Euforia De Franz Ferdinand E levitação De Air Terminam Festival Paredes De Coura

Reportagem de António Parra (Fotografias) e Beatriz Lira (Texto)

Franz Ferdinand - Paredes de Coura
Franz Ferdinand

PParedes de Coura lotou no último dia: à abertura de portas, o recinto já estava bem composto.

No palco principal, Ana Frango Elétrico atuou para uma multidão pronta para dançar tanto ou mais do que a própria artista – sim, porque Ana Frango Elétrico andou aos pinotes e até tocou piano com a testa. É daquelas coisas que só acontecem no couraíso.

Com um pouco mais de sombra a cobrir a maior parte do recinto, os DIIV subiram ao palco e, sem mais do que um “olá” ou um “obrigado”, elevaram a fasquia num concerto marcante e brilhante. O indie rock e o showgaze transmitiram-se para a plateia em forma de moches e headbanging: o que o público de Coura quer e gosta (muito). “America is the great Satan” aparecia no ecrã, com muitas outras mensagens de crítica à política mundial atual, recebendo vários aplausos e assobios em concordância. Foi um dos momentos deste último dia, deixando quem não os conhecia, bastante curioso, e quem já tinha aquela paixão, ainda mais apaixonado.

Sharon Van Etten chegou a Paredes de Coura com a banda The Attachment Theory, com quem editou um álbum no início deste ano, para um concerto como deve de ser. Vestida de preto, com um ar até meio gótico e misterioso, abriu com “Live Forever”, primeira canção deste disco, e marcada por sintetizadores e uma batida eletrónica em crescendo, com uma clássica explosão perto do fim. A partir daí, percorreram este novo álbum, sem desiludir, nem um pouco. “Seventeen” foi a última música e um momento de grandes vibrações no público, onde se soltaram vozes a acompanhar a vocalista, braços no ar e abraços em grupo dos amigos e das famílias. “I Used to Be Seventeen” ecoava no recinto, numa espécie de saudade pelo que já aconteceu, e com uma certa esperança para o futuro. Esta sensação de liberdade e felicidade, que acontece em concertos como este, não é nova para quem está habituado a Paredes de Coura.

O último dia do festival fez-se de concertos e nomes que nos vão ficar na memória. É o caso de Air, a dupla francesa, que nos fez flutuar, sonhar, deambular e viajar pelas estradas da imaginação. Num concerto belo e inspirador, a banda conseguiu colar cada festivaleiro ao palco, do início ao fim, com temas como “Highschool Lover”, “Sexy Boy”, “Kelly Touch the Stars”, “Cherry Blossom Girl” e “Playground Love”. Com a quantidade certa de ousadia e inteligência musical, Air foram a definição de qualidade, pureza e simplicidade, aliada a visuais que encaixaram na perfeição. Tudo isto se transmitiu para o público ideal, que esteve atento a cada nota dada, e preparado para, a qualquer segundo, levitar.

O cabeça de cartaz desta edição de 2025 pisou o palco perante uma plateia ansiosa e inquieta, que se ia preparando para o fim de mais um ano. Fim este que ficou assinalado pelo sólido e certeiro concerto de Franz Ferdinand, uma banda que soube criar condições para tudo aquilo que este festival é: energia, magia, amor, êxtase e bons concertos.

A banda escocesa recordou as memórias em Portugal e, numa espécie de agradecimento pelo público “fantástico desta noite”, como considerou o vocalista, Alex Kapranos, ouviram-se os grandes hits, como “Walk Away”, “No You Girls” e “The Dark of The Matinée. Contudo, a clássica “Take Me Out” transportou todo o recinto para uma bolha de alegria e felicidade, capaz de resolver todos os problemas. Viram-se moches, crowdsurfing, abraços, saltos, palmas, grandes gritos e um coro infinito que atravessava o recinto. O resto caiu no esquecimento, inevitavelmente.

No dia do aniversário do baixista da banda, Bob Hardy, Franz Ferdinand encerraram o festival com “Burn This City”, cumprindo bem o papel que lhes foi atribuído.

O último dia teve no palco secundário Cassete Pirata como primeira atuação, seguindo-se Chastity Belt, Hinds, Warmduscher e Lander & Adriaan. A encerrar, definitivamente, esta edição, esteve Gurriers e Xinobi.

A 32ª edição do Vodafone Paredes de Coura esgotou os passes gerais, sendo que passaram pelo festival cerca de 120 mil pessoas. João Carvalho, o diretor da Ritmos, afirmou na conferência de imprensa de balanço do festival, que, “Esta edição vai ficar na história”.

A edição de 2026 já está confirmada, e vai decorrer nos dias 12, 13, 14 e 15 de agosto.

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