A celebrar 40 anos de carreira, os Delfins esgotaram este sábado, a lotação da MEO Arena, em Lisboa. Mais de duas horas de concerto, numa maratona de êxitos. “Que noite fantástica. Que sorte estas canções ainda estarem vivas desse lado” admitia Miguel Ângelo, o vocalista dos Delfins já perto do final do concerto.
Formados no início da década de 80, os Delfins trouxeram consigo uma sonoridade pop e letras que chegaram ao coração dos portugueses. Tornaram-se rapidamente num fenómeno musical, conquistando fãs por todo o país e deixando uma marca no panorama da música nacional.
A 31 de dezembro de 2009, quando completavam 25 anos de atividade, anunciaram o fim da carreira, num último concerto na Baía de Cascais.
Mas nunca foram esquecidos, como se percebeu no regresso surpreendente, durante o Rock in Rio Lisboa 2022. Temas como “Sou como um Rio”, “1 Lugar ao Sol” ou “Nasce Selvagem” estão demasiado enraizados na memória de quem viveu os anos 80 e 90, para serem apagados.
O saudosismo é religião em Portugal e ninguém quis perder a viagem no tempo marcada para este dia 6 de abril. Foi a estreia, no grande recinto da MEO Arena, de Miguel Ângelo (Voz), Fernando Cunha (Guitarra e Voz), Luís Sampaio (Teclados), Rui Fadigas (Baixo), Jorge Quadros (Bateria) e Dora Fidalgo (Voz). Mas principalmente o reencontro com os seus admiradores, com uma produção de luxo (devidamente registada pela RTP). Composições de uma geração, muitas delas devidamente atualizadas e acompanhadas de vibrantes fundos em vídeo.
Alguns dos vídeos incorporavam imagens da banda, dos anos 80, acentuado assim a viagem no tempo.
Esta noite de reunião muito especial, começou com a atuação de Duque Província, banda que já tivemos oportunidade de ver na primeira parte do concerto de Táxi, este ano, no Casino Estoril. Uma nova sonoridade, com a frescura a condizer com a juventude dos seus elementos, muito influenciada pela synth pop e a new wave da década de 80. Trouxeram temas do seu primeiro álbum, 2032.
Animaram o público que ia ocupando os lugares na MEO Arena, no início da noite e o vocalista voltou mais tarde, para se juntar a Miguel Ângelo em “Aquele Inverno”.
Com uma energia contagiante e uma atmosfera de nostalgia, o público passou o teste do coro, durante o intervalo, ao entoar “O Homem do Leme” dos Xutos & Pontapés.
Já passava das 21h30 quando os músicos ocuparam os seus lugares enquanto imagens antigas da banda eram projetadas no ecrã, a passar entre outras senhoras do mar, as medusas. Miguel Ângelo foi o último a entrar em palco, de megafone na mão, para “Planeta Terra”.
Os Delfins entregaram-se, de forma generosa, à revisão dos êxitos que os transformaram numa das últimas grandes bandas pop-rock que o país viu nascer. O público irrompeu em aplausos e seguiu-se “Estrelas do Rock n’Roll” em que saudaram as lendas do rock n’ roll como Prince, Sid Vicious, Kurt Cobain e Jim Morrison.
“Boa noite Lisboa!”, exclamou Miguel Ângelo. “Quero agradecer a todos os que estão aqui esta noite e que esgotaram esta sala. Uma sala onde nunca atuámos antes.” A banda continuou com “Marcha dos Desalinhados”, seguida de “Sou Como Um Rio”.
A atmosfera ganhou ainda mais cor com “Saber a Mar” e Miguel Ângelo convidou o público a juntar-se ao coro. Em seguida, emocionaram com “A Queda de Um Anjo”, um dueto quase poético com Dora Fidalgo.
Fernando Cunha anunciou “A Nossa Vez”, o segundo single do álbum mais vendido da banda, e ficou com o microfone, enquanto nas laterais, Miguel Ângelo capturava imagens dos fãs, com uma câmara fotográfica instantânea.
A homenagem a António Variações com “Canção do Engate” levou o público ao delírio, que, pela primeira vez, abandonou na totalidade, as cadeiras da plateia. “Não Vou Ficar” trouxe uma versão quase reggae do tema, a fazer o público dançar.
“Que noite incrível!”, exclamou Miguel Ângelo, reconhecendo a presença de fãs que se deslocaram dos Estados Unidos da América e Suíça, além de homenagear aniversariantes da noite com a primeira estrofe de uma música especial, cantada por todos! “Parabéns, a você…”
Em “Como uma Criança”, o vocalista dos Delfins “deslizou pelo palco” (segway?) e deixou-nos aquela vontade de voltar atrás, aos dias mais simples e despreocupados da infância. E a vontade de recuperar a alegria que se sentia quando éramos crianças.
O concerto continuou com “Aquele Inverno”, um dueto com Duque da Província, “a lembrar os tempos do Ultramar. Atingiu novo clímax com “Ser Maior”. Um tema cuja mensagem central é sobre encontrar a força interior para enfrentar os desafios da vida e tornar-se uma pessoa melhor, mais resiliente e mais consciente do seu próprio valor.
Seguiu-se “1 Só Céu”, com uma mensagem pacifista que ressoou na multidão.
O final foi marcado por uma explosão de energia com “Bandeira”, “1 Lugar ao Sol” e “A Cor Azul”, antes de a banda agradecer a presença e encerrar o set com “Nasce Selvagem”, tema que, como Miguel Ângelo explicou, nasceu na praia, à volta de uma fogueira.
“E agora sim, chegamos ao princípio”, anunciou Miguel Ângelo. “Onde quase tudo começou para nós. Onde nos encontrávamos para olhar o horizonte e o futuro na Baía de Cascais.”
Assim, os Delfins encerraram uma noite inesquecível, reafirmando o seu lugar como uma das bandas mais icónicas da música portuguesa. Que as suas canções continuem a ecoar por mais décadas e a inspirar futuras gerações!
