O hip hop nacional, representado por Slow J e Papillon, resgatou o festival Super Bock Super Rock de um dos maiores pesadelos de qualquer organização de eventos: o cancelamento do cabeça de cartaz, no próprio dia. Quem ficou aproveitou estes dois grandes concertos de músicos, a cantar em língua portuguesa.
O rock soou no primeiro dia pelas guitarras de Måneskin, Tom Morello e Royal Blood, que marcaram o ritmo no primeiro dia de festival. Este sábado o grande destaque foi para o rapper britânico Stormzy. “Mesmo que não gostem deste estilo de música, aproveitem esta boa energia”. E foi o que se sentiu pelo recinto, a boa vibe de Stormzy, figura central no cenário do grime, um género musical que combina elementos do hip-hop, garage e dancehall, caracterizado por batidas rápidas e letras incisivas.
Outra das apostas deste festival foi para o encerramento das noites, entregue a sonantes Djs. A produtora musical e cantora russa Nina Kraviz, na primeira noite; o DJ e produtor sul-africano Black Coffee na noite de sexta-feira, caracterizado pela fusão de deep house com ritmos e sonoridades africanas; e o australiano Fisher, na última noite.
A evolução deste festival, que começou na Gare Marítima de Alcântara e centrado no rock tem vindo a acompanhar o gosto das novas gerações. Ganhou identidade no Meco, para onde depois se mudou. Em 2015 fez um parenteses na cidade, mas voltou para o Meco em 2019. Os cartazes revelam as tendências dos mais novos, com os nomes do rap e do hip hop em destaque. É também desenhado a pensar nos que associam a experiência de festival ao campismo.
O problema é que muitos dos festivaleiros não vivem longe e continuam a dar prioridade ao veículo próprio. As entradas e saídas no recinto melhoraram no segundo dia de festival, também pela menor afluência. Mas continuam difíceis.
O recinto é atualmente um enorme campo plano, bem cuidado e com pontos de encontro bem visíveis. O farol no centro, as zonas de lazer circundantes ou mesmo os stands de ativação de marcas são o cenário perfeito, ao final do dia, para as fotografias “eu estive neste festival”.
Slow J
João Batista Coelho, é uma das figuras mais proeminentes do panorama musical português contemporâneo, que assina com o nome artístico de Slow J. Como o próprio recordou, neste dia, “É a quarta vez que toco no Super Bock Super Rock”. A primeira em 2017, num palco secundário, foi suficientemente convincente para ter sido o primeiro nome a ser anunciado, na edição seguinte, no palco principal.
Esta sexta-feira, depois de cancelada a atuação de 21 Savage, Slow J ocupou o seu horário no alinhamento e foi recebido com gritos, histeria e muito amor, qual vedeta internacional da pop. A sua capacidade de adaptação a diferentes estilos e a sua versatilidade como artista tornam-no uma figura central na evolução do hip-hop português. Os mais novos idolatram-no, conhecem todas as letras e mesmo quando a candência é mais rápida, debitam todas as palavras de forma quase impercetível.
Traz para a música temas como a desigualdade, a injustiça social e a luta pela dignidade, dando voz a preocupações de muitos jovens portugueses. Com uma atitude humilde, desfilou os seus grandes êxitos assim que pisou o palco.
Papillon foi a participação surpresa, mas esperada, para “Fam”, numa grande festa celebrada por todos.
Afro Fado, o mais recente trabalho, lançado em 2023, dominou o alinhamento. Todos querem dançar ao som de “Tata”, “Where U@” ou massajar o coração ao som de “Sem Ti”. Na reta final do concerto não faltaram “Teu Eternamente”, “Serenata”, “Vida Boa” e “Também Sonhar”.
Papillon
A quem saiu a sorte grande neste final de mês de julho? A outra conhecida figura do hip hop nacional: Papillon. “É uma benção estar neste palco hoje” referia no início de uma atuação anunciada, no próprio dia.
O cantor aproveitou bem esta oportunidade e com o público conquistado logo à entrada, Papillon fez uma viagem na carreira. Deixou espaço para fazer a multidão vibrar com “Impec”, “Sweet Spot” ou “Camadas”.
Mahalia, a cantora e compositora britânica, mostrou, no Super Bock Super Rock a sua capacidade de misturar R&B com soul e influências de hip-hop. No entanto, ela consegue manter uma identidade própria. As suas letras, muito pessoais, refletem as suas experiências de vida, relacionamentos e crescimento pessoal.
Mais tarde, no palco secundário atuou Mabel, a cantora e compositora britânica, que procura o seu espaço entre o pop e a soul. Filha da cantora Neneh Cherry e do produtor Cameron McVey (Massive Attack, Portishead), a cantora de 28 anos, tenta destacar-se das suas origens e encontrar o seu próprio lugar no ramo da música.
Kenny Mason, é um rapper, cantor, compositor e produtor musical americano de West Atlanta, Geórgia. É conhecido por seu som distinto que consiste em uma fusão entre rock grunge, hip hop e elementos de shoegaze.
Mais tarde, no mesmo palco, atuou Aminé. Rapper, cantor e compositor norte-americano, conhecido pelo seu single de estreia, “Caroline”.
No último dia do festival, Luis Montez (da Música no Coração), o organizador do Super Bock Super Rock avançou as datas para a edição de 2025 do festival: dias 17, 18 e 19 de julho. O promotor referiu que o festival se manterá no Meco “Se as condições o permitirem”.



















