Os The Script regressaram ontem à noite à MEO Arena, em Lisboa, num concerto marcado pela emoção e pela memória de Mark Sheehan, o guitarrista e cofundador da banda, que faleceu inesperadamente no ano passado.
Num regresso ponderado, o grupo irlandês equilibrou a energia dos grandes sucessos com momentos de introspeção, numa homenagem sentida ao amigo ausente.
Antes disso, coube a Tom Walker aquecer a plateia. Iluminou a sala com a sua voz forte e presença carismática, preparando o público para uma noite de festa com gosto a celebração irlandesa.
Tom Walker: Muito Mais Do Que Uma Primeira Parte
Um sorriso bem disposto, pose descontraída e de guitarra em punho, Tom Walker subiu ao palco para a primeira parte do concerto de The Script.
Ao contrário do que é habitual nestas ocasiões, não era um artista emergente ou desconhecido do grande público. Com uma carreira já consolidada e sucessos conhecidos de muitos, Walker trouxe um alinhamento curto mas muito eficaz, que fez muito mais do que apenas “aquecer” o público para o cabeça de cartaz. Criou, ele próprio, o seu momento em que fez uma travessia da folk à eletrónica e que fechou em ambiente de festa.
O cantor e compositor britânico, conhecido pela voz rouca, começou com temas do seu novo álbum I Am, lançado em 2024: “Head Underwater” e “Holy Ghost”. Saltou depois para os êxitos que o catapultaram para a fama internacional: “Just You And I” e “Leave a Light On”.
Se a primeira parte de um concerto é normalmente encarada como uma introdução, neste caso foi um espetáculo à parte. Walker mostrou que tem lugar em palcos de grande dimensão.
The Script em celebração e homenagem a Mark Sheehan
Depois das luzes se apagarem, os músicos foram surgindo em palco, um a um, num intenso crescendo instrumental. Danny O’Donoghue surgiu da lateral esquerda do palco, junto ao público, que teve oportunidade de cumprimentar, antes de se juntar aos colegas.
Satellites, ou mais recente álbum foi o mote desta digressão, que finalmente chegou à estrada, não sem antes de um momento de ponderação, depois da perda do amigo e colega Mark Sheehan.
Danny O’Donoghue, sempre comunicativo, fez questão de reforçar o espírito que une o grupo aos seus fãs: “Isto é família, não é a indústria da música”. Apesar da energia com que percorreu o palco, era visíveis um semblante mais carregado e um certo cansaço na sua atitude, refletindo o peso da ausência na banda.
Efeitos visuais de grande impacto preencheram os ecrãs, ao longo de uma noite de festa em que não faltaram explosões de confettis e fogo de artifício.
O concerto arrancou com “You Won’t Feel a Thing”, seguido de “Superheroes” e “Rain”, canções que imediatamente puxaram a energia da plateia. A emoção atingiu o primeiro pico com “Six Degrees of Separation” e “The Man Who Can’t Be Moved”, dois clássicos que o público cantou em uníssono.
Um dos momentos mais marcantes aconteceu durante “Never Seen Anything Quite Like You”, quando Danny chamou ao palco uma jovem da plateia que segurava um cartaz onde se lia “Mark would be proud of you”. O vocalista dedicou-lhe um momento especial ao piano, e, no final, emocionado, alterou o último verso para “Never Seen Anything Like Lisbon Tonight”.
Houve espaço para partilhas pessoais, como quando Danny recordou os tempos em que viviam em Los Angeles sem dinheiro, antes de tocarem “Before the Worst”. A interação com os fãs intensificou-se em “Nothing”, momento em que o vocalista desceu à plateia e atravessou a multidão, proporcionando um contacto direto com muitos dos presentes.
O ambiente tornou-se ainda mais festivo com “Paint the Town Green”, uma celebração antecipada do St. Patricks Day, que tem lugar na próxima segunda feira. A sala explodiu em tons de verde, laranja e branco, com bandeiras da Irlanda a esvoaçar e confetis a encherem o ar. Em palco, os músicos trocaram os instrumentos pela percussão, criando um momento quase tribal, numa explosão de ritmo e alegria.
Com “For the First Time”, a banda saiu de cena e deixou a plateia, como é habitual nos seus concertos, a cantar o refrão em coro. O encore trouxe “Home Is Where the Hurt Is” e “Breakeven”, momento em que um grande coração surgiu no ecrã de fundo, foi o cenário perfeito que fez o público entoar “I’m Falling to Pieces”.
A despedida deu-se com “Hall of Fame”. Danny pediu ao público que acendesse as lanternas dos telemóveis e transformou a MEO Arena num mar de estrelas. “Vocês proporcionam isto. Isto seria apenas uma sala vazia sem vocês”, disse, antes do último refrão, encerrando uma noite carregada de emoção, memórias e a certeza de que os The Script continuam a escrever a sua história, mesmo face à adversidade.




















