Com mais de 40 anos de carreira, os GNR conseguiram resistir ao teste do tempo, continuar a cativar audiências e a influenciar gerações ao longo das décadas. O vigor é outro, mas as melodias são eternas e fazem parte do ADN dos portugueses, como assistimos esta sexta-feira, no concerto que esgotou o Salão Preto e Prata do Casino Estoril.
Durante cerca de hora e meia Rui Reininho, Toli César Machado e Jorge Romão (da formação original) com os elementos de suporte Samuel Palitos (bateria) e Rui Maia (guitarra e teclas) interpretaram os êxitos que se tornaram incontornáveis nas memórias musicais de todos os presentes. Um alinhamento de ouro, que percorreu fases distintas da carreira da banda que, como se percebeu, deixará um legado que perdurará para além das fronteiras do tempo.
Mantendo a sua identidade distintiva, os GNR conseguem por o público cantar, mesmo que os novos arranjos tenham transformado totalmente músicas como “Vídeo Maria”, “Mais Vale”, “Sub-16” ou “Asas”. Rui Reininho já não é um furacão descontrolado em palco. Muitas vezes declama a letra em vez de a cantar. O seu timbre inconfundível é suficiente para conduzir o público por uma viagem nostálgica.
O seu humor corrosivo permanece, e é capaz de “atirar a bomba” entre temas, ou mesmo de substituir versos de conhecidas canções, a meio dos poemas. São-nos demasiado familiares para que essa troca passe despercebida e acabamos por sorrir cúmplices.
Jorge Romão mantem-se como maestro da plateia. Usa toda a superfície do palco, de um lado para o outro, e por vezes larga o baixo para pedir ao público para os acompanhar com palmas.
Temas mais recentes como “Eu Não Sou Assim” passam quase despercebidos. Uma espécie de descanso para ir ao bar, antes da sequencia final que transformou o recinto numa verdadeira discoteca dos anos 80 com “Bellevue”, “Morte ao Sol” e, como explicou Rui Reininho, “uma palavra que inventei e que se usa muito agora nos debates políticos”, referindo-se a “Efetivamente”.
Os GNR fecharam o concerto com um encore eletrizante, composto por “Cais”, “Sangue Oculto”, “Ana Lee” e “Dunas”. Deixaram uma certeza: o seu lugar, na história da música portuguesa, está assegurado. As suas canções continuarão a soar nos corações dos admiradores por muitos anos.
Triplo Salto
Triplo Salto, o projeto de Carlos Peres, Renato Gomes e Zé Carvalho, abriu a noite. Um rock português maduro, de três músicos que tocaram juntos na génese do rock português. Abraçaram depois novas aventuras, entretanto reencontraram-se e renasceu a vontade de voltarem a fazer música juntos. Trouxeram temas do álbum Puro Prazer, lançado no último trimestre de 2023.



















