
Assistimos a momentos de nervosismo, pelo medo e anseio que invade o estado de espírito dos polícias ou assassinos(?!). Em palco estão apenas dois atores que esperam a chegada de alguém, sem hora marcada, para matar, a partir de um telhado/topo de um prédio. Entretanto, vão conversando. O texto é hilariante pela diversidade de temas que aborda, desde arte, saúde, futebol, sexo, família, política até sentimentos de ciúme, desespero, tentativa de suicídio e arrependimento sobre o que acontece na vida dos atores, de dia para dia, de mês para mês, de ano para ano, chegando à atualidade. As redes sociais (os “likes” e as “selfs”), as séries televisivas, os reality show estão no topo da conversa e ela seduz-nos porque também nós somos atores nesta realidade. Tudo é questionado. Os problemas de saúde (as depressões) no mundo, e a capacidade para os controlar. Os cérebros que estão todos a sair do país, mas para os quais temos soluções, tal como o empreendedorismo, as start-up e os flash-flow.
Cantam, num registo perto do musical da Broadway, o bonito, leve e revigorante tema “Se só tivesses uma bala em quem davas um balázio?”
São 90 minutos que nos deixam presos do início ao fim a uma conversa inicialmente desconcertante e depois empolgante, enquanto esperamos a chegada da vítima que se há-de aproximar do prédio.
Somos surpreendidos pelo desfecho, porque gostámos e queremos que a conversa não termine!Uma comédia sobre a condição humana que surpreende todos os dias e proporciona momentos maravilhosos de amor e amizade.
Tiro e Queda é uma produção da UAU, em cena no Teatro Tivoli BBVA, de quinta-feira a sábado, às 21h30 e ao domingo às 16h30. Os bilhetes custam entre 12 e 18 euros. Às quintas-feiras, têm preço único de 10 euros, sem marcação de lugar.
Reportagem de Isabel Pedrosa, fotografias cedidas pela UAU