Na segunda noite do Festival Santa Casa Alfama, as mulheres foram as grandes protagonistas, especialmente no palco principal – Palco Santa Casa, com Aldina Duarte, As Divas e Dulce Pontes, e nem o frio e o vento que se fizeram sentir intensamente afastaram o público, que aqui acorreu.
O concerto mais aguardado desta segunda noite era talvez o de Dulce Pontes, que regressou à Capital para um concerto muito especial, e para o qual convidou Ricardo Ribeiro.
Mais uma vez Dulce Pontes brindou-nos com um grande momento musical, de homenagem à música tradicional portuguesa. Com grande parte dos temas a irem buscar inspiração ao cancioneiro tradicional português, a artista levou-nos numa viagem às raízes da nossa música.
“Barquinha”, “Laranjinha”, “Soledad”, “Júlia Galdéria” foram alguns dos temas que abriraram a noite. Depois foi a vez de entrar em palco Ricardo Ribeiro, que interpretou “Oração” e “Olhos Estranhos”, Dulce Pontes juntou – se a ele para a “Valsa da Libertação” e “Ai Solidão”. O concerto prosseguiu com Dulce, em ritmo animado e com o público a acompanhar.
Para o fim ficaram guardadas algumas canções de folclore, como “Senhora do Almortão”, entre outras, com direito a dança e tudo, e a icónica “Canção do Mar”, em dueto, e o público em pé a cantar e aplaudir.
Mas o público não se deixou ficar por aqui e pediu a Dulce para voltar, e a artista natural do Montijo não se fez rogada e voltou para um encore muito especial, em que cantou músicas que o público pediu, como “Laurindinha” e para despedida “Lusitana Paixão” à capella e acompanhada pelo público.
Fechando assim com chave de ouro mais uma edição do festival dedicado ao Fado.
Outro grande concerto desta segunda noite, foi o concerto das Divas com Maria da Nazaré, Maria Armanda, Alexandra e Lenita Gentil que se fizeram acompanhar de Ângelo Freire na guitarra portuguesa.
Durante cerca de uma hora ouviram-se temas como “Bia da Mouraria”, “Fado Mayer”, Alexandra interpretou “Amor Maior ” da autoria de Jorge Fernando e que contou com a ajuda do público; E Lenita Gentil trouxe os fados “Estranha Contradição “, “Tarde Triste Campo Pequeno ” e a fechar “Chamava se Carmencita. Para despedida as “Divas subiram ao palco juntas”, para um tema final.
Criado especialmente para o festival foi o vÍdeo mapping dedicado a Max, projetado na fachada do Terminal de Cruzeiros, com duas sessões diárias.
Pelos restantes palcos, distribuídos pelas ruas de Alfama, o fado voltou a ser a atracção principal, indepententemente da voz que o interpretava, mesmo assim, alguns nomes de respeito ouviram-se pelos palcos secundários.
Matilde Cid e Zé Maria atuaram no Palco Amália; Mafalda Vasques e Eduardo Batista, Ana Marta e Lino Ramos atuaram no Palco Santa Maria Maior; no Palco do Público a jovem promessa Tomás Marques e outras vozes amadoras fizeram as honras da casa, com destaque para o veterano Professor José Fialho.
Pelo palco Bogani passaram António Varela e Nuno de Aguiar; enquanto Maria Ana Bobone e Ana Sofia Varela atuaram na Igreja de São Miguel. Destaque ainda para o palco do Centro Cultural Dr. Magalhães Lima que recebeu José Manuel Neto que convidou Rão Kyao e AGIR.
Nestes dois dias ainda se pôde ver e ouvir a Marcha de Alfama e alunos da Escola do Fado Clube Lisboa Amigos do Fado de Marvila, entre outros nomes.
Num festival que vive do Bairro de Alfama, cenário natural do festival, e da música, o Fado voltou a ser rei e a dar provas da sua intemporalidade. Segundo a organização passaram pelo Santa Casa Alfama cerca de 4 mil pessoas por dia (fora os transeuntes que passavam e acabavam por ficar por lá).
O Santa Casa Alfama regressa para mais uma edição em 2023, provavelmente a 22 e 23 de setembro.
