Woodkid foi um dos pontos altos da primeira noite de Vodafone MexeFest

IMG_1674-001O fim-de-semana passado foi fim-de-semana de Vodafone MexeFest em Lisboa, como habitualmente o C&H esteve lá e conta-lhe como foi – Um festival em 2 actos.

Carro estacionado sem grandes problemas, “pouca gente este ano, talvez”, comentámos, qual o nosso espanto quando nos deparamos com uma fila para lá da Cervejaria Ribadouro. Como típico português, “vamos à hora que dá tempo”. Muitos concertos foram trocados pelo desespero da espera misturada com o frio.

Uma Avenida composta, afinal, os fiéis mantiveram a tradição apesar do pobre cartaz, habituaram-nos a mais, ficamos mais exigentes.

De pulseira no pulso, estava na hora da primeira maratona, rumámos ao Hotel Florida, uma das salas novas este ano. Já com publico à espera, Young Fathers vindos de Edinburgh com um hip-hop alternativo, vieram com determinação de angariar (mais) fãs, e pelo ar de satisfação em nosso redor, o objectivo foi cumprido.

Numa corrida contra o tempo, decidimos ver como se saíra a nossa Márcia. Pela lotação da sala quase cheia, era a prova do que já desconfiávamos, a voz doce de Márcia cumpriu o dever, agarrou os fãs. Um concerto simples, consistente e marcado pelo primeiro single “cabra cega”, logo a abrir, acompanhado com os back vocals e olhos a brilhar de todos o que ocuparam um lugar no São Jorge. Samuel Úria esteve a seu lado para “Menina” e “Eu seguro”, e António Zambujo substituiu, e bem JP Simões em “A Pele que Há em Mim”. Um concerto para encher o coração. “Obrigada Márcia”, ouvia-se entre a multidão. Nós também agradecemos.

A meio da Avenida, as opções era 50%-50%, subir ou descer, optamos pelo Coliseu, queríamos saber como entrariam as Savages em palco. E entraram a abrir, como esperado. Com uma casa muito bem composta e ainda uma fila lá fora. Com um pós-punk atrevido e provocador, agarraram no público e mostraram o poder que quatro miúdas em palco podem ter. Beth, vocalista francesa (em contraste com as origens londrinas das restantes) mostra uma atitude de “chegar, ver e vencer” e começam com Silence Yourself, passando por “She Will”, “I Need Something New” a loucura com “Hit Me”, já nos finalmentes “Don’t Let the Fuckers Get You Down” cantado em coro. Pelas reações e histeria, temos mais uma banda a marcar o nosso território lusa e esperança que regressem em breve.

Logo ali ao lado, os já repetentes Wavves tinham um Ateneu quase cheio (senão cheio) já nervosos da espera. Uma tabela de basket e um publico maioritariamente teen, sentimos que estavámos numa semelhante noite de formatura (a famosa Prom Night), mas vendo ao perto, o punk estava presente, nas t-shirts, no preto, nas pulseiras com picos. Com empurrões aqui e ali, entraram atrapalhados, sem som primeiro, com sede depois e após despejar o resto da garrafa de vinho já de microfone na mão lá fizeram a vontade à histeria e abanaram o chão.

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Tiveram direito a tudo, desde as suas músicas entoadas em coro a crowd surfing. O publicou estava mais determinado que a banda californiana, e como este comanda o rumo que um espetáculo pode ter, os Wavves bem que podem agradecer a estes fãs deste cantinho do mundo. Alimentaram-nos com “Demon to Lean On”, “Afraid of Heigts”, mas foi em “King of the Beach” que os aspirantes à eterna banda de Kurt Cobain pegaram fogo a este ginásio. Com tanto calor produzido neste concerto, a ansia por ar fresco era notória, o que fez com que quase fosse possível um crowd surfing na saída. A confusão da saída juntou empurrões, apertões, puxões, gritos e desespero pela rua “Rua, quero ir para rua”, ouvia-se em tom desesperante.

Por sorte, o concerto pelo qual aguardávamos ansiosamente era logo ali ao lado, regressámos ao coliseu ansiosos por Woodkid. Com a banda já a dar os primeiros acordes e sem sinal da voz poderosa deste francês a viver em Brooklyn. Sabem como deixar um público ansioso, gritaram e aplaudiram até este rapaz de calças largas e ténis volumosos se mostrar. E nem foi preciso abrir a boca para ter uma apoteose de aplausos, estes fãs sabiam muito bem ao que vinha. Woodkid vieram para dar tudo o que tinham e o que não tinham, e garantidamente, deram. Yoann Lemoine é um tipo baixo, mas enorme em atitude, encheu o palco e cada pedaço deste Coliseu, a voz que ecoa como cada acorde no sítio, juntando o espetáculo visual de desenhos feitos pelo próprio.

Conseguia-se sentir cada palavra cantada, cada gesto, tal como um concerto deve ser, fazer sentir. Aos primeiros acordes de “Run Boy Run” adivinhava-se um perfeita combinação entre nós e a banda, passamos a ser um. Cantava-se como se a canção fosse feita por nós. Dançava-se sem se notar. Foi uma mútua entrega, um casamento perfeito. Brindaram-nos com tudo o que tínhamos direito desde “Boat Song”, a poderosa “I love you”, “Conquest of Spaces”, “Go”. A surpresa deste francês com o povo lusitano era notória, disse-nos várias vezes “You are crazy”, e de facto estávamos, correu que desunhou, dançou, pulou, bateu-nos palmas. Dar e receber, tal como tem de ser.
De alma cheia, fechamos a noite, sábado havia mais.

Reportagem de Patricia Vistas, Hugo Ventura e Joao Ferreira
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