Ontem à noite, o LAV – Lisboa Ao Vivo – acolheu uma das bandas mais emblemáticas do movimento de música gótica dos anos 80: The Mission. Com uma casa cheia e uma atmosfera de verdadeira devoção, a banda britânica confirma o seu estatuto de lenda viva.
O concerto, com uma duração de cerca de duas horas, incluiu dois longos encores, reafirmando o compromisso inabalável da banda com o seu público, que retribuiu com entusiasmo e nostalgia.
Formados em 1986 em Leeds, os The Mission surgiram das cinzas dos The Sisters of Mercy, com Wayne Hussey e Craig Adams a abandonarem a formação original para criar um novo projeto. Desde o início, o som da banda combinou elementos do rock gótico com influências de música alternativa, criando uma identidade única que se destacou no cenário musical da época.
O álbum de estreia, God’s Own Medicine (1986), trouxe sucessos como “Wasteland” e “Severina”, que rapidamente se tornaram hinos do movimento gótico. Ao longo dos anos, The Mission lançaram álbuns que marcaram o género, como The First Chapter (1987), Children (1988) e Carved in Sand (1990).
A banda atingiu o auge comercial com singles como “Tower of Strength”, “Butterfly on a Wheel” e “Deliverance”, que lhes garantiram um lugar de destaque nas tabelas britânicas e os consolidaram como uma das forças mais influentes da música alternativa.
Apesar das mudanças na indústria musical e das várias formações ao longo dos anos, os The Mission mantiveram-se fiéis à sua essência e à sua base de fãs. Ontem, em Lisboa, Wayne Hussey, o carismático líder e vocalista, mostrou mais uma vez a razão de continuar a ser uma das vozes mais reconhecíveis do género. Com um alinhamento que combinou novos temas e velhos êxitos, a banda proporcionou um espetáculo que transportou o público para os anos de ouro do rock gótico, ao mesmo tempo que apresentou sons mais modernos que mostram a sua continuidade do seu trabalho.
A formação atual da banda inclui, além de Wayne Hussey, Craig Adams no baixo, Simon Hinkler na guitarra – todos eles veteranos – e o jovem Alex Baum na bateria. Trazem uma química indiscutível para o palco. Esta composição conseguiu recriar o som denso e atmosférico que caracteriza os The Mission, mas com uma frescura que só a experiência e a maturidade podem oferecer.
Com uma duração que se estendeu por duas horas, os The Mission conseguiram manter uma intensidade constante, algo que é raro em bandas com décadas de carreira. O público, constituído essencialmente por admiradores dos velhos tempo, vibrou ao som de clássicos como “Wasteland” e “Beyond The Pale” a abrir. Temas mais recentes, como “Kindness is a Weapon” (em estreia nesta digressão) ou “Swan Song” do álbum The Brightest Light (de 2013), mostraram que a banda continua a evoluir sem perder a sua identidade.
Os dois encores foram o ponto alto da noite. A primeira saída deu-se no final de “Deliverance” e o público não deixou de cantar até os músicos regressarem para mais uma ronda, que começou forte com “Butterfly on a Wheel” e “Sea of Love”.
O segundo encore, mais introspetivo, foi dedicado a temas mais melódicos e emotivos. “Wake”, “Severina” e o demolidor “Tower of Strenght”.
Foi evidente que, apesar da longa carreira, a paixão dos músicos pela música e pelo palco continua tão viva como sempre.
We Know a Place
A noite começou com a banda portuguesa We Know a Place que cativou o público com uma boa dose de rock alternativo.
Durante a sua curta atuação, tocaram músicas como “Quiet Little Voices”, “Piece of Mind” e “Giant’s Hand”, mostrando a sua capacidade de criar momentos sonoros envolventes. Cada música foi recebida com entusiasmo, evidenciando a crescente base de fãs da banda.
Para fechar, surpreenderam o público com a energia de “Sex Love & Rain”. Antes de sair do palco, ficou a promessa de um registo de estreia, a ser lançado em breve. Algo a aguardar com grande expectativa.




















