Portugal, ao contrário de nuestros hermanos, não é um país muito virado para o Power Metal. Mesmo assim há umas promotoras irredutíveis que insistem em trazer bandas deste género e bem haja para elas. Foi assim que recebemos os Battle Beast no LAV dia 29.
Na primeira parte tivemos os portugueses Glasya e os Galegos Dark Embrace.
Glasya
Os Glasya são uma banda ambiciosa, depois de lançarem em 2019 Heaven’s Demise, acharam que podiam ser ainda mais épicos e criaram Attarghan em 2022.
Um disco mais grandioso, mais épico, com mais convidados e com um conceito mais vasto, considerado um dos discos nacionais mais importantes no Power Metal.
Das sete canções que tocaram, focaram-se neste disco e tivemos uma banda muito mais confortável em palco, que cresce a cada atuação.

Eduarda Soeiro tem uma excelente voz e está a transformar-se numa muito boa front woman, e neste dia pôde tirar lições de Noora Louhimo.
Com mais concertos tornar-se-ão mais conhecidos, a sensação que fica é que o público deveria conhecê-los mais e ter participado mais no concerto, mas isso vem com o tempo.
Com muito bons instrumentistas, os Glasya deram um excelente concerto e mostraram que têm muito para dar ao metal nacional.
Dark Embrace
Parece que cada país tem a sua banda Dark Embrace, na enciclopédia metálica há seis.
A banda da Galiza, que pratica um Dark Heavy Metal, definição dos próprios, entrou com todas as ganas.
Focados no seu disco mais recente, Dark Heavy Metal, nota-se que são uma banda mais experiente.
Com 2 guitarristas e sem baixo, Oscar Rilo, o vocalista foi incansável a puxar pelo público. Este é um caso singular, a voz do vocalista funciona melhor ao vivo que em disco, os seus agudos são mais limpos em palco.
Aqui não há baladas, é metal a abrir, a cair para um death metal melódico, nunca pararam e o público foi respondendo com palmas e ovações. Se fosse um concerto de death metal, onde também estariam bem enquadrados, certamente haveria muito mosh.
Terminaram com a canção título do disco e despediram-se com a música dos Twin Peaks.
Um concerto enérgico, muito bem tocado e cantado, de uma banda que merecia ter um nome mais original.
Battle Beast
Interromperam o “Hallowed be thy name”, mas tudo se perdoa com o grande espetáculo que deram a seguir.
Há tempos recebemos a visita dos Beast in Black, que deram um excelente e bem humorado concerto de Power Metal. Desta vez subimos a fasquia e tivemos um concerto demolidor dos Battle Beast.
“Circus of Doom”, tema título do disco novo, lançou o concerto e já se esperava uma grande performance de Noora Louhimo, mas foi melhor do que as expectativas.
Grande vocalista que nunca pára de puxar pelo público, com um vozeirão dos diabos, grande presença, os seus chifres ao alto e um comando de palco impressionante.
Seguiram com “Straight to the Heart”, com fogo de artifício e muita manifestação do público.
Cada canção parecia uma festa.
Os Battle Beast sabem fazer refrões orelhudos como poucos, são músicas que mesmo que não se conheçam é impossível ficar indiferente porque são feitas para se gostar à primeira.
Entre fogo de artifício, fumo e luzes foram desfilando êxitos, a dada altura o baixista, Eero Sipilä, diz que já está morto de cansaço, mas ainda havia muito.
Grande comunicador, contou que da última vez que cá estiveram, há 4 anos, só estavam 20 pessoas, mas que desta vez tínhamos um LAV muito bem composto.
Enquanto reparavam a tarola, tiveram que encher chouriços com uma tentativa de cantar, em Português, a música do Aladino “Um mundo ideal”, não foi espetacular, mas como estava tudo bem disposto foi aplaudido o esforço.
Como são muito versáteis, segundo o baixista, são uma grande banda de viking metal. Para provar isso tocaram “Pursue of vikings”, pelo guitarrista Joona Björkroth, que também faz uma perninha nos Brymir, esses bem mais Viking metal que os Battle Beast.
Esta introdução levou-nos a “Bastard Son of Odin”.
Como era o último show desta fase da tournée exigia-se uma festa, fizeram cocktails que distribuíram ao público, seguiram com “Russian Roullete” e “Wings of Light” que é sem dúvida a melhor música que os Nightwish já não compõem.
“Eden”, levou a um sing along épico e terminaram.
Claro que havia encore, uma marcha imperial tocada pelo teclista, Janne Björkroth enquanto bebia uma cerveja de shot, metade foi fora, mas valeu a intenção, acordou o público para “Master of Illusion”, “King for a day” e “Beyond the Burning Skies”.
Noora aguentou a voz brutal até ao fim e o público também, sempre com a banda em todos os momentos.
Só se pode dizer que foi um concerto absolutamente fabuloso.