Sol Da Caparica Fecha 10ª Edição Com Os Mais Novos A Comandar A Festa

Reportagem de Tânia Fernandes (texto) e António Silva (fotografia)

Wet Bed Gang

O último dia de O Sol da Caparica, este domingo, foi também o mais leve em número de público, mas não em energia. A organização revelou um balanço “muito positivo” desta 10ª edição: 110 mil entradas ao longo dos quatro dias e a certeza, sublinhada por André Sardet, de que o festival se afirmou como um evento “nacional”.

O domingo trouxe cerca de 20 mil pessoas ao recinto, maioritariamente adolescentes e jovens adultos. Talvez porque, para muitos outros, a segunda-feira já chamava pelo despertador.

Sippin Purpp

O alinhamento do dia pareceu pensado à medida dessa faixa etária: SippinPurpp abriu a tarde com a sua habitual postura de rapper convencido de que a arrogância é virtude. O público repetia versos como “Arrogante, meu sou arrogante p#ta” ou “Quero uma vida de luxo, extravagante”, enquanto o artista se ocupava mais em segurar o lenço para que o vento da Caparica não lhe arruinasse o look.

O trap nacional tem destas ironias: letras que se querem duras e um intérprete preocupado com o acessório certo.

MC PH

Seguimos para MC PH, fenómeno importado do TikTok que se tornou presença obrigatória nas colunas bluetooth da geração Z.

O brasileiro trouxe ritmo, coreografias e convidados: Nenny, que subiu ao palco para “Delulu”, e Ivandro, que arrancou gritos com “Dopamina”.

Ninguém arredou pé, até porque a despedida de MC PH pedia energia extra: “Muito obrigado pelo carinho e pela energia. Muito obrigado Lisboa e até à próxima!”, lançou antes de encerrar com o hino “Tropa do Pisa”.

Bispo

Seguiu-se Bispo, no palco principal, em registo emotivo. Abriu com “Nós 2”, avançou para “Pormenores”, “Lembra-te” e “Lembrei-me” e contou ao público: “É muito especial para mim vir ao Caparica. Quero pedir essas lanternas no ar. Esta música fiz para a minha avó.” O momento ganhou intimidade quando apresentou “A Viola”.

Seguiram-se convidados de peso: Diogo Piçarra em dueto, Chyna para estrear “Check On” do novo álbum, e Kappa Jotta com “Fim da Noite”. Houve ainda espaço para um set acústico e para “Benção”, música novíssima que trouxe Van Zee ao palco. O concerto terminou em alta com “Não Dá Para Parar”.

Wet Bed Gang

Antes da entrada dos Wet Bed Gang, o recinto virou cenário de batalha campal: copos atirados pelo ar, vozes exaltadas, mas também uma equipa de segurança digna de aplauso. A atuação coordenada com as autoridades evitou que os excessos estragassem a noite que todos esperavam.

Quando finalmente subiram ao palco, a banda voltou a transformar o recinto em nuvem de poeira. O coletivo da Vialonga nunca falha: êxitos atrás de êxitos, versos que todos sabem de cor, um público que parece sempre disposto a saltar até perder o fôlego.

O grande momento da noite chegou com King Bigs, filho da terra, artista do Monte da Caparica que assinou o hino “Rap é Nosso”. Depois, a filha de um dos elementos juntou-se para interpretar “La Bella Máfia”, gesto simbólico que provou como o rap já se transmite de pais para filhos.

Todos queriam que a festa se prolongasse “até às quatro da manhã”, como diz o refrão, mas a música parou mesmo por aí. Ficou a promessa: O Sol da Caparica regressa em 2026, entre os dias 13 e 16 de agosto, para mais um encontro de verão com sotaque nacional e cheiro a maresia.

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