Este domingo, atuaram no LAV Lisboa ao Vivo dois dos maiores nomes do prog: Haken e Between The Buried And Me (BTBAM). A noite começou com Cryptodira, uma banda emergente que não se intimidou pelos gigantes e deu boa conta de si.
Cryptodira
Entraram a todo o gás, a puxar pelo público que se fez ouvir em saudações à banda e palmas.
São uma banda fortemente enraizada no hardcore, mais próximos dos BTBAM que dos Haken, e que, como eles, têm nas suas músicas passagens rápidas, jazzísticas e outras melódicas. Num set baseado no seu disco mais recente “The angel of History”, arrancaram com Dante’s Inspiration.
Sempre frenéticos em palco, constantemente a comunicar com o público, fazem um prog em constante mudança e mexem-se em concordância, foi um prazer ver a banda atuar.
“Hyperwealth” foi um excelente exemplo do que são os Cryptodira. O prog, como foi reconhecido pelo vocalista, Scott Acquavella, é um nicho muito pequeno dentro do universo da música. Felicitou todos os presentes por apoiarem as bandas mais pequenas e estarem ali.
Terminaram com “Something Other Than Sacrifice” um set que agradou aos fãs de prog com muito hardcore.
Between The Burried And Me
E eis que ao fim de 13 anos voltam a Portugal. Só cá tinham estado em 2010 no Porto.
A expetativa era grande. A vontade de os ver era imensa. Só de ver Tommy Rogers a montar o seu teclado já arrancaram imensas saudações do público.
Os Between The Buried And Me têm sido uma banda absolutamente camaleónica ao longo dos seus 11 discos. Dentro de cada canção há imensas ideias, variações, partes gritadas, cantadas, solos, mudanças de tempo, tudo para nunca deixar descansar o ouvinte. Um disco dos BTBAM é uma viagem de aventura.
Apesar das raízes hardcore e das vocalizações baseadas neste género, já provaram que são muito mais que isso. Aliás há uma discussão, na internet, sobre o porquê de não figurarem no metal archives, quando já provaram que o merecem.
Vieram com Colors 2 na bagagem. Sendo o Colors de 2007 um dos discos de referência do prog metal é muito arriscado afirmar que se vai fazer algo semelhante.
Isso seria verdade para uma banda inferior. Os BTBAM não deixaram os seus créditos por mãos alheias e fizeram um disco igualmente fabuloso. Sem a presença de Dustie Waring eram 20:40 quando subiram ao palco.
Arrancaram com “Extremophile Elite” do excelente “Paralax II”, disco de 2012. Um palco simples, com o baixista, Dan Briggs a fazer de teclista também. Ao centro, Tommy com o seu teclado e à esquerda Paul Waggoner com a sua Ibanez. Atrás, o polvo, Blake Richardson.
E que grande concerto foi, claro que ter um público de fãs ajuda sempre.
“Revolution in Limbo” com passagem directa para “Fix the error”, duas canções do Color 2 e uns exemplos excelentes do que são os BTBAM. O público gritava a plenos pulmões os refrões, havia braços no ar, ensaiada uma roda de mosh, era uma celebração.
“Bad habits” e “The future is Behind us” com um bom jogo de luzes levou-nos a “Voice of Trespass”, muito mosh, com a passagem “Condemned to the Gallows” cantado pelo LAV inteiro.
Um excelente concerto de uma das bandas mais originais e capazes deste século. Que não demorem 13 anos a voltar.
Haken
A banda inglesa, que já tem entrada no metal archives com toda a justiça, já leva 7 discos, todos com excelentes críticas.
Nunca tinham atuado em Lisboa, mas já tinham estado em Portugal no Comendatio em 2022. Entraram com as suas camisas havaianas alusivas ao disco novo “Fauna”.
Infelizmente colocaram o baixista, Conner Green, atrás do vocalista Ross Jennings, o que tornava difícil vê-lo para quem estava de frente.
“Prosthetic” e “Invasion” arrancaram as hostilidades e logo se percebeu que iria ser um concerto muito participado pelo público.
Ross consegue reproduzir ao vivo as variações vocais e os guitarristas Richard “Hen” Henshall e Charles Griffiths são infalíveis, como já se esperava.
Nenhum músico se lança para o prog sem uma absoluta confiança nas suas qualidades técnicas, não só pela exigência que é preciso para as canções, mas porque pode acontecer ter que tocar depois dos BTBAM e é preciso coragem para isso.
Os Haken demonstraram que são um dos grandes nomes atuais. As novas “Alphabet of Me” e “Lovebite” (com uma parte que lembra Police), que Ross confessou ser o mais próximo de uma canção de amor que vão fazer, demonstram mais uma mutação da banda. Mas, o peso tem que estar presente e “Taurus”, criou uma pequena roda de mosh com alguns fãs mais entusiastas, com a sua entrada esmagadora.
O inevitável “The Mountain” teria que ser visitado e “Falling back to earth” levou-nos ao prog com influências dos anos 70.
Como nos anos 80 também havia prog e os Haken resolveram fazer “Affinity”. Este disco foi construído com base nas bandas dessa década. “The endless knot” serviu como amostra deste disco, podiam ter tocado a 1985, mas não tocaram, foi pena.
Voltaram a “Virus” para tocar “Messiah Complex” na sua totalidade. Um grande concerto, numa grande noite de prog.
