Encaixados na certinha de vime, descolamos suavemente do chão. Ao sabor do vento. Sem leme nem motor e só com recurso ao ar quente que é soprado para dentro do balão, para o fazer subir. O Festival Internacional de Balonismo de Coruche proporciona um cenário de sonho, tanto visto do céu, como do chão.
Perto da hora marcada as pessoas vão-se aproximando do recinto de onde são largados os balões. Assiste-se ao processo de preparação. Uma mistura de azáfama com aquela sensação de admiração de quem está prestes a fazer a magia acontecer. O cenário de manchas coloridas, espalmadas no chão, transforma-se à medida que os balões são insuflados. Ganham formas tridimensionais, umas mais tradicionais, outras bastante originais. E suavemente, sobem no ar.
Indicam-nos Alcides Ribeiro, como nosso piloto, na tarde de sábado: “É o piloto mais zen!”. E de facto, a serenidade deste piloto é em tudo compatível com a atividade. Atento a todas as manobras necessárias, vai ao mesmo tempo respondendo de forma simples e pausada a todas as dúvidas de quem nunca se fez ao ar neste meio. Exerce a atividade há mais de vinte anos e garante-nos que “todas as viagens são diferentes”. E especiais, acreditamos nós.
Subimos com a injeção de ar quente no balão, que acaba também por nos manter uma temperatura de conforto na viagem e descemos ao sabor do vento. Coruche afasta-se na paisagem, ainda com alguns balões nos preparativos de saída. Este passeio “em grupo” é sem dúvida, uma experiência única, pela paisagem pintada que temos no céu. As condições meteorológicas não são as mais favoráveis. As nuvens escondem o sol e também a possibilidade de admirar o cenário de final do dia. Mas as cabeças dentro do cesto rodam em todas as direções, na ânsia de captar todos os detalhes. À exceção do piloto, estamos todos numa primeira viagem. Daquelas que vão ficar registadas na nossa história. Sobrevoamos os campos e passamos próximo de um de milho. Não há leme nem motor. É o vento que nos leva e dispersa no ar.
A viagem termina com a aterragem. Ensinam-nos a dobrar as pernas para amortecer a chegada. Percebemos também a importância do vime na estrutura do balão. A matéria ideal para fazer de “cabine”. Para além da questão estética – é de facto bonito – o vime quando entrançado é suficientemente flexível e ao mesmo tempo robusto para o embate de uma aterragem.
Sobrevoámos cerca de 2700 metros e atingimos uma altura máxima de 140 metros, a uma serena velocidade de cerca de 5 kms hora. Este é um dos balões que a Windpassenger, organizadora do Festival Internacional de Balonismo de Coruche, coloca no terreno. São mais de 30 balões oriundos de todo o mundo com 7 balões de forma especial.
Gastronomia e Artesanato
Em volta da Praça de Touros e um pouco por toda a vila, os menos aventureiros podem explorar o que de melhor as terras ribatejanas têm para oferecer nas Jornadas de Gastronomia Tradicional de Coruche, na Feira de Artesanato e Produtos Regionais ou no Street Food Fest. Destro na Praça de Touros esteve este sábado um balão, meio insuflado, onde as pessoas podiam entrar de forma livre para sentir a experiência de estar dentro de um balão.
O Festival decorre até ao dia 4 de novembro, em Coruche.
