Vilar De Mouros Dia 4: Festival Termina Como Deve Ser: Cheio De Rock

Reportagem de António Parra (Fotos) e Beatriz Lira (Texto)

O festival Vilar de Mouros terminou no passado sábado, dia 24 de agosto, sendo que este foi o dia com a maior afluência. Ao todo, passaram pelo recinto entre 52 e 55 mil pessoas nos quatro dias. O festival está de regresso para mais uma edição em 2025, nos dias 21, 22 e 23 de agosto.

A tarde do último dia começou às 18 horas e 30 minutos com Vapors of Morphine, uma banda americana de rock alternativo que atuou para um público que estava, ainda, a chegar ao recinto e, por isso, que não prestou a devida atenção.

O segundo concerto da noite foi feito de pop nacional pelo artista David Fonseca. Subiu ao palco diante de um público conhecedor das suas músicas e que se desinibiu para ouvir o artista português.
“Kiss Me Oh Kiss Me”, “Oh My Heart” e “Superstars” ecoaram no recinto, demonstrando o amor a David. Este subiu a uma caixa no palco, dançou e saltou de uma ponta a outra e ainda cantou “O Corpo é que paga”, de António Variações, e um cover de “Running Up That Hill (A Deal With God)” de Kate Bush. À medida que o concerto decorria, juntavam-se cada vez mais pessoas para apreciar a boa surpresa que foi David Fonseca.

Caíu a noite e, em Vilar de Mouros, estava na altura de ver e ouvir os três clássicos – cada um à sua maneira – que iriam encerrar esta edição.

Comecemos pelos primeiros, The Waterboys, que tocaram às 21 horas e 15 minutos, para uma casa muito mais cheia do que nos outros dias. Os britânicos iniciaram a sua carreira em 1983 sendo que vieram ao festival mostrar a qualidade instrumental que (ainda) possuem, nunca tentando dar mais do que aquilo que podem. E eles ainda podem muito.
Cometeram, logo de início, um pequeno erro: “Olá Vilamoura”. Digo pequeno pois ninguém do público quis muito saber, sendo que, o que se assistiu foi bem maior do que uma confusão de lugares. Músicas como “Where The Action Is”, “Glastonbury Song” e “A Girl Galled Johnny” relembram o melhor dos anos 80, num concerto feito, maioritariamente, pela energia admirável do pianista e pela qualidade musical que a banda fez questão de provar.
Com o público mais reativo e mais aglomerado junto ao palco, The Waterboys tocaram “The Whole of The Moon”, música mais famosa do grupo, onde se viu a participação da audiência como ainda não se tinha visto durante o concerto. Foi este o momento alto de The Waterboys, que trouxeram o “good old rock’n’roll” ao festival.

Foi a vez de The Libertines subirem ao palco, o penúltimo concerto desta edição, para a maior enchente da noite. Ora, esta enchente não correspondia, na totalidade, aos fãs da banda, muito pelo contrário: estes estavam colados na frontline, a dançar e a saltar, sendo que o resto, pouco vibrou. É esta a essência dos festivais.
“Run Run Run” arrancou este concerto da banda de 1997, de garagem rock, e que fez parte do movimento post-punk revival no Reino Unido. Tocaram temas como “Songs They Never Play on The Radio”, “Can’t Stand Me Now” e “Time For Heroes”, mas foi em “Don’t Look Back into the Sun” que recebem o maior aplauso, e respondem “Portugal you are magnificent”, logo depois de Pete Doherty, guitarrista e co-frontman da banda, atirar a guitarra pelo ar.

Para encerrar esta edição de Vilar de Mouros esteve a banda britânica The Darkness, de 2000. Sobem ao palco e, imediatamente, o olhar desvia-se para o vocalista Justin Hawkins, pela confiança, charme e postura em palco. É cantor e guitarrista principal da banda, e provou-o durante todo o concerto. Piadético e com diversas interações com o público, Justin soube dar espetáculo e soube dar um concerto de rock digno do título que teve: cabeça de cartaz. Antes de tirar a camisola, coloca-se de pernas para o ar, na mesa da bateria, e “bate palmas” com os pés. Se não estávamos ainda impressionados, o artista mostrou o alcance vocal e as habilidades na guitarra, o que levou a plateia ao rubro. Esta energia contagiante merecia um recinto muito mais completo. Se não fosse por eles, que fosse por este ser o último dia.
“I Believe in a Thing Called Love”, “One Way Ticket To Hell” e “Love Is Only a Feeling” suscitaram gritos, saltos e aplausos, naquele público fiel e que ainda se mantinha. Perto do fim, e com toda a glória do concerto, o frontman desce as escadas, de guitarra ao peito, percorre metade do corredor entre as grades do público, coloca uns óculos de alguém e pede o telemóvel a outro, agarra num cigarro, já aceso, de outro festivaleiro e desfila pelo corredor. Entrega os pertences aos donos, sobe as escadas do palco, continua a fumar o cigarro que roubou e toca o último solo de guitarra da noite. Ouvem-se aplausos infinitos e saem do palco: foram a forma perfeita de encerrar Vilar de Mouros, com o rock que o festival tanto gosta.

Artigo anteriorL’Impératrice Anunciam Concerto Em Lisboa No LAV – Lisboa Ao Vivo A 2 De Novembro
Próximo artigoPiaf! The Show Em Dezembro No Estoril E Lisboa

Deixe uma Resposta

Por favor digite seu comentário!
Insira o seu nome