Enquanto em Lisboa se passam as Jornadas Mundiais da Juventude, as Jornadas Metaleiras dos Festivais levam-nos ao Vagos.
Um festival que já teve várias edições e que no meio do metal dispensa apresentações. Este ano, apesar de não ter nomes tão fortes como Emperor do ano passado, já tinha às 15 horas uma fila de metaleiros ávidos à porta.
No campismo também já se notava a afluência, a barraca do hidromel e de porco no espeto já estava montada. Tudo pronto para o reencontro da família metaleira.
O ambiente que se vive, como em todos os festivais de metal, é excelente. Falamos com todos, andamos à procura da garrafa de hidromel que alguém perdeu no meio do mosh, mandamos desconhecidos ao ar, fugimos do tipo com máscara de jason, mas que afinal é boa pessoa, e só nos quer pôr no crowd surfing. Uma alegria.
Os concertos, são o chamariz, mas as pessoas fazem o festival.
Com honras de abertura do festival, os Dragon’s Kiss.
A banda de Hugo Conim, figura do nosso underground que também toca nos Dawnrider e nos Son of Cain, deu um bom concerto.
Apesar de alguns problemas de som tiveram muita entrega, competência e o pouco público que estava aplaudiu e participou.
Algo que se nota nestes festivais é que, quem está, quer participar. Todos apoiam as bandas, mesmo as que não conhecem, porque sabemos que os concertos são feitos de duas energias, a da banda e do público. Quando uma delas falha está tudo estragado.
De seguida os Dagara, uma banda francesa de metalcore, arrancou os primeiros circle pit.
Coesos e competente, conseguiram melhor som que os Dragon’s Kiss.
De Espanha vieram os Vendetta FM, que são puro hardcore, numa linha hatebreed.
Têm no seu vocalista uma grande mais valia, logo nas primeiras músicas fez crowd surfing, puxou sempre pelo público, pediu mosh, queria ver sangue no chão e luta. Ninguém lhe fez a vontade, mas corresponderam com um grande circle pit e palmas.
Bom concerto de uma máquina de palco.
Os Besta, olharam para aquilo e pensaram, fazemos melhor, e fizeram.
A banda de Lisboa, puxou por um público que correspondeu, correram pelo palco, à velocidade das suas canções. Entregaram um concerto com um som mais fraco, mas sem tempo para respirar, uma música segue a outra. Sempre a abrir, sempre pesado, mas com intensidade e conteúdo.
É aconselhável ir ao ginásio uns meses antes para aguentar isto em condições.
Depois já entramos na secção cabeças de cartaz.
Os Be’lakor eram muito esperados. A banda australiana que tem lançado álbuns excelentes, Stone’s reach, Vessels e o mais recente Coherence, tornaram esta banda um dos grandes nomes do Death Metal melódico.
A Austrália tem colocado bandas incríveis no mapa, no domingo, no Comendatio temos os Calígula’s Horse.
Apesar do arranque com um som péssimo, em que uma das guitarras pouco se ouvia, lá corrigiram a coisa e conseguiram um concerto muito aplaudido. “Abeyance”, “Valence” e “Countless skies” foram pontos altos.
A banda mostrou que tem fãs suficientes para um concerto em nome próprio.
De seguida os Dieth. Supergrupo com membros de Megadeth, Entombed e Decapitated. Com estes talento e experiência em palco é claro que iria correr bem. Só têm um disco mas é bom.
“Don’t get mad get even” foi o ponto alto de um concerto, onde o vocalista, Guilherme Miranda, que passou a viver em Portugal, agradeceu o modo como o recebemos.
Ainda tivemos lição de como dizer o nome da banda, que é dieta em inglês e terminaram com o single “In the hall of the hanging serpents”.
O arranque estava dado para a festa e tínhamos a banda mais esperada para a festa: Alestorm. Já se sabe como eles são e como nós gostamos deles. O Patinho de borracha está cada vez maior.
Nas primeiras notas começou logo o caos, “Keelhauled”, colocou todos a cantar, ao mosh e a dar muito trabalho aos seguranças. Obrigado aos senhores por ampararem todas as pessoas com carinho.
É um desfilar de músicas que se prestam à festa, um Cristopher Bowes em excelente forma e um público cheio de energia.
Apesar de tudo, “Hangover” foi um ponto alto, a dança de “PARTY” acalmou o mosh, mas “Drink” relançou-o com toda a força.
No final pudemos cantar “Fuck you all” em uníssono, nada com acabar com um insulto, é como se tratam os melhores amigos porque sabemos que é de coração.
Os Sacred Sin, banda lendária do panorama português, foi a seguir.
A primeira banda a tocar na MTV, puxou de algumas canções de Darkside mas também dos seus trabalhos mais recentes e provou que há muita vida no Sacred Sin.
Um público que esteve lá com eles e nos lembrou que já se faz metal em Portugal há muito tempo.
Os mega cabeça de cartaz Sepultura foram a seguir. Não precisam de apresentações, marcaram os anos 80 e 90 com alguns dos discos mais selvagens e inovadores daquele tempo.
Armados do seu mais recente Quadra, arrancaram um concerto enérgico em que o público não parou, nem era preciso fumo no palco que o pó levantado tratava de tudo.
Notou-se que há muito amor pelo Chaos AD pois “Territory” e “Refuse/resist” foram pontos muito altos de um concerto que ainda foi ao Arise e acabou com o “Roots”.
São ainda uma das grandes bandas, apesar de faltar alguma energia ao vocalista, se tivesse mais energia como o vocalista dos Vendetta seria ainda mais demolidor.
A fechar a noite do primeiro dia, com chave de ouro, Corpus Christi.
A banda portuguesa, incontornável no panorama black metal do mais puro, chamou o demo no final da noite.
Sob a lua de Vagos assistimos à sua invocação das trevas e deixámo-nos ir na viagem.
Excelente forma de acabar o primeiro dia, que nos deixou de alma cheia já com vontade de voltar, porque a celebração são três dias e Vagos é aqui car#$%”!.
A festa do Metal continua esta sexta-feira, em Vagos. Atuam: Ugly Kid Joe, Tara Perdida, Gatecreeper, Lecks Inc, Dj Izzy, Viciously Hateful, All Against, Glasya, Seventh Storm, Nervosa e Megara.




















