns fragmentos de alma perdidos. 

Gary Lightbody não se esquece de agradecer a apresentação dos dois músicos que atuaram na primeira parte: JC Stewart e Ryan McMullan, dois jovens artistas que os acompanharam na digressão europeia. Boas vozes, guitarras a acompanhar em bom ritmo, que mostraram talento a Lisboa.

O vocalista dos Snow Patrol dedicou-lhes “Life on Earth”, um tema mais recente, que nos levou numa viagem espacial, através das imagens projetadas. Voltamos a fixar os pés no chão para cantar (e dançar) ao som de “Shut Your Eyes”, um dos temas antigos, em que Gary Lightbody partilha o refrão com o público. Sem surpresas, “Chasing Cars” foi o floco de neve mais quente da noite, aquele tema que mesmo os que foram arrastados para o concerto, reconheceram aos primeiros acordes. 

A banda agradeceu, com entusiasmo e deixou o spoiler da noite “voltamos a ver-nos no verão”. Um regresso a Portugal, que já foi confirmado, com a participação no Festival Marés Vivas, em Vila Nova de Gaia, em julho. 

O encore ficou marcado por dois momentos diferentes, mas especiais. O primeiro, melancólico, marcado pelo néon do tema “What If This Is All The Love” e a despedida, em total euforia com “Just Say Yes”.

Um noite em que ficou reforçada a ligação do público português aos Snow Patrol e aos seus hinos épicos de (des)amor.

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