MC Don Juan e Kevinho, estrelas do funk carioca foram quem maior atenção recebeu no último dia do festival O Sol da Caparica. Carlão, Plutónio e Barbara Bandeira também chamaram muita gente ao recinto.
A edição de 2022 ficou marcada pelas críticas do público. No último dia, esteve em causa a alteração de horários de atuações, anunciada no próprio dia, pouco antes da abertura de portas.
Os Quatro e Meia também fizeram questão de manifestar publicamente a sua posição em relação à organização do festival. Ao terminar a atuação, referiram a “falta de respeito com que vários músicos durante este festival foram tratados e muito do público foi tratado”.
José Cid abriu o palco principal com um concerto que agradou a todos os que assistiam. A boa disposição reinou neste início de tarde. Aos 80 anos, o cantor, compositor e músico da Chamusca explora não só o seu reportório, como ainda faz homenagem a ritmos que aprecia, como o rock, numa incursão a versões como “Born to be Wild” ou malhas de John Lee Hooker. Abriu ainda espaço a convidados. Um deles, Mário Mata, que pôs toda a gente a cantar “Não Há Nada para Ninguém”.
Yuri NR5, foi mais um dos nomes do catálogo Bridgetown a atuar no festival O Sol da Caparica. O rapper arrancou logo a “levantar poeira” com “Ganda Moca”.
O funk, estilo musical oriundo das favelas do estado do Rio de Janeiro, no Brasil chegou primeiro ao palco principal pela mão de MC Don Juan. Pelo histerismo dos muitos que preenchiam o recinto, percebia-se que a adesão ao fenómeno é gigante. A atuação começou com o Dj Buguinha, a aquecer as massas. Quando Don Juan entrou, a gritaria foi ainda mais estridente.
Do outro lado do recinto, Papillon entrou com uma plateia muito reduzida, mas que rapidamente cresceu e se transformou numa multidão enorme, a acompanhar os seus temas. “Camadas”, “Nunca Pares” (o tema gravado por Slow J e Stereossauro – que conta com Papillon e Plutónio) e “Iminente” foram alguns dos conhecidos temas, cantados por todos. “Espero que se divirtam tanto quanto eu” disse.
Tiago Bettencourt deu um intervalo e algum descanso ao funk brasileiro, com a música portuguesa. Com uma carreira ampla e reconhecida pelo grande público, o músico passou por alguns dos seus temas originais. Ainda apresentou “Viagens”, o último single do novo álbum, que segundo o próprio “fala de partidas, de regressos, do que vocês quiserem”.
O funk voltou a tomar conta do palco principal e, desta vez, com um dos seus principais embaixadores: Kevinho. O artista brasileiro foi operado recentemente e, por essa razão , encontra-se de cadeira de rodas. Pediu muitas desculpas pela situação, “não estou a fazer o show como queria”, mas com recurso a vários colaboradores, conseguiu movimentar-se pelo palco e até, por vários momentos, pôr-se de pé. A atuação, à qual não faltou muita animação, contou com a participação surpresa da sua mãe.
Sueli Azevedo, surgiu em palco, a dançar enquanto Kevinho cantava “Uma Nora Pra Cada Dia”. O artista fez questão de dizer que ia compensar o público da sua imobilidade, com muito vídeos no instagram!
Distribuiu t-shirts, prestou homenagem à cantora Marília Mendonça, que faleceu em novembro de 2021, numa queda de avião e foi ao funk também da cantora Anitta, com quem assina alguns temas, para completar a sua atuação.
Seguiram-se Os Quatro e Meia, numa atuação exemplar, mas reduzida a cerca de meia hora. Não quiseram perturbar a agenda dos cantores seguintes, e fizeram questão de expressar as suas críticas à organização, de forma pública. “Tempo” e “Bom Rapaz” fizeram parte desta curta e bem disposta apresentação.
O sucesso de Nenny continua a ganhar dimensão e no Sol da Caparica, com tantos representantes da nova geração, sentiu-se o à vontade da cantora em palco. Abriu com os temas “21” e “Lion” e manteve sempre a interação com o público, durante o concerto, sem deixar cair o ritmo.
Carlão, filho da terra, trouxe um alinhamento muito dinâmco para este festival, cheio de temas muito curtos e cheios de energia. “É sempre bom estar neste palco, na margem certa” disse no início da atuação. “Contigo”, “O Tais”, “Topo do Mundo”, “1986” foram algumas das canções escolhidas e para todas elas, Carlão acrescentava um comentário ou uma explicação. No curtíssimo “A Noite” Carlão cumprimentou Marisa Liz, que estava no fosso a ver o concerto. A artista foi a correr ao backstage e ainda entrou em palco a tempo de assistirmos todos a um inesperado e emotivo momento. Depois de “Bandida” e Carlão avisou que ia baixar a Ivete Sangalo que existe nele e ia avançar para o momento “tira-o-pé-do-chão” com “Assobia para o lado”. Como o próprio referiu, durante o concerto “Foi quase tão bom, como…”
Barbara Bandeira fechou o palco principal, no último dia do festival, a pedir desculpa pela alteração de horário e principalmente a quem não tinha conseguido ficar até tão tarde. A cantora entrou em palco pelas duas da manhã e terça-feira era dia de trabalho, para muitos. Quem pode ficar vibrou com “Nem Sequer Doeu”, “Friendzone” e “Como eu”, entre outras.
Foram cinco dias consecutivos de festival, na Costa da Caparica numa maratona de artistas da lusofonia. As reportagens dos dias anteriores:
- Wet Bed Gang, Calema E Julinho KSD Foram As Estrelas da Primeira Noite De Festival O Sol Da Caparica
- Sol Da Caparica Dança Kizomba, Hip Hop E Rock
- Enchente no Sol da Caparica Para Ver ProfJam, Plutónio, Sam the Kid e Branko
- Poesia Acústica E Chico Da Tina Foram Os Fenómenos Do Quarto Dia Do Sol Da Caparica
