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A Música Electrónica na Pré-Festa do Jazz do São Luiz

Pré Festa Jazz S. Luiz

Reportagem de Daniel Carvalho (Texto) e Ana Filipa Correia (Fotos)

Pré Festa Jazz S. Luiz
Pré Festa Jazz S. Luiz

[dropcap]O[/dropcap] tiro de partida para a já tradicional Festa do Jazz do São Luiz teve lugar, este ano, no Conservatório Nacional de Música de Lisboa, que acolheu a pré-festa. O evento contou com dois concertos de projetos berlinenses que aliam ao jazz e à componente de improvisação a música eletrónica: Memento, de Sebastian Studnitzky, seguido de Komfortrauschen.

Neste novo projeto, o trompetista e pianista Sebastian Studnitzky apresentou-se com uma formação pouco habitual: ao clássico trio de jazz – Paul Kleber no contrabaixo e Tim Sarhan na bateria – juntou-se um quarteto de cordas – Ana Pereira e Ana Filipa Serrão no violino, Joana Cipriano na viola e Ana Cláudia Serrão no violoncelo. Como se partisse de uma formação que lhe é familiar, e de que se serviu amiúde, e adicionasse ou enxertasse uma nova componente.

Há um certo tom quase saudosista à música, que parece, desta forma, fazer jus não só o nome do projecto – Memento – mas também às viagens do trompetista/pianista entre Lisboa e o Alentejo, e os lugares a que foi dedicando algumas composições. Um do temas que tocou, “Mértola”, é um exemplo dessa inspiração deambulatória.

No final, para Studnitzky, não há dúvidas quanto ao resultado da junção das duas formações: confessou ao público que este foi o melhor quarteto com o qual a banda tocou até hoje. Apesar da forte tradição de música clássica na sua terra natal, os músicos não tocam com este groove. Brincou, dizendo que ou teriam de levar as quatro instrumentistas para a Alemanha ou ficar eles próprios em Portugal.

Numa tradução à letra do alemão, Komfortrauschen significa algo como “ruído de conforto” ou “reconfortante”. E a verdade é que nada se perde na tradução do nome da banda. Pelo contrário, tudo se ganha porque é exactamente isso que são.

Trata-se de um trio composto por Laurenz Karsten na guitarra, Phillip Oerter no baixo e Tim Sarhan na bateria – que esteve em palco por duas vezes, depois de tocar com Studnitzky. É Sarhan quem apresenta a banda no início, indicando que vão tocar música techno e convidando os espectadores a levantar-se e a dançar, o que é respeitado à letra por muitos que abandonam a cadeira.

O som é dominado pelo padrão rítmico repetitivo do baixo electrónico e da bateria, ao longo do qual a música parece desenvolver-se progressivamente, durante um set de cerca de meia hora, e fluir quase livremente, como se os músicos fossem levados por uma mesma corrente comum.

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Os Komfortrauschen tanto estariam perfeitamente enquadrados numa tenda de um festival de verão ou na pista do piso de baixo do Lux. Mas uma coisa é certa: é, de facto, um som reconfortante, que nos transporta para um local escuro, polvilhado de luzes coloridas e strobes, ao mesmo tempo que quase nos embala.

Uma palavra final para o Salão Nobre do Conservatório. Há seguramente mais de quinze e possivelmente perto de vinte anos estive pela primeira e única vez (até hoje) na sala, para assistir ao exame final de piano de uma amiga . Lembro-me de ter ficado impressionado com a minha amiga (teve vinte!), mas também com a degradação daquele local. Em particular, a estrutura do balcão do lado esquerdo estava em vias de colapsar, amparada por uns barrotes de madeira. Esta noite, os barrotes de madeira deram lugar a vigas metálicas mas o problema ainda se mantinha. Na introdução dos concertos, Carlos Martins, o director artístico da Festa do Jazz, aludiu ao mau estado da sala, ao mesmo tempo que nos assegurou que o balcão não ia cair e, mais importante ainda, que estão previstas obras para aquele espaço. Já não era sem tempo.

 

 

 

 

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