Quem disse que o heavy metal é só malta zangada com a vida e raivosa? É uma completa mentira, são pessoas bem dispostas e com grande sentido de humor. Este humor foi homenageado e demonstrado na noite de ontem, no LAV, com duas brilhantes bandas: The Night Flight Orchestra e Tragedy.
Se procuravam entretenimento sofisticado e requintado, então estão no sítio errado. Esta noite foi toda sobre festa e começou com nota alta com os Tragedy. Fazendo a ponte entre a disco e o heavy metal, os Tragedy interpretam músicas dos Bee Gees num estilo hair metal e heavy metal clássico.
Composta por cinco membros (mais Lance, o rapaz das toalhas) com muito (mesmo muito) glitter e trajes brilhantes, os Tragedy apresentaram um set de dez músicas com clássicos dos Bee Gees, incluindo ‘Tragedy’, ‘How Deep Is Your Love?’ e ‘Stayin’ Alive’, mas também houve versões heavy metal de músicas da banda sonora de Grease com duas bonecas insufláveis a recordar o amor do filme, ABBA, um mashup ridiculamente divertido de ‘It’s Raining Men’ das Weather Girls e ‘Raining Blood’ dos Slayer e uma homenagem a Neil Diamond com ‘Sweet Caroline’.
Lance passeia-se pelo palco e pelo meio do público criando uma performance própria.
Houve muitos vocais em falsete, parvoíces no palco e humor jocoso. Os Tragedy podem ser uma banda de covers com um chamariz absurdo, mas foi um set de 45 minutos altamente divertido com uma grande habilidade musical e uma grande ligação ao público que lá foi aplaudindo entre canções. Esperava-se maior colaboração, mas foi uma ótima maneira de preparar o público para a festa de AOR que estava por vir.
Quando elementos das bandas de death metal Arch Enemy e Soilwork se juntam o que poderia resultar?
Obviamente, uma grande homenagem pela música de AOR dos anos 70 e 80. A banda é uma ode a essa era e a grupos como Journey, Toto e Foreigner, mas com uma grande pitada de música pop sueca e uma estética adicional de companhia aérea. Pode parecer uma fórmula estranha, mas funciona e a The Night Flight Orchestra é facilmente uma das minhas bandas favoritas.
A banda tem uma energia incrível no palco, composta por oito membros no total: Bjorn “Speed” Strid como vocalista, Anna Brygård e Åsa Lundman nos back vocals, Rasmus Ehrnborn nas guitarras, Sharlee D’Angelo no baixo, Jonas Källsbäck na bateria e Sebastian Forslund nas guitarras e percussão.
As performances foram muito boas e Speed provou mais uma vez que é um grande vocalista.
Quem nunca o viu com os Soilwork ou com a Paula Teles teve aqui a oportunidade de ver como deve ser um frontman. Vestido com uma capa de platina, medalhas de aviador, uma boina e óculos escuros, espalhou uma energia que contagiou o público e pôs, a sala do LAV que estava a meio, a mexer sem parar.
O set em si foi uma excelente mistura de material novo e antigo, com muitas músicas do novo álbum, como “Stratus”, “Paloma” e “Way To Spend The Night”, bem como os clássicos “Divinyls”, “White Jeans”, “Domino” e “Gemini”, além de faixas antigas como “California Morning” e “Transatlantic Blues”.
A banda estava a divertir-se imenso e a audiência ainda mais, com muitos sing along e danças. A atmosfera era eletrizante, com todos na sala claramente a curtirem imenso.
A banda terminou com ‘West Ruth Ave’ e, como é tradição, fizeram um comboio pela sala apenas para esgotar a última energia de todos.
Pela reação esmagadora a este concerto, acho que todos podemos concordar que esta foi uma grande festa de sábado à noite, mas na quarta feira, e certamente estou ansioso pela próxima vez que puder fazer um comboio com a The Night Flight Orchestra.
