No primeiro dia do Coala Festival 2025, que decorreu no Hipódromo Manuel Possolo, em Cascais, destacaram-se as atuações de Liniker, António Zambujo e Silva. Três nomes distintos, três vozes com identidade própria, que representaram diferentes facetas da música lusófona e protagonizaram alguns dos momentos mais marcantes desta edição.
Entre ritmos brasileiros contemporâneos, a força do cante alentejano e melodias indie-pop com raízes na MPB, o festival confirmou a sua vocação para criar pontes inesperadas entre artistas e públicos.
No primeiro dia atuaram Ana Lua Caiano, Silva (Lúcio Silva de Souza) e BK’ (Abebe Bikila Costa Santos), intercalados pelo português António Zambujo com o Rancho de Cantadores de Aldeia Nova de São Bento, e antes do encerramento por Liniker – uma voz da música brasileira contemporânea consagrada desde Indigo Borboleta Anil .
Liniker, natural de Araraquara, São Paulo, é uma das vozes mais marcantes da nova geração da música brasileira. Cantora, compositora e atriz, destacou-se inicialmente como vocalista da banda Liniker e os Caramelows, com a qual lançou o EP Cru em 2015, conquistando o público com a canção “Zero”. Após o fim da banda em 2020, Liniker iniciou uma carreira a solo que rapidamente se consolidou com o álbum Indigo Borboleta Anil (2021), vencedor do Grammy Latino de Melhor Álbum de Música Popular Brasileira, tornando-a a primeira artista trans brasileira a conquistar esse prémio.
A sua música, profundamente enraizada na soul, R&B, MPB e outros géneros afro-brasileiros, é marcada pela voz. As letras que exploram temas como o amor, a identidade e a ancestralidade. Em 2024, lançou o álbum CAJU, que reforçou a sua versatilidade artística e a consolidou como uma das figuras mais relevantes da música contemporânea brasileira . Para além da música, Liniker também se destacou como atriz na série Manhãs de Setembro, da Amazon Prime Video, onde interpretou a protagonista Cassandra, uma mulher trans.
No Coala Festival 2025, Liniker encerrou o primeiro dia com uma atuação arrebatadora, reafirmando a sua posição como uma artista que transcende fronteiras musicais e sociais, e que continua a inspirar com a sua arte e presença.
Silva, que mistura na sua sonoridade, MPB, indie e música eletrónica, foi “Feliz e Ponto” e “Fica tudo bem”. BK’ não veio só; o rapper brasileiro teve a participação especial de Mely, a dar melodia às letras que abordam a sociedade, a política e o auto-conhecimento.
António Zambujo trouxe a base das suas memórias musicais. Trouxe o Alentejo na Voz – literalmente – com o Rancho de Cantadores da Aldeia Nova de São Bento, numa rapsódia à entrada e com “Dá-me Uma Gotinha d´Água” no fecho. A escolha dos temas para este festival incluiu um cruzamento diverso, a que não faltaram “Guia”, “Sagitário”, “Catavento da Sé”, “Canção de Brazaville”, “Apelo”, “Readers’ Digest”, “Flagrante”, “Zorro”, “No Rancho Fundo” e “Pica do 7”. Além dos 25 elementos que vieram do Rancho, Zambujo esteve acompanhado de Bernardo Couto, na guitarra portuguesa, João Salcedo no piano, João Moreira no trompete, José Miguel Conde no clarinete, André Santos na guitarra e Francisco Brito no contrabaixo.
A edição de 2025 do Coala Festival em Portugal decorreu nos dias 31 de maio e 1 de junho, no Hipódromo Manuel Possolo. O evento musical, que celebra a música lusófona, foi criado em 2014, em São Paulo, com o objetivo de dar espaço a artistas emergentes da música brasileira, contrariando a tendência de dar mais espaço a artistas internacionais. Em 2024, o Coala Festival expandiu-se para Portugal, com a primeira edição realizada em Cascais. Esta segunda edição, novamente em Cascais, corroborou a ligação entre o Portugal e Brasil com encontros musicais inopinados.
