Basta anunciar O Fantasma da Ópera, para despertar de imediato o interesse de multidões. Este ícone dos musicais, com a sua aura de mistério e romantismo, carrega um legado tão poderoso que só a menção do título foi suficiente para esgotar, antes da estreia, a temporada em Lisboa. O Campo Pequeno recebeu, esta terça-feira, a primeira noite desta grandiosa produção. Mais do que um espetáculo, O Fantasma da Ópera é um fenómeno cultural que atravessa gerações, e o público português não quis perder a oportunidade de vivê-lo de perto.
Produzido pela Broadway Entertainment Group O Fantasma da Ópera cativou a plateia do início ao fim. Esta produção itinerante mantém-se fiel à grandiosidade e ao rigor técnico das versões originais de Londres e Nova Iorque, mas com algumas adaptações que a tornam única, como no caso dos arranjos musicais.
Com um cenário luxuoso e envolvente, o palco transforma-se num autêntico teatro de ópera parisiense do século XIX, onde cada detalhe foi pensado para transportar o público para o mundo sombrio e fascinante do Fantasma. O famoso lustre, símbolo icónico da trama, deslumbra ao descer dramaticamente sobre o palco, enquanto os corredores subterrâneos, o lago misterioso e a mansão do Fantasma são recriados com minúcia cenográfica, utilizando projeções e truques de luz que intensificam o ambiente gótico.
Os figurinos continuam a ser uma das grandes marcas visuais da produção. Desde os trajes exuberantes de Carlota, interpretada pela portuguesa Lara Martins, até às fantasias espectrais do Fantasma, cada peça de vestuário foi trabalhada com uma atenção ao detalhe que evoca o glamour e a opulência da época. O guarda-roupa reflete a dualidade entre o esplendor da alta sociedade parisiense e o lado sombrio e perturbador da história.
A combinação de cenários móveis, efeitos especiais inovadores e a grandiosidade dos figurinos faz desta versão uma experiência visual tão rica como as que encantaram Broadway e West End durante décadas.
O sucesso do espetáculo em Lisboa não é surpreendente, dado o legado desta produção que já conquistou audiências nos quatro cantos do mundo. O Fantasma da Ópera estreou em 1986 no Her Majesty’s Theatre, no coração do West End, em Londres. Em 1988 chegou à Broadway, onde bateu recordes de longevidade, mantendo-se em cena por 35 anos, até ao encerramento da produção original em abril de 2023. Este musical já foi visto por mais de 160 milhões de pessoas em mais de 46 países e 193 cidades, sendo o espetáculo mais visto de sempre. Lisboa, não foi exceção: o Campo Pequeno estava esgotado e o público não conteve o seu entusiasmo.
Ao final da noite, durante os agradecimentos, Lara Martins partilhou um momento especial com o público, expressando a sua emoção por atuar num palco nacional e por sentir o calor da sua terra. “”Estou há muitos anos ligada a este musical. Já fiz este papel em muitos sítios, desde Londres à Arábia Saudita. E durante estes anos eu tinha um sonho. Um sonho de talvez um dia poder fazer este papel, neste musical, aqui no meu país. Em nome de toda a companhia, muito obrigada! Vocês foram um público incrivel!”, disse a atriz, com visível comoção. As suas palavras ecoaram pelo Campo Pequeno, gerando uma ovação ainda maior por parte da audiência, orgulhosa do talento português em destaque.
Com Andrew Lloyd Webber a assinar a composição musical, não é de admirar que a banda sonora tenha permanecido intemporal. Lloyd Webber, uma das mentes mais prolíficas da história dos musicais, inspirou-se no romance de Gaston Leroux para escrever O Fantasma da Ópera. À época, o compositor era casado com a soprano Sarah Brightman. A beleza vocal e a interpretação de Brightman inspiraram a criação do papel de Christine Daaé, a protagonista feminina. Lloyd Webber desenvolveu a personagem com Sarah em mente, buscando explorar suas qualidades únicas e criar um papel que a destacasse.
Curiosamente, a icónica máscara que o Fantasma usa foi concebida para cobrir apenas metade do rosto, o que não era o plano inicial. Lloyd Webber queria que a máscara cobrisse toda a face, mas dificuldades com a sonorização obrigaram a produção a alterar o design. Esse detalhe acabou por se transformar num dos símbolos mais reconhecíveis do espetáculo. Além disso, a cena do lustre em queda, que assombra o teatro da narrativa, continua a ser uma das mais complicadas de executar tecnicamente, mas também uma das mais espetaculares para o público.
O que torna esta produção tão especial é também a qualidade técnica da mesma. O som esteve irrepreensível, criando uma imersão total na história e elevando o impacto emocional de cada cena. Para o público em Lisboa, as legendas em português facilitaram o acompanhamento da narrativa, garantindo que todos pudessem compreender as nuances da trama, mesmo sem dominar o inglês. E para quem ainda está a pensar em garantir um lugar nas próximas noites, a má notícia é que os bilhetes já estão esgotados — um reflexo claro do enorme sucesso do espetáculo.
O Fantasma da Ópera está em cena no Campo Pequeno, até ao dia 27 de outubro. Já só há bilhetes disponíveis de Mobilidade Condicionada pelo valor de 39 euros.














